Claudio Carsughi

Um dos melhores jornalistas do mundo
por Marcelo Rozenberg, Milton Neves,  Rogério Micheletti e Marcos Júnior Micheletti
 
Um dos mais destacados jornalistas esportivos do Brasil em atividade, Claudio Carsughi nasceu na cidade italiana de Arezzo, em 13 de outubro de 1932.
 
Atualmente comanda seu próprio site, uma ampla revista eletrônica que versa sobre automobilismo, indústria automobilística, motociclismo, futebol, turismo, gastronomia e entretenimento. Clique aqui e acesse o sitedocarsughi.com.br
 
Em vídeo, após os GPs de Fórmula 1, é a estrela principal do "Notas do Carsughi", programa apresentado por Marcos Micheletti no Portal Terceiro Tempo, site de Milton Neves. Clique aqui e veja a edição #79 do programa.
 
RETROSPECTO

Ainda adolescente rumou com a família para Florença e aprendeu a amar a Fiorentina e o futebol. Em 1946 chegou ao Brasil, onde já estavam seus avós. Fincou raízes e desde então só retornou ao país natal para rever familiares e amigos, hábito que conserva. Todo ano viaja à "Velha Bota", onde passa suas férias.

Engenheiro formado, trabalhou enre 1957 e 13 de abril de 2015 na Rádio Jovem Pan, dia em que foi demitido pela emissora paulistana.
 
"Agradeço a todos os amigos que dedicaram alguns minutos para manifestar sua solidariedade. Após quase 60 anos de Rádio Jovem Pan fui demitido e confirmo a informação. Obrigado a todos e espero poder continuar contando com a audiência e o prestígio de vocês na continuação de minha carreira!", escreveu Carsughi em sua página no Facebook no dia 13 de abril de 2015.
 
No dia seguinte, ao UOL, Carsughi falou sobre a postura da Jovem Pan.
 
"A rádio está passando por uma mudança de perfil. Ela assumiu uma postura de direita, que nunca tinha tido. Sempre se ouvia os dois lados. Hoje tem uma posição frontalmente contrária ao PT, à Dilma, ao Lula. Talvez com isso espere o retorno publicitário com empresas do mesmo perfil", disse Carsughi.
 
Sobre demissão, que lhe foi transmitida por Wanderley Nogueira, diretor de esportes da Jovem Pan:
 
“Foi uma conversa franca. Ele me disse que estava muito chateado, sem jeito para dar a notícia, mas que o Tutinha (neto de Paulo Machado de Carvalho) tinha decidido demitir-me. São contingências da vida. Falam em redução de custos. Mas isso é relativo. Eu não tinha um ordenado nababesco. Para o orçamento da rádio não deve fazer muita diferença", avaliou Carsughi.
 
Sobre a crise da Jovem Pan, que demitiu inúmeros funcionários ao longo de 2014 e 2015:
 
"Deixamos de fazer a Fórmula 1. As nossas equipes raramente se fazem presentes nos estádios. Quando estão, só aqui em São Paulo. Mesmo assim, muitas vezes vai só um repórter, para não pagar o técnico (de som). É um ambiente diferente. O caminho é outro. Com o Tuta, nosso acordo era selado em um aperto de mão. Hoje é um processo muito mais burocrático. Jamais teria sido mandado embora se ele estivesse no comando da rádio", finalizou Claudio Carsughi.
 
Em 20 de agosto de 2015 anunciou que passaria a integrar a equipe da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, participando de segunda à sexta-feira do program "Mundo da Bola", além de plantões nos dias de jogos. Abaixo, a mensagem de Carsughi, publicada em seu site, informando sobre sua nova empreitada:

"Caros Amigos,
depois de um longo e tenebroso inverno, voltei ao rádio. Na verdade não foi um inverno tão longo, pois fui desligado da rádio Jovem Pan a 13 de abril, e muito menos tenebroso, já que nesse período consegui dedicar-me bastante a nosso site na UOL (carsughi.uol.com.br) com resultados amplamente positivos.
Volto ao rádio pelas ondas prestigiosas e tradicionais da Rádio Nacional do Rio de Janeiro que, por enquanto, pode ser ouvida em São Paulo pela internet
( http://radios.ebc.com.br/no-mundo-da-bola).
Todas as noites, de 2ª a 6ª feira, tomo parte no programa “No Mundo da Bola” que vai ao ar das 20:04 às 21 horas, e, nos dias de jogos de futebol, nas transmissões esportivas, naturalmente dependendo de escala.
O projeto, contudo, é bem mais amplo e inclui, a partir de 2016, minha presença na TV Brasil, canal 4, além de outras inovações na própria Rádio Nacional.
Então, continuo contando com o apoio de todos vocês!".
 
Frio e metódico, é chamado de mestre por seus companheiros. Viúvo, sua saudosa esposa Hilda morreu em 03 de abril de 2009, Claudio tem dois filhos: Odoardo e Claudia, e duas netas, Mirella e Gabriella. Trabalhou entre 2005 e dezembro de 2014 como comentarista do SporTV.
 
A vida de jornalista começou para valer em 1950. O pai de Carsughi era amigo de vários diretores do tradicional "Corriere dello Sport", da Itália, e sugeriu a eles que seu filho enviasse matérias sobre a Copa do Mundo que seria realizada no Brasil. Neste mesmo ano, teve o primeiro contato com gente ligada a Pan.

Por incrível que pareça, ia à emissora para escutar os jogos da Fiorentina em ondas curtas, já que não tinha dinheiro para comprar um rádio mais potente. Aos poucos ficou mais próximo do pessoal da Pan até ser contratado em 1957 para fazer uma pequena participação em um programa chamado "Plantão da Meia-Noite".

Na Jovem Pan cobriu as corridas de Fórmula 1. Trabalhou ao lado do Barão Wilson Fittipaldi e, em 1994, foi o primeiro jornalista brasileiro a noticiar a morte de Ayrton Senna, durante o Grande Prêmio de San Marino, em Ímola.
 
Quatro Rodas
Claudio Carsughi também foi um pilar da revista "Quatro Rodas", do grupo Abril. Carsughi é considerado até hoje um dos mais importantes editores que Quatro Rodas teve na história. Bom piloto, Carsughi chegou até a fazer testes com diversos carros. Sempre competente, Carsughi avaliava os novos modelos, sugerindo quais eram os mais potentes, econômicos e resistentes. Ele até hoje não se conforma de ter sido demitido pela revista por telegrama. Outra decepção de Claudio Carsughi foi ter sido cortado pela direção da Jovem Pan da equipe que fez a cobertura da Copa do Mundo de 1990. Carsughi lamentou por não trabalhar pela rádio em sua pátria.
 
Rigoroso nas avaliações

Carsughi nunca foi "mão aberta" na hora de dar nota aos jogadores. Era comum ele elogiar os atletas após a partida, mas na hora da nota... A generosidade de Carsughi às vezes parava na nota 3,25 ou 3,75. E o jogador que geralmente passava da nota 5,25 era aquele que tinha arrebentado mesmo com a partida, marcado uns três ou quatro gols.

Si non è vero, è benne trovato

Claudio Carsughi costuma se orgulhar de uma situação inusitada que lhe aconteceu na infância. Ele era um menino, com aproximadamente seis ou sete anos, quando Hitler e Mussolini se encontraram em Florença, no dia 28 de outubro de 1940, para consolidar a união entre Nazismo e Fascismo. Os dois desfilaram em carro aberto e foram aplaudidos pela grande maioria dos italianos. E no meio do povo, lá estava o "ragazzo" Claudio Carsughi no colo de seus pais. Conta o importante jornalista que os dois ditadores, quando o avistaram, acenaram entusiasmados em sua direção. A dupla Benito e Adolf teria ficado encantada com a simpatia da criança. Carsughi garante que a história é verdadeira e que não consegue se esquecer daquele momento.

A perda da esposa
 
A esposa do comentarista esportivo Claudio Carsughi, Dona Hilda Carsughi, faleceu no dia 03 de abril de 2009, na cidade de São Paulo-SP. Dona Hilda sofreu uma embolia no apartamento em que vivia com Claudio, à Alameda Ribeirão Preto, bairro da Bela Vista.  Filha de pai colombiano e mãe brasileira, Dona Hilda era apaixonada por sua família.

Lançamento do site

Em 14 de maio de 2012, Claudio Carsughi e sua filha Claudia Carsughi promoveram o lançamento do site do jornalista, em evento realizado na Sala Vip Pizza Bar, no bairro de Moema, zona sul de São Paulo. Clique aqui e veja a cobertura completa do lançamento do "Site do Carsughi".

Na ocasião, ambos foram entrevistados por Marcos Júnior, editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo. Abaixo a entrevista completa:


Livro:

Após quatro anos de trabalho, Claudia Carsughi, filha de Claudio, concluiu o livro "Claudio Carsughi - 50 Anos de Brasil", e promoveu ao lado do pai o pré-lançamento da obra, no dia 22 de outubro de 2012.

Em 239 páginas, a trajetória de Claudio Carsughi, com fotos de sua infância, diversos momentos de seu trabalho na Jovem Pan e viagens à Itália para testar modelos da Ferrari.
 
Em novembro de 2011, Claudia Carsughi participou do Bella Macchina, programa de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, apresentado por Marcos Júnior, para falar do livro "Claudio Carsughi - 50 Anos de Brasil".
 
CLIQUE AQUI e veja a cobertura do pré-lançamento do livro, em 22/10/2012 na Sala Vip, pizzaria localizada em Moema.
 
CLIQUE AQUI e veja a cobertura do lançamento do livro, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em 05/11/2012.
 
CLIQUE AQUI e veja o programa Bella Macchina gravado com Claudia Carsughi na redação do Portal Terceiro Tempo
 
Em 2015, Claudia Carsughi, criou o L´Auto Preferita, premiação para a indústria automobilística brasileira com a grife de seu pai Claudio Carsughi.
 
O Portal Terceiro Tempo esteve presente às duas primeiras edições, em 2015 e 2016. Veja abaixo.
 
CLIQUE AQUI E VEJA A COBERTURA DA 1ª EDIÇÃO DO PRÊMIO L´AUTO PREFERITA, EM 30/11/2015
 
CLIQUE AQUI E VEJA A COBERTURA DA 2ª EDIÇÃO DO PRÊMIO L´AUTO PREFERITA EM 21/11/2016
 
CLIQUE AQUI E VEJA A COBERTURA DA 3ª EDIÇÃO DO PRÊMIO L´AUTO PREFERITA EM 28/11/2017
 
CLIQUE AQUI E VEJA A COBERTURA DA 4ª EDIÇÃO DO PRÊMIO L´AUTO PREFERITA EM 03/12/2018
 
CLIQUE AQUI E VEJA A COBERTURA DA 5ª EDIÇÃO DO PRÊMIO L´AUTO PREFERITA, EM 02/12/2019
 
CLIQUE AQUI E VEJA A COBERTURA DA 7ª EDIÇÃO DO PRÊMIO L´AUTO PREFERITA, EM 29/12/2021
 
CLIQUE AQUI E VEJA A COBERTURA DA 8ª EDIÇÃO DO PRÊMIO L´AUTO PREFERITA, EM 12/12/2022
 
CLIQUE AQUI E VEJA A COBERTURA DA 9ª EDIÇÃO DO PRÊMIO L ´ATUO PREFERITA, EM 04/12/2022
 
ABAIXO, TEXTOS EM HOMENAGEM A CLAUDIO CARSUGHI:
 
O jornalista Flavio Gomes escreveu sobre Carsughi em seu blog no dia 13 de abril de 2015, após o jornalista ter sido demitido da Rádio Jovem Pan:

CLAMOROSO   
por Flavio Gomes
 
SÃO PAULO (pode fechar, não fará falta) – Eu ainda não estava na Pan, portanto foi antes de 1994. Possivelmente em 1993, porque o personagem citado era Schumacher e a equipe, a Benetton.

    A Pan costumava mandar pelo menos narrador para as corridas de F-1 no fim dos anos 80 e nos anos 90 — depois, apenas repórter, eu –, com exceção dos GPs da Austrália e do Japão, porque as viagens eram caras demais e a audiência, segundo o dono da emissora, era baixa por causa dos horários. Não sei dizer se por conta deste curioso critério a rádio não mandou ninguém para Suzuka em 1987, 1988, 1990 e 1991, anos dos últimos quatro títulos mundiais conquistados por brasileiros. Se não mandou, não lembro, obviamente se equivocou.

    Vamos assumir, então, que o ano era 1993, e a corrida, no Japão. Apesar de muito modernos para a época em que foram construídos, lá por 1976, os estúdios no alto do edifício Sir Winston Churchill, na Paulista, não eram muito equipados no quesito aparelhos de TV naqueles tempos. Assim, para fazer alguma transmissão “off-tube”, o “tubo” (assim chamada porque narrador, repórter e comentarista transmitiam a partir daquilo que viam no tubo da TV — TV tinha tubo, pesquisem), era preciso montar a linha no aquário da chefia, que ficava no meio da redação e tinha lá umas duas ou três TVs.

    Por alguma razão, o dono da rádio escalou Nilson Cesar e Claudio Carsughi, a dupla da F-1, para transmitir o treino que definiria o grid daquela corrida, na madrugada de sábado — não eram comuns transmissões de treinos. O problema é que na época não existia TV a cabo, ou, se existia, não tinha cabo no aquário da chefia, e as imagens eram muito ruins, com fantasmas, a cor que ia e vinha, um horror. As anteninhas internas não seguravam a onda. Fui convidado para dar uns pitacos, porque naquele ano também não fui a Suzuka e trabalhava na “Folha”, era repórter de F-1, um especialista, sabem como é. Mesmo assim, com aquelas imagens horrorosas, Nilson se virava para narrar a classificação e, lá pelas tantas, acionou o Carsughi. “Claudio, Claudio, mas que volta do Schumacher, o que é que você achou, meu caro Claaaudio Carsughi?”, perguntou. A resposta veio no tom de sempre, com o inconfundível sotaque italiano que ele nunca perdeu, embora vivesse no Brasil desde 1946: “Non achei nada. Estou vendo um carro com oito pneus e dois pilotos, enton é impossível dizer qualquer coisa porque com estas imagens deste aparelho de TV non consigo distinguir quem está pilotando o quê”.

    As palavras podem não ter sido essas, exatamente. Mas eu quase caí da cadeira de tanto dar risada, tanto quanto no dia em que o Carsughi, fazendo posto num jogo do Santos na Vila (“posto”, no rádio, é quando o sujeito não participa da transmissão principal, apenas informa o andamento de algum jogo que está sendo realizado em outro lugar) durante um Corinthians x Palmeiras, foi chamado no intervalo pelo José Silvério, que estava com o tempo apertado para girar todo mundo da equipe, espalhada por vários estádios. “Agora vamos à Vila Belmiro, onde Santos e Noroeste empatam em zero a zero. Rapidinho, meu caro Claudio Carsughi, porque estamos em cima da hora, é justo o resultado do primeiro tempo, Claudio?”, perguntou o Silvério, e do outro lado do microfone, na cabine da Pan na Vila Belmiro, Carsughi fez o mais breve e incisivo comentário da história do rádio mundial. “É”, disse. E acabou.

    Nascido em Arezzo em 13 de outubro de 1932, Carsughi trabalhou na Jovem Pan por quase 60 anos. Entrou em 1957, saiu em 1960, voltou em 1963 e lá ficou. Foi demitido hoje depois do programa esportivo da hora do almoço. Especializado em Fórmula 1, foi também um dos grandes nomes da história da “Quatro Rodas”, dono de um texto elegante e tecnicamente perfeito, conhecedor profundo de mecânica e de automóveis. Gostava de futebol, também, e comentava jogos com frequência, sem nunca reclamar de uma escala. Se a rádio iria transmitir São Caetano x Marília às dez da noite e designava Carsughi para trabalhar, ele não emitia um único muxoxo, apresentava-se na hora certa e comentava o jogo com a mesma seriedade e dignidade que dedicaria a uma final de Copa do Mundo.

    Nos anos 70, Claudio foi um pioneiro, no rádio, do uso das estatísticas para explicar o andamento de uma partida, em contraponto com o achismo que permeava os comentários da turma da velha guarda — gente mais nova que ele, inclusive, mas que via futebol de um jeito meio esquisito, pouco científico, meio chutado, transformando qualquer jogo num festival de clichês e lugares-comuns que, definitivamente, não combinavam com o que o velho Mestre pensava.

    Até uns 20 anos atrás, Carsughi andava pela cidade num Karmann-Ghia vermelho. Morava aqui perto (eu ainda tenho escritório no mesmo prédio da Pan, é daqui que escrevo agora, 16 andares abaixo dos estúdios) e muitas vezes vinha a pé para a rádio. Outras, com algum carro bacana, que as montadoras emprestavam para que ele avaliasse. Na última vez em que o encontrei na garagem, estava com um Cinquecento Abarth. “É um carrinho bem interessante”, me disse, sempre vestido impecavelmente, de terno e gravata. Quando vendeu o Karmann-Ghia, guardou o manual e me deu de presente.

    Durante os oito anos em que trabalhei na Pan, tive uma relação muito cordial com Carsughi, sem maiores intimidades porque a certas pessoas devoto uma reverência acima do normal, e com ele era assim. Eu mais ouvia e aprendia do que qualquer outra coisa. Transmitimos juntos algo em torno de 130 GPs, Nilson narrando, ele comentando (ambos em São Paulo), eu reportando nos países onde aconteciam as corridas.

    A Pan sempre foi a cara de seu dono, o “seu” Tuta, que infelizmente adoeceu e, nos últimos tempos, se afastou do dia a dia da emissora. Seu filho, Tutinha, o criador da Jovem Pan 2, que revolucionou o FM no rádio brasileiro nos anos 70, assumiu o AM e tem promovido mudanças radicais na programação e no elenco que, de certa forma, encerraram um ciclo de décadas que fez da emissora um patrimônio da cidade. A trilha do “Jornal da Manhã”, por exemplo, é uma espécie de hino paulistano. Chama-se “Amanhecendo” e faz parte da “Sinfonia Paulistana” de Billy Blanco (1924-2011), composta por 15 canções que louvam “a capital de todos os paulistas” – neste link aqui, ela está aos 17min30s; se quiser ouvir apenas a trilha do jornal, clique aqui.

    “Amanhecendo” tocava todos os dias exatamente às 7h. Um dia me escalaram para apresentar o “Jornal da Manhã” (parece que ainda existe, soube até que aquele rapaz que é comediante e tem um programa no SBT bem tarde da noite faz comentários, putz…). Era um sábado. Eu já tinha alguma bagagem, fazia a “Hora da Verdade” todos os dias no fim da tarde, e não era qualquer coisa que me deixaria nervoso na vida. Mas acordei às 4h para estar na rádio às 6h e não correr risco nenhum de atrasar (cheguei às 4h30…) porque, juro, falar “repita” para o Franco Netto e para o Antonio Freitas quando eles dessem a hora seria algo marcante demais na vida daquele mocinho que cresceu ouvindo os dois dando a hora certa no rádio do carro do meu pai quando eu ia para a escola, quase 20 anos antes. E eram eles, os mesmos que me davam a hora certa no carro do pai a caminho da escola, que só dariam a hora certa naquele sábado se eu dissesse “a hora” e, depois, “repita”.

    Puta que pariu. Eles não viram, o estúdio sempre foi meio escuro e metido a futurista, ficávamos lado a lado na bancada, mas meus olhos se encheram d´água quando falei “repita” pela primeira vez, e mais ainda quando, às 7 em ponto, o operador (Arthur Figueroa, um gênio) soltou a música e, no momento exato, quando o coro diz “vambooooraaaa” num lamento pela última vez, o Franco empostou a voz, a maior voz do rádio e, com solenidade e potência, informou: “Aqui, no espigão da Paulista, sete horas”. E eu, quase gaguejando, a vozinha de taquara rachada embargada, mandei um “repita” inaudível, e o Franco, percebendo minha emoção tola e juvenil, virou para meu lado, piscou o olho e repetiu, “sete horas”, e jamais me esqueci disso, jamais.

    Na nossa vida, neste ofício, entramos e saímos dos lugares, é normal que uma empresa demita alguém, troque pessoas, busque novos caminhos. Não é um problema em si. Mas certas coisas não deveriam acontecer. Uma coisa é mandar embora o Flavio Gomes, foda-se, quem é esse cara na hora do Brasil, ninguém, mas outra, bem diferente, é dispensar o Claudio Carsughi, que existe desde sempre, nascemos, crescemos e morremos ouvindo o Carsughi, certas coisas, desculpe, não deveriam acontecer.
 
Em 14 de abril de 2015, o jornalista Álvaro José, também em seu blog, escreveu sobre a demissão de Claudio Carsughi pela Rádio Jovem Pan:
 
RÁDIO SEM CARSUGHI NÃO DÁ
por Álvaro José
 
No meio dos anos sessenta a Radio Panamericana sofreu uma grande mudança. E passou a se chamar Jovem Pan. Lembro muito bem que tempos depois surgiu a Garota Jovem Pan. Era a Magui uma morena linda. Existia um pôster dela numa moto grande como propaganda da radio e no i do nome no autografo dela era uma flor. Linda mulher, bela lembrança.

Na época da transformação na fonte da juventude a Pan como era conhecida tinha vários jornalistas bastante conhecidos e, como todos eram amigos do Dr. Paulo e estavam lá há um bom tempo. Meu pai Álvaro Paes Leme, Leônidas da Silva, Claudio Carsughi, Wilson Fittipaldi, Narciso Vernizzi e outros já veteranos quando da mudança de nome se chamavam de “jovem Leônidas, jovem Paes Leme, jovem Carsughi” e por aí afora durante um bom tempo. Eu achava aquilo muito engraçado.

Na questão da mudança do nome muito embora não seja isso que é dito na história, para Tuta mostrar sua força e gestão surgiu o Jovem Pan. Ok que a Record tinha a Jovem Guarda que era o grande fenômeno televisivo da época e numa grande sacada do Dr. Paulo isso traria para a radio um novo público, mas, para seu filho que passava a administrar a radio serviu para mostrar, no melhor estilo das faixas de comércio que mudam de dono o famoso “sob nova direção”. Agora no melhor estilo tal pai, tal filho, Tutinha faz a mesma coisa em busca de uma modernidade.

Tirar Carsughi não faz a radio mais moderna, muito menos, melhor. Apenas diminui sua qualidade. Tentar adivinhar para onde vai hoje o gosto e a preferência do consumidor de informação é difícil. Mesmo para quem já acertou muito antes. Com um numero muito maior de meios as opções sobem na mesma proporção e humor é ótimo e fundamental para rir, mas não é conteúdo.

Claudio Carsughi trouxe os números para as transmissões esportivas. Os mais novos não sabem, mas até parodiado ele já foi em programa de humor de rádio. Vinha a chamada para o “Craudio Carçudo” e os números do jogo e alguém tentava imitava sua inconfundível voz soltando: 44, 37, raiz quadrada de 19.

Aliás, o programa de humor de maior audiência do rádio, que também migrou para a tevê foi baseado num programa antigo chamado “Show de Radio” criado por Estevam Sangirardi, que muitas vezes, dava mais audiência que as próprias transmissões já que os ouvintes de outras rádios migravam para o programa depois do jogo.

Os dados trazidos por Carsughi viraram hoje ponto obrigatório nas transmissões esportivas. Alguns chamam de números, outros de estatísticas, outros de scout com todas suas possíveis e criativas e não corretas grafias, mas tudo isso é baseado no que Claudio Carsughi introduziu em termos de informação nas transmissões esportivas brasileiras. Isso é um grande legado.

Anos atrás numa reunião ouvi de um diretor de um grande jornal uma frase emblemática: em comunicação talento e qualidade não existem em prateleira. Isso é Claudio Carsughi. Uma enorme capacidade e com toda certeza não ficará na prateleira. O radio precisa da voz e do talento do “jovem Carsughi”.
 
Em fevereiro de 2012, Marcos Júnior, editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, escreveu uma crônica sobre Claudio Carsughi. O texto faz parte do livro "Claudio Carsughi - Meus 50 Anos de Brasil", biografia do jornalista italiano radicado no Brasil.
 
GRAZIE, SIGNORE CARSUGHI
(por Marcos Júnior)
 
Foi em 1993.

Eu queria encontrar uma maneira para retribuir tudo o que havia aprendido ao longo de tantos anos, fosse enquanto ouvinte dos seus comentários na Jovem Pan ou nas avaliações detalhadas dos carros, nos testes que ele escrevia para a Revista Quatro Rodas, que eu lia, relia e guardava.

Então, na época, era possível encontrar os nomes das pessoas nas listas telefônicas, e eu encontrei seu nome: Claudio Carsughi.

Anotei seu endereço e lhe enviei aquilo que eu tinha feito ao longo de toda a pré-temporada da Fórmula 1 daquele ano, no Estoril, em Portugal: um resumo com os tempos de todos os pilotos que treinaram.

As Williams reinavam absolutas com Prost e Hill, enquanto Alesi e Berger na Ferrari sofriam com o motorzão V12, amargando as últimas posições na tabela de tempos. Mas o som dos V12, até hoje, eu não esqueço. Gravei seus acordes em 1992, em Interlagos...

Então, sem internet, munido de uma folha grande de caderno e caneta, anotei os tempos que havia registrado, no levantamento que eu apurara em uma dúzia de jornais.

Além dos tempos dos pilotos, fiz alguns comentários, me arriscando a dar algumas opiniões. Presunção, a minha...

Também o elogiei a respeito de seu trabalho.

Dobrei o papel, coloquei no envelope e selei a carta. Sensação de dever cumprido por esse pouco, quase nada que eu havia feito para alguém a quem eu devia tanto, sem que ele soubesse...

Aí, alguns dias depois, ao entrar na garagem do prédio em que eu morava, o porteiro me entregou um envelope. O remetente era Claudio Carsughi.

Ele me agradecia, não só pelas informações, mas também "às gentis referências a meu trabalho", como escreveu.

Também me presenteou com dois adesivos da Revista Oficina Mecânica, publicação em que estava trabalhando.

Guardo a carta e os adesivos dentro do envelope até hoje, óbvio.

Não foram poucas as vezes em que, nas madrugadas, ouvindo os GPs da Austrália ou do Japão, liguei para a rádio, antes do início das corridas, para lhe fazer alguma pergunta, que ele respondia ao vivo.

Hoje trabalho no mesmo prédio que Claudio Carsughi e o vejo com frequência.

Há alguns dias estive em um evento, o Velocult, em que ele, Emerson Fittipaldi, Reginaldo Leme, Bird Clemente e tantos outros nomes ligados ao automobilismo foram homenageados.

Eu já estava na antessala do cinema onde seria apresentado um documentário quando Carsughi chegou, acompanhado da filha Claudia e da neta Mirella.

Tomei coragem para me aproximar, fazer algumas fotos para a matéria que veiculei no Portal Terceiro Tempo e relembrar a história da carta, para ele, a filha e a neta.

E brinquei com ele, dizendo que às vezes me seguro - quando compartilhamos o mesmo elevador -,  para não lhe prestar aquela reverência que Oscar recebeu dos companheiros da seleção de basquete...

Também disse aos três que às vezes volto para a redação e falo aos colegas: "Eu vi o Carsughi!."

Carsughi deu uma boa risada, mas pareceu constrangido, como se não fosse merecedor de homenagem similar.

Era uma noite quente e havia muita gente naquele recinto. Fiquei ensaiando para pegar um copo d´água ou suco para servi-lo, o que sua neta, zelosa, providenciou antes de mim.

Um copo d´água ou suco...

Seria muito pouco perto do que ganhei de Claudio Carsughi desde 1976, ano em que me apaixonei por automobilismo vendo a eletrizante prova final do campeonato em que Hunt sagrou-se campeão, em Fuji, no Japão, ouvindo sua voz marcante e lendo seus textos maravilhosos.

Grazie, signore Carsughi!
Salute!
Água ou suco?
 
MANIFESTAÇÕES A FAVOR DE CARSUGHI, APÓS SUA DEMISSÃO PELA JOVEM PAN

O ato de demissão contra Claudio Carsughi na Jovem Pan foi um ato feito pelo repórter Wanderley Nogueira na escadaria de serviço entra dois andares da emissora.

Depois de 58 anos de serviço o mínimo que teriam que fazer seria uma homenagem com plateia e palmas.

Isto seria se o fundador da emissora Tuta Pai fosse comandante da emissora mas agora seu filho Tutinha faz estas bobagens.

James Akel (jornalista)

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Ok, cada empresa sabe onde aperta o calo e não meto a colher onde não ajudará nem influenciará em nada. Há exceções, nas quais é impossível calar: não se demite alguém com 50 e tantos anos de casa - uma vida, e longa, passada numa emissora. É desumano, ingrato, impiedoso. Não se descarta uma história de dedicação profissional como se fosse um papel de bala, um bagaço de laranja, um chiclete gasto. Minha estima e solidariedade ao gigante.

Antero Greco (jornalista)

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Meus amigos, em 1986 quando sentei naquela mesa de som, que olhei pro outro lado do vidro, e vi: Orlando Duarte, José Silvério, Milton Neves, Edemar Annuseck, Mauro Nobrega, Candinho, Claudio Carsughi, e OUTROS. Tudo isso no Jornal de Esportes da Pan, e vejo que TODAS estas feras, foram da rádio, que um dia foi " A Rádio " me deu a maior tremedeira. Fiquei 25 anos lá, e também fui vítima dos covardes.

Arthur Figueroa (radialista)

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Sentirei muita falta dos comentários do Mestre Carsughi na JovemPan. Estaremos sempre juntos e conte sempre comigo meu grande amigo Carsugão.

Felipe Massa (piloto)

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A Jovem Pan acaba de demitir Claudio Carsughi, que estava havia quase 60 anos na emissora. Produtivo, atualizado, incomparável. O que estão fazendo com essa emissora é algo inacreditável.

Flavio Gomes (jornalista)

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Que papelão, Rádio Jovem Pan. Demitir o mais sábio comentarista esportivo do Brasil (Claudio Carsughi) depois de 58 anos!!!!!!!!! de casa.

Lucas di Grassi (piloto)

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Também fiquei chocado com a notícia, grande profissional.

Christian Fittipaldi (piloto)

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Fiquei muito triste com a saída dele depois de tantos anos de competência , credibilidade , fidelidade e tudo mais que ele representa para o jornalismo, esportivo do Brasil , pode dizer a ele que o Felipe falou e postou a foto de coração pois admirava muito como ele mesmo disse Carsugão . Eu que tenho que agradecer a ele tudo de bom que ele sempre disse do Felipe . Se precisarem de amigos contem conosco.

Bjs Titonio e Ana (pais de Felipe Massa)

ABAIXO, ENTREVISTA DE CLAUDIO CARSUGHI A MARCOS JÚNIOR NO PROGRAMA BELLA MACCHINA, CANAL DE AUTOMOBILISMO DO PORTAL TERCEIRO TEMPO, VEICULADA EM 30 DE ABRIL DE 2015

ABAIXO, ENTREVISTA QUE CLAUDIO CARSUGHI FEZ COM O PILOTO DANIEL RICCIARDO EM 10 DE NOVEMBRO DE 2017, DOIS DIAS ANTES DO GP DO BRASIL DE FÓRMULA 1

ABAIXO, COLETIVA DE MARC MÁRQUEZ EM 2 DE ABRIL DE 2019. CLAUDIO CARSUGHI FEZ TRÊS PERGUNTAS AO PILOTO DA MOTOGP 

ABAIXO, COM NARRAÇÃO DE PEDRO LUIZ E COMENTÁRIOS DE JUAREZ SOARES E CLAUDIO CARSUGHI, A ESPETACULAR DEFESA DE FÉLIX NO JOGO CONTRA A INGLATERRA, NA CABEÇADA DE LEE, EM 07 DE JUNHO DE 1970, NA COPA DO MÉXICO

ABAIXO, PEÇA PUBLICITÁRIA DA VOLKWAGEN COM O JORNALISTA CLAUDIO CARSUGHI, PARA O GOL E O NOVO POLO TRACK EM NOVEMBRO DE 2022

CLIQUE AQUI E ACESSE O SITE DO CARSUGHI

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