É claro que é muito cedo.
E bota cedo nisso.
Mas que bom seria.
Afinal, já passou da hora de o Nordeste ser também protagonista e não mais mero fornecedor de craques para os times de São Paulo e para os outrora grandes do Rio.
Vavá, Almir, Rivaldo, Ramon, Babá, Ademir Queixada, Marinho Chagas, Luís Pereira, Bebeto, Zagallo, os dois Didas, Edilson e outros “milhares” de jogadores tiveram que deixar a região em busca de reconhecimento, fama, dinheiro e seleção.
Jogando fora do eixo Rio-São Paulo, a CBD nos anos 50 e 60 “proibia” a convocação desses “estrangeiros do país”.
E o Recife é uma cidade heroica.
Pequena perante as gigantes do Sul, há “séculos” mantém muito vivos seus aguerridos três times.
Náutico do Duque-65, Sport-87 e o Santa Cruz-75, foram excelentes e marcaram épocas, isoladas.
Assim como o Bahia-59 e 88, este sim um bicampeão brasileiro.
E o Vitória-BA, vice-campeão do Brasil de 1993?
Parabéns a todos, mas foi e é muito pouco.
Veremos agora até onde irão o fogo e o fôlego do querido Santinha.
Tão querido que ganhou até um pequeno poema na quarta-feira após os implacáveis 4 a 1 para cima do atual desvalorizado e meio sumido Cruzeiro.
“Na terra do Cruzeiro, em Minas Gerais, tem queijo.
Aqui no Recife temos cuscuz.
E enquanto você lê aqui estas rápidas palavras, gol do Santa Cruz!”.
É bom isso, muito bom o entusiasmo, mesmo que fugaz seja, da maravilhosa torcida do Santinha, até outro dia na Série D.
É uma novidade, das mais adoráveis.
E chega de mesmices.
Do sobe e desce do Santos e do Palmeiras.
Dos escândalos da CBF e de cartolas de times verde, tricolor e da Vila.
Das denúncias nas divisões de base do futebol brasileiro.
Da ojeriza que Marco Polo Del Nero tem de aviões, aeroportos, jatinhos, check-in, gates, pilotos, aterrisagens e decolagens.
Da ruindade da nossa seleção.
Do organizado e solidário futebol carioca que tem um ping-pong perfeito: todo ano sobe um grande e todo ano desce outro grande.
Dolorido, mas verdadeiro este bate-volta dos antigos grandões do “Estado da Guanabara”.
Assim, sejamos todos Santa Cruz!
Como fomos todos Inter de Limeira-86, Bragantino-90, América-RJ-60, Bangu-66, Siderúrgica-1964, Coritiba-1985 e os heróis Paulista de Jundiaí-2005 e Santo André-2004 que ousaram ganhar a Copa do Brasil.
Viva a novidade!
Viva o diferente!
Seja sempre bem-vinda, santa zebra!
Venha sempre para o gol, querido improvável!
Sem vocês, o futebol morre.
O imponderável é o grande oxigênio da bola e o único craque melhor do que Pelé.
Assim, boa sorte, Santa Cruz!
Mesmo que não dê, o que é mais provável.
Mas, numa dessas, por que não se pode escrever uma bela e nova história de uma cobra coral liderando nosso futebol hoje de Série B do cenário internacional?
Aí será uma história que ninguém jamais apagará, mesmo que escrita com grafite.
Foto: UOL
Milton Neves Filho, nasceu em Muzambinho-MG, no dia 6 de agosto de 1951.
É publicitário e jornalista profissional diplomado. Iniciou a carreira em 1968, aos 17 anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal.
Trabalhou na Rádio Colombo, em Curitiba-PR, em 1971 e na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo, de 1972 a 2005. Atualmente, Milton Neves apresenta os programas "Terceiro Tempo?, "Domingo Esportivo? e "Concentraç&atild... Saiba Mais
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