O Santos demorou para anunciar o seu primeiro reforço e quando o fez, acabou cometendo um crime. Entregou a camisa 10, aquela que vestiu ninguém menos que o Rei Pelé, ao venezuelano Yeferson Julio Soteldo Martínez, 21 anos, e absolutamente nenhuma história no futebol.
Soteldo pode até ser um craque, pode até transformar-se num ídolo da torcida. A vida é cheia de coisas imprevisíveis. Mas ele, que começou no Zamora, da Venezuela, transferiu-se depois para o Huachipato e posteriormente para a Universidad do Chile, não tem ainda o perfil de alguém que mereça essa honraria.
Na temporada passada, jogou 37 partidas e fez 7 gols. Na seleção do seu país, disputou sete jogos, nenhum gol. Ah, sim, a Venezuela foi lanterna das Eliminatórias da América do Sul.
Mas Soteldo tem pelo menos um título no seu currículo: campeão venezuelano de 2016. Em seis anos de carreira, marcou apenas 37 gols.
Não se trata de preconceito ou qualquer coisa parecida. É uma questão até hierárquica. Lionel Messi precisou mostrar todo o seu talento para poder merecer a camisa 10 de Ronaldinho Gaúcho, no Barça. Antes, jogava com a 30.
Afinal, quem mereceria vestir a camsa 10 do Santos? No ano passado, você se recorda, ela foi usada por Gabigol, o artilheiro do Brasileirão. Se o Santos trouxesse, por exemplo, o PHGanso de volta, nada mais justo do que entregar-lhe a camisa do Rei. Ou então alguém como Ricardo Goulart, Hernanes, Arrascaeta, Rodriguinho - só pra citar contratações dos seus rivais nesta temporada.
Porém, os cartolas do Santos (ou teria sido o próprio Jorge Sampaoli?) entenderam que esse rapaz merece vestir a camisa 10 mais famosa de todo o planeta.
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