Heitor Perroca

Ex-goleiro do Corinthians
Heitor, o Heitor Amorim Perroca, goleiro do Corinthians entre 1963 a 1966, foi durante muitos anos Ministro Ancião da Fé da religião Testemunhas de Jeová. Heitor morreu no dia 14 de agosto de 2018, aos 77 anos, em Ubatuba-SP, vítima de insuficiência cardíaca. Ele era casado, pai de três filhos e avô de três netos.

Heitor, que pregou a palavra de Cristo em igrejas do Vale do Paraíba quando morava em São José dos Campos (SP) e em templos cristãos das cidades de Sapiranga (RS) e Novo Hamburgo (RS), residiu também em Curitiba (PR), onde fazia seu trabalho de Testemunha de Jeová.

Em sua vitoriosa carreira, jogou também no São Cristóvão (RJ), Juventus (SP), Água Verde (PR) e na seleção brasileira no Panamericano de 1963.

Com a camisa amarelinha, foram apenas dois jogos (2 vitórias) e um gol sofrido. No dia 24 de abril de 1963, um 3x1 contra o Uruguai, e no dia 30 de abril, um 3x0 contra o Chile (fonte: Seleção Brasileira 90 anos - Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf).

Ele defendeu um pênalti de Pelé no jogo Santos 1 x 1 Corinthians, disputado no dia 1º de outubro de 1964. Acabou sendo dispensado pelo Corinthians depois de ser acusado de falhar na derrota para o Noroeste, por 4 a 3, no dia 16 de outubro de 1966, num sábado à tarde. Heitor estaria muito gripado naquela partida.

Pelo Alvinegro do Parque, onde jogou de 1963 a 1966, Heitor fez 115 jogos e sofreu 137 gols (fonte: Almanaque do Corinthians - Celso Unzelte).

Números de Heitor pelo Corinthians e seleção

Com a camisa da seleção brasileira), Heitor fez duas partidas pelo Panamericano de 1963 (Brasil 3x1 Uruguai e Brasil 3x1 Chile), segundo revela o livro "Seleção Brasileira-90 anos", de Roberto Assaf e Antônio Carlos Napoleão. Já pelo Corinthians, o goleiro fez 119 jogos (62 vitórias, 28 empates e 29 derrotas) e sofreu 137 gols, como revela o "Almanaque do Corinthians", de Celso Dario Unzelte.

Recebemos sobre Heitor o e-mail do amigo Pedro Luiz Boscato.

Têm contradições nela também. O jogo que ele citou com o Palmeiras, que o Pai de Santo trocou o Corinthians pelo Palmeiras, essa história do Pai de Santo eu não sabia, mas, esse jogo, 1x0 para o Corinthians, gol de Silva, o Ney, pai do Dinei, não se contundiu, ele foi expulso, ainda no primeiro tempo, ele chutou sem bola o Djalma Dias e o árbitro o expulsou. Corinthians venceu esse jogo por 1x0, gol de Silva, cobrando penalidade máxima cometida por Tarciso em Ney.

O técnico do Corinthians era Roberto Belangero. Com a expulsão de Ney, o Corinthians ficou com dez homens. A linha do Corinthians nesse jogo era: Ney (ponteiro direito), Luizinho, Silva, Flávio e Lima. A defesa do Palmeiras era: Valdir, Rubens Caetano, Djalma Dias e Ferrari; Dudu e Tarciso.

Como Ferrari sabia atacar, Rubens Caetano não tinha essa facilidade, Roberto Belangero, inteligentemente, fêz com que o ponteiro canhoto Lima se deslocasse para a ponta direita, assim, impediria a descida de Ferrari para o ataque.

Roberto Belangero dava instruções ao time corinthiano do tunel das gerais do Pacaembu e Ney, expulso de campo, ficava nos degraus, perto do técnico, quando o árbitro se aproximava ele descia as escadas.

O técnico do Palmeiras, nessa partida, era Sílvio Pirilo. Aliás, a última partida dele no Palmeiras, depois dessa derrota, não aguentando as pressões, ele deixou o cargo.

1x0 com Heitor e Ney jogando o derbi foi em 1964. Em 1963 o Palmeiras venceu as duas, 2x0 e 5x2, em 1965 empatou o primeiro turno 0x0, no Morumbi, Heitor não jogou, Marcial foi o goleiro, no segundo turno o Palmeiras ganhou de 1x0, gol de Ademar Pantera, em 1966 o Corinthians venceu os dois jogos do Paulista por 1x0, primeiro turno gol de Dino Sani e segundo turno gol de Flávio Minuano estragando a comemoração do título por antecipação do Palmeiras naquele dia, foi no dia seguinte, Portuguesa venceu o Santos, por 1x0, gol de Paes, um jogo adiado, aí o Palmeiras conquistou o título. Nos dois Corinthians e Palmeiras de 1966, 1x0 Corinthians em ambos, o goleiro do Corinthians foi Marcial. Milton Neves falou, no último domingo, no Programa Domingo Esportivo, pela Band, desse jogo do primeiro turno, 1x0, gol de Dino Sani, ele viu cenas dele no filme de Mazzaropi, "O Corinthiano", cujas externas, 80% delas, foram gravadas aqui na Vila Maria Zélia. Aquele abraço, muita saúde, sucesso sempre, com a Graça de Deus, para você e para todos.

Pedro Luiz Boscato - Vila Maria Zélia (a Vila mais linda do mundo - celeiro de grandes craques).
 
Em 28 de fevereiro de 2017, o UOL publicou matéria sobre Heitor, destacando a defesa do ex-goleiro em pênalti cobrado por Pelé. Veja abaixo, na íntegra, de autoria do jornalista Adriano Wilson

Goleiro do Corinthians lembra como foi fácil defender um pênalti de Pelé

Heitor Amorim Perroca não precisa vasculhar a memória para encontrar ali intactos aqueles segundos que marcaram sua vida. "Foi no dia 30 de setembro de 1964", diz ele pelo telefone como quem começa uma história que nunca cansa de recontar.

"A verdade é que o Pelé perdeu o pênalti", admite. Aos 76 anos, Heitor não esqueceu nada do dia em que parou o maior jogador de futebol de todos os tempos. Era o fim do primeiro turno do Campeonato Paulista no Pacaembu.

O jogo tinha começado em Santos, dez dias antes, 75 km dali, mas o alambrado da Vila Belmiro cedera diante da pressão de 32 mil pessoas que superlotaram o estádio. Mais de 180 pessoas ficaram feridas, e o clássico for remarcado para a capital.

"O jogo mais esperado deste campeonato", anunciava a "Folha de S.Paulo".

Aquela quarta-feira começou agitada. O presidente Castelo Branco tinha acabado de extinguir a União Nacional dos Estudantes. Em Brasília, o governo militar empossado pelo golpe meses antes ameaçava decretar estado de sítio caso "a desordem" tomasse conta do país. No mundo, temia-se que a China pudesse acionar uma bomba atômica a qualquer momento. No Rio, Garrincha se recuperava de uma cirurgia que retirara os meniscos machucados por suas pernas tortas.

 

Reprodução
Na legenda da foto de Pelé, o jornal avisava que o Pacaembu estaria cheio para vê-lo

 

Em São Paulo, Corinthians e Santos, os líderes do campeonato, se digladiavam em um gramado encharcado, as chuteiras criando cortinas d´água a cada pisada no chão, os calções e camisetas vergando sob o peso de lama, chuva e suor.  

O camisa 10, já bicampeão do mundo, aterrorizava a defesa corintiana. Ele já tinha feito um gol, aproveitando o rebote de uma falta. No segundo tempo, foi derrubado dentro da área. Pelé se preparou para chutar o pênalti e desempatar o jogo. O placar apontava 1 a 1.

"O Pelé tinha inventado esse negócio de paradinha", lembra Heitor.

"Olhava pro goleiro, o goleiro caía para um lado e ele chutava no outro. Quando houve o pênalti, pensei que eu ia cair, mas fiquei parado, balançando as asas igual um gavião. Dei aquela rolada no chão e espalmei. "

A bola rolou na grama molhada alguns metros à frente e foi abraçada por Heitor que pulou como um tigre sobre ela. Naquela época, não se usavam luvas. Um locutor se empolgou na tribuna anunciando a defesa. Pelé se aproximou e deu um tapinha nos ombros do goleiro. "Desgraçado", disse o rei, conforme a memória de Heitor.

 

Acervo pessoal

 

Pelé continuaria tentando marcar. O primeiro já tinha sido dele. Emplacou uma caneta em um corintiano, cavou faltas, rolou no chão, foi advertido pelo árbitro, mas não conseguiu fazer o segundo.

O Corinthians comemorou muito o empate, e Heitor seria tratado como herói nas entrevistas pós-jogo. Mas no segundo turno daquele campeonato, quando Santos e Corinthians se enfrentaram novamente, os santistas venceram por 7 a 4 no mesmo Pacaembu. Pelé sagrou-se campeão estadual, fazendo quatro gols. Dois de pênalti.

Heitor chegou à seleção e se tornou testemunha de Jeová

Batizado testemunha de Jeová, Heitor passou a ser uma daquelas pessoas que batem na sua casa sem convite para pregar a Palavra de Deus. Nessas ocasiões, o acompanhava sua esposa Dilma.

"Como éramos missionários, a gente tirava uns quatro dias por semana para visitar as pessoas, um pouco de manhã, quando o sol está mais manso, ou no fim da tarde. Tudo gratuito. Frequentava uma congregação perto do Corinthians, no Tatuapé. Quando eu comecei a sair, acompanhava missionários mais experientes porque eu não sabia transmitir a mensagem direito. Eu batia na casa das pessoas, aí às vezes eu tinha tomado o maior frango na véspera. A pessoa me reconhecia, lembrava, então eu tinha que botar culpa no montinho artilheiro."

Heitor diz que continua visitando desconhecidos até hoje para pregar. Ele vive no interior do Rio de Janeiro, perto de Teresópolis, com sua esposa. Tem três filhos e três netos. Com passagem pela seleção brasileira que disputou o Panamericano em casa, Heitor mentem vívida a memórias dos tempos e goleiro.

Naquela época, Pelé era conhecido, além de tudo, também por ser um ótimo batedor de pênaltis. Chegou-se a difundir uma lenda segunda a qual o rei jamais havia errado uma cobrança. Mas registros estatísticos dão conta de que ele perdeu pelo menos 24 pênaltis. Um deles parou nas mãos sem luvas de Heitor.

Apesar ser até hoje lembrado por aquela defesa no Pacaembu, ele responde humildemente a quem elogia seu feito. "O Pelé bateu mal. E se bater mal a gente pega."

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Pelo Corinthians:

Atuou em 119 jogos (62 vitórias, 28 empates e 29 derrotas) e sofreu 137 gols, como revela o "Almanaque do Corinthians", de Celso Dario Unzelte.

Pela Seleção Brasileira:

Com a camisa amarelinha, foram apenas dois jogos (2 vitórias) e um gol sofrido. No dia 24 de abril de 1963, um 3x1 contra o Uruguai, e no dia 30 de abril, um 3x0 contra o Chile (fonte: Seleção Brasileira 90 anos - Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf).


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