A manifestação da emissora ocorreu após o UOL Esporte questioná-la a respeito de uma entrevista de Mario Celso Petraglia

A manifestação da emissora ocorreu após o UOL Esporte questioná-la a respeito de uma entrevista de Mario Celso Petraglia

Leandro Carneiro e Thiago Rocha
Do UOL, em São Paulo (SP)

Detentora dos direitos de transmissão da maior parte das competições do futebol nacional, a Rede Globo manifestou desejo de reformular os campeonatos estaduais para um modelo mais atrativo e defendeu que o calendário nacional seja repensado em breve.

A manifestação da emissora ocorreu após o UOL Esporte questioná-la a respeito de uma entrevista de Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-PR. Ele afirmou que a Globo perdeu o interesse nos estaduais e não pretende mais adquirir os direitos de TV desses torneios a partir de 2020.

"Quero adiantar aqui, se vocês não sabem: em 2020, a Globo não comprará nenhum estadual. Ela não quer mais. Quer antecipar o calendário para fevereiro e quer vender publicidade, PPV (pay-per-view). O único que ficará até 2022 é o Paulista, que não há janela de rescisão", assegurou Petraglia à rádio Transamérica, de Curitiba, na noite da última terça-feira (6)."Em 2019, será o último ano. A partir de 2020 não terá mais. É deficitário", completou.

A nota enviada à reportagem, assinada por Fernando Manuel, diretor de direitos esportivos do Grupo Globo, não comenta a frase do dirigente nem o desmente, mas aponta para mudanças no futebol brasileiro que o torne mais viável comercialmente.

"De fato, tenho defendido que o futebol brasileiro repense o calendário, joga-se demais e com pouca orientação comercial na alocação de datas. Isso nos envolve, pois temos visão e objetivos comerciais, parceria com os clubes na venda do Premiere, e calendário é peça fundamental disso", defendeu Manuel.

Segundo apurou o UOL Esporte, estaduais como Mineiro e Gaúcho têm acordo fechado com a Globo até 2021. O mesmo acontece com o Paulistão.

No Rio de Janeiro, Globo e Ferj têm contrato até 2024. Já o acordo com o Flamengo, que fez negociação individual com a emissora, termina em 2019.

Fernando Manuel, no entanto, não se posicionou de forma contrária à existência dos torneios regionais. "Se os estaduais devem acabar no futuro? Não me cabe responder, mas sim ao ecossistema do futebol como um todo. Antes de um grande produto de mídia, eventos devem ser grandes produtos esportivos", prosseguiu o executivo da Globo.

"Em qualquer cenário, vejo pontos relevantes nos estaduais como a grande rivalidade, finais eletrizantes. Mas, olhando estrategicamente, tenho provocado reflexão sobre redimensionamento e reposicionamento dos estaduais. O fato de 1/3 do ano estar dedicado apenas a eventos regionais (se considerar torneios regulares, não o mata-mata que é incerto por natureza), traz efeitos colaterais, desde um inevitável distanciamento de receitas entre clubes por causa do seu estado de origem e perda de atenção plena do torcedor brasileiro no nosso futebol como um todo pois durante os estaduais cada mercado acaba ignorando o que acontece nos outros. Só quando tivermos as nossas grandes marcas competindo entre si de maneira regular a temporada toda endereçaremos para valer essas questões", finalizou Manuel.

Petraglia, que acusou a Globo de querer largar os estaduais em breve, tem sido voz ativa contra o monopólio do grupo na aquisição de direitos de TV. Em abril, o Atlético-PR decidiu exibir por conta própria a final do Campeonato Paranaense, contra o Coritiba, no Youtube e Facebook, já que a RPC, afiliada da Globo na região, não fechou acordo com os rubro-negros.

* Colaborou Napoleão de Almeida.

Foto: Ale Cabral/AGIF (via UOL)

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