O piloto Cacá Bueno, pentacampeão da Stock Car, falou com exclusividade ao Bella Macchina do Portal Terceiro Tempo nesta semana, destacando a vitória obtida no último domingo (22) na corrida principal, na rodada dupla que foi disputada no Velopark, em Nova Santa Rita (RS), o que fez com que ele subisse do sétimo para o segundo lugar no campeonato. Foi a 36ª vitória de Cacá na Stock. 

Falando em campeonato, Daniel Serra, vencedor da segunda bateria, chegou a 80 pontos, e Cacá (oitavo na corrida 2) está com 65.

Em sua segunda temporada pela Cimed Racing, Cacá Bueno mencionou a dificuldade de adaptação à equipe, mas ponderou a respeito do progresso obtido em 2018, desde a Corrida de Duplas, quando dividiu o carro #0 com Felipe Massa, ocasião em que um problema de cabo de vela impediu pontos certos, possivelmente suficientes para que ele estivesse na liderança do certame, e a pole e vitória no Velopark, devolvendo a ele a condição de protagonista na luta pelo hexacampeonato da Stock.

VOLTAR A SER PROTAGONISTA

"É necessário que os adversários tenham um pouco de respeito e um pouco de medo pelo que a gente pode fazer".

— Esse era o objetivo. No ano passado nós ficamos um pouco perdidos, não estavamos encontrando a maneira certa de trabalhar e mais importante que a vitória, que, claro, tem um significado de trazer a confiança de volta, é a de ser protagonista. Isso não quer dizer que vou ser campeão no final do ano, mas de estar mais presente nas brigas por pole-positions, no pódio, na briga pelo campeonato e continuar sendo uma referência durante o ano e não ser o piloto a ser batido, mas estar entre os pilotos a serem apontados como favoritos no fim do ano e isso é ser protagonista é o que estava faltando um pouco pra gente, não só uma consistência que a gente vinha conseguindo ao longo da última temporada, mas com falta de performance, que era necessária. É necessária a confiança da equipe, é necessário que os adversários tenham um pouco de respeito e um pouco de medo pelo que a gente pode fazer, então voltar a ser protagonista é confortante e o Velopark foi um bom sinal disso, de que estamos reencontrando o caminho.

2017 DIFÍCIL

"Foi um problema real, em que a minha maneira de trabalhar era bem diferente da maneira de minha equipe."

— Eu passei por um período muito difícil de adaptação com o novo time (em 2017). Em outros momentos eu troquei de equipe e não tive nenhum problema de adaptação, outros pilotos também fizeram e não tiveram mas eu senti, foi um problema real, em que a minha maneira de trabalhar era bem diferente da maneira de minha equipe, do meu engenheiro, e a gente não conseguiu trilhar um caminho certo. Várias vezes buscavamos uma direção, desistíamos, retomavamos, tomava outra direção e as coisas não vinham fluindo. E, neste ano, em Interlagos, a gente viu que estava no caminho certo, e é importante vir uma vitória com pole-position para comprovar que este caminho é o correto, e precisamos lapidar ele e que isso vai dar bons frutos lá na frente. 

RECORDISTA DE POLES NO VELOPARK (SEIS).

"Eu me sinto à vontade na pista (...), talvez seja por eu dividir essa paixão que eles (gaúchos) tem com o automobilismo."

— É difícil saber exatamente o porquê de fazer tanta pole no Velopark. É uma pista travada onde o motor não faz tanta diferença, então se um dia você está com um motor ruim ou um carro que não anda tanto de reta não vai complicar tanto a tua vida. Então é um circuito um pouco diferente dos demais, por isso é uma vitória que anima, traz confiança mas não é o significado de que a gente possa ganhar o campeonato deste ano porque a maioria das pistas é completamente diferente do que é o Velopark. Talvez Londrina seja a que mais se assemelhe do que é o Velopark. Mas o motivo dessas poles eu não sei (risos). Eu me sinto à vontade na pista, costumo brincar com o pessoal do Rio Grande do Sul, talvez seja por eu dividir essa paixão que eles tem com o automobilismo. As coisas fluem mais naturalmente lá, eu vou com outra disposição, outra energia lá no Velopark.

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA STOCK

"Talvez existam fórmulas melhores, algumas eu não concordo, como colocar todo mundo ao mesmo tempo na pista."

— Se a gente conseguir melhorar o regulamento talvez até tenha um formato melhor. Tinha chovido antes da classificação (no Velopark), não estava mais chovendo, aliás não estava com `cara´de que iria chover de novo, e a pista estava secando. E eu não vi nenhum piloto do segundo grupo, nenhum mesmo, ir lá e reclamar dizendo `olha, gente, a pista vai secar e vai favorecer o segundo grupo e o primeiro grupo vai ficar todo de fora´. Talvez existam fórmulas melhores, algumas eu não concordo, como a de colocar todo mundo ao mesmo tempo na pista. A volta no Velopark é feita em pouco mais de 50 segundos. Há vários outros circuitos, como Cascavel, Londrina e Tarumã que são muito curtos para você colocar 32, 33 carros de Stock Car ao mesmo tempo para classificar, não tem espaço físico para isso. A F1, por exemplo tem mais tempo de classificação, são 20 carros, em pistas mais largas e muito maiores, cinco, seis quilômetros até, então lá é possível. No meu pensamento, o que poderíamos fazer de diferente é não termos os grupos 1 e 2 formado por pares e ímpares, mas os 15 primeiros colocados entrando e depois os demais, assim, se um dia um grupo fosse prejudicado, que pelo menos o primeiro, segundo, terceiro no campeonato, fossem todos prejudicados no mesmo final de semana, seria pelo menos uma forma mais equilibrada.

MANTER A REGULARIDADE

"Subir no pódio em uma corrida, e estar no top-10 na outra, sem dúvida é o que estamos buscando."

— Era para a gente ter mais pontos no campeonato mesmo. Lembrando que na primeira prova, em Interlagos (Corrida de Duplas), a gente largou em 11º, coisa que acontece na Stock Car. O próprio Daniel Serra nesta etapa no Velopark largou em 12º e é o líder do campeonato. Regularidade é muito importante. Em São Paulo eu larguei em 11º mas já vinha brigando pela segunda posição na metade da corrida quando entreguei o carro ao Felipe (Massa) e a gente teve um problema em um cabo de vela, que deixou o carro com sete cilindros e o resultado normal era ter terminado entre os cinco primeiros, o que nos daria a liderança do campeonato, mas não existe o tal do `se´, que ainda não aconteceu com o Daniel Serra, ele vem em uma maré muito favorável, talvez o momento que ele ficou mais perto de perder a liderança do campeonato nestes últimos meses, desde o ano passado, foi logo depois da primeira corrida no Velopark, que nós ficamos empatados mas na segunda (corrida) ele abriu um pouco mas ainda tem muita coisa para acontecer, são mais nove finais de semana e o importante é manter a regularidade. Subir no pódio em uma corrida e estar no top-10 na outra sem dúvida é o que estamos buscando. Em 2002 eu ganhei três corridas e não ganhei o campeonato e em 2003 eu ganhei só uma e fui campeão, então a regularidade é até mais importante que a vitória. Mas a vitória sempre vem muito bem para te dar tranquilidade para trabalhar e isso foi especial no Velopark, a hora certa para dar tranquilidade para dar continuidade ao trabalho.

OUTROS TEMAS...

Cacá Bueno, que participou da 100ª edição do Bella Macchina, em 2017 (veja),  também falou sobre as características do circuito de Londrina, no norte paranaense, próxima etapa da Stock Car, que acontece no dia 6 de maio, em rodada dupla. Ele venceu a prova em quatro oportunidades, uma delas, em 2002, seu ano de estreia na categoria, tendo ao seu lado no pódio outras duas lendas do automobilismo brasileiro: Ingo Hoffmann e Paulo Gomes.

O piloto da Cimed Racing também detalhou a pressão que sofreu de Ricardo Zonta nas voltas finais no Velopark e fez um balanço do começo de temporada da F1, que no próximo domingo (29) terá a quarta etapa do campeoonato, no circuito urbano de Baku (Azerbaijão), destacando o progresso de Vettel com a Ferrari mas considerando que a Mercedes, com Hamilton, ainda seja favorita ao título.

ABAIXO, O ÁUDIO COMPLETO DE CACÁ BUENO A MARCOS JÚNIOR MICHELETTI PARA O BELLA MACCHINA DO PORTAL TERCEIRO TEMPO

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