A única vez que ele começou e não terminou um ano no clube foi em 2009

A única vez que ele começou e não terminou um ano no clube foi em 2009

Ana Carolina Silva
Do UOL, em São Paulo

No São Paulo, dificilmente há quem sobreviva de um réveillon ao outro. Desde que o Campeonato Brasileiro adotou o formato de pontos corridos, em 2003, somente um treinador começou e terminou um ano no comando do time do Morumbi: Muricy Ramalho. E por quatro vezes.

Não havia como ser diferente com o tri brasileiro em 2006, 2007 e 2008, já que o Tricolor fechou os três anos em festa. Em 2013, ele voltou para substituir Paulo Autuori e disse ter encontrado um cenário em que atletas fingiam lesões, o que indicava possíveis problemas de insubordinação nas gestões anteriores.

Consciente das limitações do elenco, tirou o time da briga contra o rebaixamento e ainda foi vice brasileiro no ano seguinte, comandando um quarteto com Ganso, Kaká, Alexandre Pato e Alan Kardec, além da sombra de Luis Fabiano. Respeitado pela torcida, Muricy decidiu sair em 2015 para cuidar da saúde.

A única vez que ele começou e não terminou um ano no clube foi em 2009, quando foi eliminado da Copa Libertadores nas quartas e substituído por Ricardo Gomes - que iniciou 2010 no São Paulo, mas não aguentou o ano inteiro.

Nem mesmo Ney Franco, último a ganhar um título pelo Tricolor, conseguiu este feito. O treinador ficou no cargo por exatamente um ano, já que foi contratado em 5 de julho de 2012 e demitido em 5 de julho de 2013. Nenhum dia a mais.

Apesar da conquista da Copa Sul-Americana, Ney Franco teve atritos com Rogério Ceni, que questionou substituições e, em troca, foi acusado pelo técnico de reclamar "nos corredores" sobre contratações que não o agradavam.

Um problema parecido pode ter marcado a queda de Diego Aguirre neste domingo (11); parte da torcida acredita que o uruguaio teria perdido o controle do vestiário. O camisa 10 Nenê, por exemplo, se mostrou insatisfeito com substituições; Raí nega que isso tenha relação com a saída do técnico.

Entretanto, o aproveitamento de 55,8% de Aguirre no comando do time foi o melhor desde a última passagem de Muricy (2013-2015), que obteve 59.9% dos pontos disputados. A equipe está na quinta posição do Brasileiro após a 33ª rodada, com chances matemáticas de disputar a próxima Libertadores.

Mas mesmo se não tivesse caído, o uruguaio só quebraria uma marca específica de Muricy se começasse e terminasse 2019 no clube. Afinal, Aguirre não esteve na pré-temporada de 2018 e só assumiu o São Paulo em março, após a saída de Dorival Júnior - que, por sua vez, substituiu Ceni no ano anterior.

Veja a lista de técnicos do São Paulo desde 2003:

2003 - Oswaldo de Oliveira e Roberto Rojas
2004 - Cuca e Emerson Leão
2005 - Emerson Leão, Milton Cruz* e Paulo Autuori
2006 - Muricy Ramalho (campeão brasileiro)
2007 - Muricy Ramalho (campeão brasileiro)
2008 - Muricy Ramalho (campeão brasileiro)
2009 - Muricy Ramalho, Milton Cruz* e Ricardo Gomes
2010 - Ricardo Gomes, Milton Cruz*, Sergio Baresi e Paulo César Carpegiani
2011 - Paulo César Carpegiani, Adílson Batista, Milton Cruz* e Emerson Leão
2012 - Emerson Leão, Milton Cruz* e Ney Franco
2013 - Ney Franco, Milton Cruz*, Paulo Autuori e Muricy Ramalho
2014 - Muricy Ramalho (vice-campeão brasileiro)
2015 - Muricy Ramalho, Milton Cruz*, Juan Carlos Osorio, Doriva e Milton Cruz*
2016 - Edgardo Bauza, André Jardine*, Ricardo Gomes e Pintado*
2017 - Rogério Ceni, Pintado* e Dorival Júnior
2018 - Dorival Júnior, André Jardine*, Diego Aguirre e Jardine (até o fim do ano)

*assumiu o time interinamente

Foto: Reinaldo Canato/UOL

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