Hoje ele mora em Natal-RN, encerrou a carreira de narrador em 1998, transmitindo a Copa do Mundo pela Rede Manchete

Hoje ele mora em Natal-RN, encerrou a carreira de narrador em 1998, transmitindo a Copa do Mundo pela Rede Manchete

Matéria reproduzida do Blog "O Curioso do Futebol", que foi enviada para a redação do Portal Terceiro Tempo por Thertuliano. Confira abaixo:

Blog do jornalista Victor de Andrade e colaboradores com curiosidades e notícias do esporte bretão. Não deixe de conferir!

SEGUNDA-FEIRA, 16 DE NOVEMBRO DE 2015
Januário de Oliveira: "é disso que o povo gosta"

 

 

Januário de Oliveira atualmente

Quem acompanhou o Campeonato Carioca nos anos 80 e 90, pelo rádio ou televisão, com certeza conhece bordões como "tá aí o que você queria", "tá lá um corpo estendido no chão" ou "é disso que o povo gosta". O autor dessas frases é o ex-narrador Januário de Oliveira.

Apesar de ter se tornado conhecido nacionalmente transmitindo o futebol do Rio de Janeiro, Januário de Oliveira nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1940. Antes de completar 18 anos, começou a trabalhar na Rádio Farroupilha, de Porto Alegre. Ainda passou pela Rádio Cultura de Bagé antes de ir para o Rio de Janeiro.

Na Cidade Maravilhosa, Januário de Oliveira trabalhou nas rádios Mauá e Nacional AM. Seu estilo irreverente, cheio de bordões, chamou a atenção da equipe de esportes da TVE do Rio de Janeiro. Januário aceitou o convite e foi narrar para a TV pública.

Com a camisa que ganhou do Super Ézio

Januário de Oliveira fazia sucesso com suas narrações e quando a Rede Bandeirantes resolveu usar as noites das segundas-feira para transmitir o Campeonato Carioca para todo o Brasil, contratou o trio de transmissão da TVE: Gerson, o Canhotinha de Ouro, nos comentários, Addison Coutinho nas reportagens e Januário de Oliveira na locução.

Agora vou dar uma opinião pessoal: alguns jogos transmitidos em Moça Bonita, Rua Bariri, o antigo campo em Volta Redonda, entre outros, ganhava mais emoção na voz no locutor gaúcho, mesmo quando as partidas eram fracas tecnicamente. Os bordões e apelidos que ele dava aos jogadores deixavam a transmissão "mais legal".

Aliás, falando em apelidos, não eram poucos: Reimário; Renato, o Rambo Gaúcho; Perivaldo, o Peri de Pelotas; Nilson, a Máquina Mortífera; Valdeir "The Flash"; Príncipe Charles e Charles Guerreiro. Mas tinha um apelido que era especial, tanto para ele quanto para o jogador: o Super Ézio.

Tricolor de coração, como diz o hino, Januário de Oliveira estava um dia em uma churrascaria no Rio conversando com amigos, quando um deles falou que o centroavante do Fluminense Ézio era um herói por conseguir fazer gols jogando com companheiros de time tão fracos. Januário de Oliveira respondeu: "herói não. É um super-herói".

Dias depois, Ézio marca para o Fluminense no Maracanã e Januário de Oliveira, das cabines de imprensa do Estádio Mário Filho, solta: "e o gol! Goooool do Fluminense. Ézio, o Super Ézio". O centroavante adorou o apelido e sempre foi grato ao narrador. Tanto que a sua camisa do último jogo da carreira, pelo Atlético Mineiro, ele deu para Januário de Oliveira.

Pela história contada acima, Januário de Oliveira, que hoje mora em Natal-RN, encerrou a carreira de narrador em 1998, transmitindo a Copa do Mundo pela Rede Manchete. Ele já não estava enxergando bem por decorrência da diabetes. Januário de Oliveira não marcou apenas para os ouvintes do rádio ou telespectadores. Marcou também para os jogadores que tiveram seu nome narrado por ele. Conheça alguns bordões do locutor:

"Taí o que você queria, bola rolando…" - quando o juiz apitava o início da partida ou do segundo tempo.

"Tá lá um corpo estendido no chão" - para o jogador que caía machucado no gramado.

"Lá vem Geraldo e Enéas para mais um carreto da tarde", quando os maqueiros do Maracanã, Geraldo e Enéas, entravam em campo para retirar um jogador machucado.

"Vai sair o primeiro carreto da noite" - quando um jogador contundido era levado pela maca para fora do campo.

"Sinistro, muito sinistro…" - para falha grave de jogador ou árbitro.

"Cruel, muito cruel…" - para elogiar o jogador após o gol ou um lance bonito.

"É disso (Fulano), é disso que o povo gosta" - para o jogador (Fulano) que acabara de estufar as redes, marcando o gol.

"Olhos nos olhos, se passar fica na boa…" - quando o jogador com a posse da bola ficava frente a frente com um defensor.

"Pintou em cores vivas" - quando uma chance clara de gol era perdida.

"Tá na área, é agora, bateu..." - quando o jogador tinha uma chance de finalizar em gol.

"Tem cartão? Tem cartão? Não! Cartão de crédito para o jogador (Fulano)…" - quando um jogador cometia uma falta dura e o árbitro não lhe aplicava nenhuma punição.

"O(a) primeiro(a) só serviu como ensaio!" - quando ocorria a repetição de um lance (chute, cruzamento ou cobrança de falta) em sequência. Exemplo: escanteios cobrados consecutivamente; uma bola alçada na área duas ou mais vezes seguidas.

"Pega, não larga mais, não dá rebote pra ninguém!" - quando o goleiro fazia uma defesa firme, segura, sem rebote.

"Escancarou, escancarou legal (Fulano)..." - quando o jogador tinha um feito um gol.

"Eu vi, eu vi…" - para algum lance que ninguém viu, somente ele.

"Acabou o milho, acabou a pipoca, fim de papo." - quando o juiz apitava o fim do jogo.

"riririkakakaka, o Juiz despirocou…" - para um lance em que o juiz marcou algo de outro mundo.

Victor de Andrade Graça

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