Uma tarde fria no Kartódromo da Granja Viana, região oeste da Grande São Paulo. O termomêtro aponta 13º C, mas o vento cortante dá uma sensação térmica de cinco graus a menos.

Às 14h20 do dia 29 de julho de 2014, guiando seu próprio carro, Emerson Fittipaldi parece sozinho ao passar pela ampla área de estacionamento do kartódromo inaugurado em 1996 pela família Giaffone.

Somente após abrir a porta e desvencilhar-se do cinto é que foi possível visualizar que no interior do veículo estava o pequeno Emo Fittipaldi, de 7 anos, filho do bicampeão com sua atual esposa, Rossana Fanucchi, mãe de sua filha caçula, Vittoria, de 3 anos.

O menino desce ao lado do pai, de mãos dadas, e se encaminha com ele até os boxes para, ali mesmo, colocar seu macacão estampado com bordados alusivos às 6 Horas de São Paulo, prova de endurance idealizada e organizada por Emerson Fittipaldi desde 2012 em Interlagos.

O preparador do kart de Emo faz os últimos ajustes e recomenda cautela na primeira volta, pois os pneus ainda estarão frios para que o pequeno percorra o traçado de "pé embaixo".

Emerson, aos 67 anos, com a experiência de um bicampeão mundial de Fórmula 1, campeão da Indy e duas vezes vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, reitera a dica do preparador sobre o aquecimento dos pneus e vai além.

"Não tem problema se sair um pouco da pista, rodar. Tem espaço nas curvas e você pode corrigir isso", diz Emerson.

Com um capacete com as mesmas cores daquele utilizado por Emerson, com grafismos mais modernos, Emo deixa os boxes, olha atentamente para entrar na pista, pois há outros pilotos treinando, e faz algumas voltas. Emerson, a esta altura, já está em uma espécie de mezanino, que dá uma ampla visão do circuito. E, com um cronômetro em punho, vai marcando volta a volta o desempenho do pequeno Fittipaldi.

Emo retorna aos boxes após umas dez voltas, sem qualquer pedido de seu mecânico ou problema aparente. Emerson, vestindo um sobretudo cinza escuro, vai até o pit-lane encontrá-lo para perguntar o motivo da parada.

O menino, que começou no kart há menos de um ano, queria saber como estavam seus tempos, e aquilo que deveria fazer para melhorar.

"Pode subir mais na zebra, antes da entrada do miolo. Seus tempos nas últimas voltas já estão bem melhores que no começo. Fazia tempo que você não guiava", avalia Emerson.

Intrigado com os "fiapos" de borracha dos pneus dianteiros, Emerson explica que isso é normal com o aquecimento e desgaste.

"É por isso que eu perdi tempo e quase rodei", atesta Emo.

"Nada disso, não vem com desculpa de piloto. Vai lá e acelera!", responde o pai, rindo muito.

Para Emerson, por enquanto, o kart é uma brincadeira para o filho, mas considera possíveis e importantes os aconselhamentos.

"Acho que sempre dá pra passar dica, acho que é importante que ele tenha os princípios, se dedicar ao esporte, ter paixão, ter amor pelo esporte e, a partir daí, na hora em que você começa a andar, aprender a técnica de pilotar, derrapar o carro, sentir o limite dele e do kart. É muito no princípio, quase uma brincadeira e você nunca poder tirar a brincadeira, apesar de eu querer que ele leve a sério, mas ele só tem 7 anos", pondera Emerson, sorrindo e com os olhos marejados.

Emo, minutos antes de entrar na pista para as primeiras voltas, após ouvir os conselhos do pai e do preparador de seu kart. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

Aquecendo os pneus na primeira volta. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

Emo corre com um capacete com as mesmas cores e grafismos daquele utilizado pelo pai. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

Na tomada da última curva antes da reta principal. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

Fechando mais uma volta, na casa dos 48 segundos. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

Freada forte para contornar a curva 1 do Kartódromo da Granja Viana. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

Emerson observa o filho na tomada da curva 1, após a reta dos boxes do Kartódromo da Granja Viana. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

Emo volta aos boxes. Emerson se aproxima para conversar com o filho. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

O menino queria saber os tempos que havia feito. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

Conselhos do pai para o pequeno Emo antes do menino retornar à pista. Foto: Marcos Júnior/Portal TT

Emerson sorri ao ouvir o filho dizer que fez uma curva de "pé embaixo". Foto: Marcos Júnior/Portal TT

ABAIXO, A ENTREVISTA COMPLETA COM EMERSON FITTIPALDI

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