Serão três tipos de estabelecimento. Um locado em praças de alimentação, outro em lojas avulsas de rua, e um terceiro como quiosque móvel

Serão três tipos de estabelecimento. Um locado em praças de alimentação, outro em lojas avulsas de rua, e um terceiro como quiosque móvel

A fome é a mesma para gremistas, colorados, corintianos, flamenguistas ou torcedores de qualquer clube. Mas ainda neste ano, só quem torce para o Grêmio poderá matar a vontade se alimentando em uma lanchonete totalmente voltada ao Tricolor. Uma rede de fast food, cujo nome será divulgado em fevereiro, levará a marca do time de Porto Alegre, numa ação inovadora que recebe aval de profissionais de marketing.

Há cerca de um mês, através do site oficial do clube, os aficionados gremistas votam em três nomes [Brasa Azul, Triburguer ou Hamburgueria 1903] para a rede de lanchonetes oficial da agremiação. A alcunha definida será oficial a partir do próximo mês. A ideia é que até o fim deste ano, cinco lojas estejam funcionando, e no prazo de cinco anos o número chegue a 90.

Serão três tipos de estabelecimento. Um locado em praças de alimentação, outro em lojas avulsas de rua, e um terceiro como quiosque móvel. Todo cardápio será voltado ao clube, com lanches especializados, mas todos no estilo fast food. "Teremos uma identidade gaúcha. Vivemos na terra do cheeseburger. Todos assados na brasa, como churrasco", explicou o diretor de marketing gremista, Beto Carvalho, ao UOL Esporte.

Ideias não faltam. Frases para cardápio como "Sirvam-se de nossas façanhas", em alusão ao hino do Rio Grande do Sul, ou slogans como "Sabor Imortal", já brotam projetando o futuro da lanchonete oficial gremista.

"É uma ação totalmente inovadora. Seremos o primeiro clube do mundo a ter uma rede de fast food. Nossa gestão de marketing mira exatamente esta modernidade, este avanço para consolidar a marca ainda mais com público cativo", disse Beto.

A ação gremista teve por base uma série de estudos de mercado. O poder aquisitivo da torcida, a movimentação de renda em artigos do clube, a frequência que o povo brasileiro se alimenta fora de casa, tudo foi previamente estudado. "É um mercado que cresceu 400% em 10 anos", disse o diretor.

Através da rede, a ideia é fidelizar ainda mais os torcedores, desde criança. Neste ponto, haverá interação com outro produto gremista. Os personagens do DVD Greminis, lançado pouco antes do Natal e que teve ótima aceitação, tanto que vendeu 11 mil exemplares em uma semana, também devem ser utilizados para o público infantil.

"É um universo de coisas que podem ser feitas. O pequeno torcedor antigamente ia para o estádio meio sem saber o que estava acontecendo, e lá aprendia a torcer com os pais. Vamos facilitar isso. O gremista vai assistir o DVD, vai frequentar a loja, que também terá refeições para criança, e assim vai ficar cada vez mais próximo do clube", afirmou o diretor gremista.

A rede será formada através de uma parceria com a empresa Sports Food. O lucro gremista através das franquias se dará com percentual sobre tudo que for vendido. O clube não investe nada nas lojas, mas cede sua marca, que obviamente traz antes mesmo da formação da rede, um público cativo.

"O marketing tem que ousar, pensar no esporte, mas também em coisas novas que não só deem certo a curto prazo, mas que possam gerar lucros futuros", finalizou.

E o sócio gremista será beneficiado. Descontos promocionais em todos os produtos serão oferecidos com a apresentação da carteirinha de sócio do Grêmio. E duas vezes ao ano será instituído o 'Grêmio Day', um dia em que todo lucro da rede de lojas será do clube.

Mercado aprova ideia, mas com ressalvas

A reportagem do UOL Esporte colheu opiniões do mercado de marketing esportivo sobre a iniciativa do Grêmio. Algo novo, que pode ou não dar certo. Porém, com algumas ressalvas, a aceitação é boa, e principalmente a atitude é reverenciada.

"Hoje, 70% aproximadamente da renda de clubes de futebol vem de verbas da televisão. Há pouco mais de 10% do que chamamos de rendas periféricas, com licenciamentos. Na Europa há uma proporção muito maior. É fundamental os clubes irem para este lado. É uma alternativa que vejo com bons olhos. Mostra um perfil de gestão do clube", disse Fábio Senna, especialista em marketing esportivo e gerente geral de marketing do Canoas Vôlei.

"O público consome isso sim. Mas cabe ao clube fazer uma boa campanha de divulgação. Não adianta lançar e não ter nenhuma divulgação. Tem que ter investimento, estratégia. Pode dar certo sim. Mas tem suas particularidades. Tem que insistir, não adianta testar e depois desistir. Tem que se encarar como um negócio, um grande negócio. É muito bom, mas tem que ter planejamento", completou. "A ideia de apostar no primeiro consumidor, o público infantil, pode dar certo. É uma boa estratégia. Une mais a marca e fixa com os consumidores futuros",acrescentou.

Nem mesmo a rivalidade tradicional do Rio Grande do Sul tende a ser empecilho. Mesmo que logo de cara, nenhum torcedor do Inter vá comprar produtos na loja gremista. Mas isso pode ser vencido com o tempo.

"Temos que acabar com isso. É uma iniciativa que deve ser louvada. Ainda mais se tratando de clubes de futebol, que sabemos da dificuldade que é implantar uma ideia diferente e inovadora assim. Já temos empresas quebrando essa rivalidade. É uma maneira de fixar a marca em todo tipo de torcedor. Não temos que pensar que um determinado torcedor vai boicotar a ação. Tem público e é uma grande iniciativa", disse o consultor de marketing esportivo Gilmar Machado.

"Hoje se tem todo tipo de produto licenciado. Cerveja, caneca, roupa, até marca de arroz. Tem tudo a ver. Mas também há uma responsabilidade por monitorar o controle de qualidade. É como toda grande empresa faz", finalizou.

FOTO: UOL

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