A zagueira da seleção brasileira principal, Erika Cristiano, usou as redes sociais para criticar a maneira como foi retratada pela imprensa a goleada sofrida pela seleção sub-20 contra a Alemanha, 5 a 1, pelo Mundial da categoria, no Canadá. Erika afirma ter feito o texto com o apoio de 100 atletas.
A jogadora destaca que a derrota evidencia o amadorismo do futebol feminino no país, frisa que as jovens fizeram o melhor possível dentro das condições existentes, e reclama da comparação com os 7 a 1 na Copa do Mundo.
Segundo Erika, ao contrário da seleção masculina, que possui patrocinadores e ampla estrutura para a disputa da Copa do Mundo, as meninas não têm nem competição de nível para evoluir na profissão. Por essa razão não é possível comparar as goleadas de 5 a 1 (sub-20) e 7 a 1 (principal), enfatiza.
"Queremos a exposição dos nossos problemas, assim como dos nossos jogos e campeonatos. Queremos, inclusive, que nos ajudem a cobrar as pessoas e as entidades que têm o papel de zelar pelo nosso esporte e não estão nem aí para ele. Chega!", escreveu
Confira o texto da seleção brasileira Erika Cristiano
Quem nunca sonhou em ser um jogador de futebol? Em um país machista e preconceituoso que nunca acreditou, aceitou ou investiu de verdade no futebol feminino, é muito difícil para nós sonhar. Que o diga as meninas da Seleção sub-20, derrotadas pela Alemanha por 5 a 1 na última terça-feira, e expostas a uma chuva de criticas e comparações completamente equivocadas, sem nenhum conhecimento sobre a nossa modalidade ou sobre a realidade em que vivemos.
Ficamos chocadas com as manchetes sensacionalistas, as ligações esdrúxulas com a vexatória derrota da Seleção masculina na última Copa do Mundo, e com centenas de baboseiras escritas sobre as jovens atletas que, diga-se de passagem, nem competição sub-20 têm no Brasil para se formarem devidamente como "jogadoras de verdade".
Esta nota, em comum acordo com mais de 100 atletas do futebol feminino, se faz mais do que necessária e vem em tom de desabafo, não para julgar técnica ou taticamente a partida em questão, nem para competir com o futebol masculino, mas para mostrar que somos de carne e osso, existimos, queremos ser ouvidas, não só nas derrotas e nos vexames, mas nas notícias e no dia-dia.
Queremos a exposição dos nossos problemas, assim como dos nossos jogos e campeonatos. Queremos, inclusive, que nos ajudem a cobrar as pessoas e as entidades que têm o papel de zelar pelo nosso esporte e não estão nem aí para ele. Chega!
Foto: UOL
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