Italiano falou com exclusividade ao Bella Macchina do Portal Terceiro Tempo. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Italiano falou com exclusividade ao Bella Macchina do Portal Terceiro Tempo. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

O italiano Mario Isola, diretor mundial de esporte a motor da Pirelli, falou com exclusividade ao Bella Macchina do Portal Terceiro Tempo durante sua estada no Brasil, na semana do GP disputado no último domingo (12), em Interlagos. 

No jantar, que aconteceu no Sutton Club e Restaurante, no Itaim Bibi, zona sul da capital paulista, Mario Isola, que estava acompanhado de Roberto Boccafogli (chefe de comunicação de F1 da Pirelli) e de Anthony Peacock (comunicação de Motorsport da Pirelli), fez um balanço sobre os compostos que a Pirelli desenvolveu para a atual temporada, que se encerra no próximo dia 26 em Abu Dhabi. Isola lembrou a profunda mudança no regulamento, tanto na parte aerodinâmica dos carros como nas novas dimensões dos pneus, mais largos, que levaram a empresa italiana a um intenso trabalho.

Ele também relembrou a mudança de enfoque exigido pela F1, que inicialmente (para a temporada de 2011), pediu compostos com um nível maior de degradação, a fim de que houvesse mais pit-stops e, consequentemente mais ultrapassagens, e a dinâmica atual, para compostos com maior durabilidade e o trabalho intenso para inovações que serão implementadas em 2018.

A ausência de pilotos brasileiros também foi comentada por Isola, que utilizou a Itália como exemplo, pois sua terra natal vive situação semelhante, embora, como ele ressaltou, a Ferrari preenche bem essa lacuna.

Por fim, Isola foi questionado a respeito da grande mudança prevista para 2021 na F1, com novos motores, o que levará a uma nova abordagem no quesito pneus. O contrato da Pirelli com a categoria se encerra em 2019, mas o diretor demonstra interesse em que a Pirelli permaneça no fornecimento dos compostos por um longo período.

BALANÇO SOBRE OS PNEUS UTILIZADOS EM 2017

Mario Isola — Nós estamos felizes com o resultado, porque não foi fácil com o novo regulamento. Nós tivemos que criar um pneu sem termos um carro com as configurações aerodinâmicas que entraram em vigor, mas a performance dos carros novos foram bem melhores. Tivemos que fazer pneus completamente diferentes do que utilizamos no ano passado, tivemos que reconstruir tudo, fazer um novo produto, e na realidade eu digo que foram sete novos produtos, pois temos cinco compostos slick, um intermediário e um para chuva.

Os compostos utilizados pela Pirelli na temporada de 2017, que termina no próximo dia 26, em Abu Dhabi. Foto: Divulgação/Pirelli

O TRABALHO DA PIRELLI PARA CHEGAR AOS PNEUS ATUAIS DA F1

Mario Isola — Começamos os testes em agosto de 2016 e tivemos que definir todos os sete produtos até novembro, apenas três meses, então foi um trabalho muito pesado, mas estamos felizes. Os pilotos sentiram imediatamente uma grande diferença, eles sentiram a aderência, a resistência ao aquecimento e passaram a forçar mais os pneus, e para nós esse é o melhor resultado, porque nós cumprimos com o que foi proposto.

OUTRO ENFOQUE

Mario Isola — No começo (para a temporada de 2011), nos pediram para que fizéssemos pneus com um nível maior de desgaste, para proporcionar mais pit-stops e ultrapassagens, e nós fizemos. Então, começaram a pensar que nós não seríamos capazes de fazer algo diferente e quando nos pediram algo diferente nós fizemos também. Então nós demos mostras de que temos tecnologia e pessoas para fazer isso, e nós entregaremos novamente o que eles pedirem. Para 2018 nós teremos um novo produto, traremos melhorias e continuaremos a trabalhar em alta velocidade, não apenas por causa da F1. O tempo para desenvolver um pneu para carros de rua é entre 2 e 3 anos e na F1 entre 4 e 5 meses, mais ou menos.

 Anthony Peacock, Mario Isola e Roberto Boccafogli. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

 

 

 

BRASIL SEM PILOTOS NA F1 EM 2018

Mario Isola — Eu sei que é um problema, porque precisamos de pilotos de diferentes países, e temos o mesmo problema na Itália, pois hoje não há nenhum piloto italiano no grid da F1. E é obviamente muito mais difícil que as pessoas desenvolvam paixão quando não tem um piloto nacional. Por outro lado, na Itália, temos a Ferrari, que cria uma paixão afora, mesmo sem um piloto italiano. Me lembro, quando era criança, eram muitos pilotos italianos no grid e a F1 era muito mais popular. Bem, mas também temos na MotoGP pilotos como Valentino Rossi e Andrea Dovizioso, e eu entendo o quão importante é ter um piloto local.

O Brasil é um mercado realmente importante, um grande mercado, e vocês merecem ter um piloto brasileiro na F1. Agora o Felipe infelizmente irá se aposentar, mas eu não acredito que vocês não tenham bons pilotos na F1 em dois ou três anos.

Sem Felipe Massa, nenhum piloto brasileiro estará no grid da Fórmula 1 em 2018. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

NOVOS PILOTOS

Mario Isola — Nós trabalhamos muito no desenvolvimento de jovens pilotos, temos vários programas com a confederação nacional para identificarmos os verdadeiros talentos do Kart até a F1. Então, por exemplo, nós temos vários programas de suporte, como na GP3, F2, F-Ford em vários países para dar chance para os bons pilotos para crescer, porque o automobilismo é um esporte caro, e algumas vezes você tem pilotos que crescem porque tem dinheiro, não porque têm talento. Nós queremos pilotos com talento, não com dinheiro. Então queremos ajudar os pilotos que mereçam isso para crescer.

NOVOS MOTORES EM 2021... NOVOS PNEUS...

Mario Isola — O nosso contrato vence no final de 2019, mas nós estamos interessados por um longo tempo na Formula 1. Nós temos uma ótima relação com a FIA, com a FOM  e com as equipes, então, geralmente quando definem um regulamento técnico, nós estamos envolvidos em vários aspectos desses processos, e o passo é receber os dados do simulador das equipes.

Com os dados dos simuladores das equipes, nós teremos uma ideia sobre velocidade, carga, aceleração e stress nos pneus. E com essa informação nós conseguiremos iniciar o projeto. Depois irá depender do prazo que será definido. Como eu disse, para esse regulamento, que é uma grande mudança comparando com o do ano passado, que eles definiram no final de 2015 com o novo tamanho dos pneus sem novembro de 2015. Assim, começamos a trabalhar imediatamente nisso. Vimos as simulações das equipes várias vezes. Desenvolvemos nosso modelo de pneu, demos às equipes e elas desenvolveram o modelo no carro, isso permitiu constantes melhorias.

São ciclos de desenvolvimento que nos aproxima cada vez mais do carro final e nós temos a possibilidade de desenvolver melhores produtos. Com os novos motores nós analisaremos as simulações e começaremos a desenvolver o modelo. É um processo complicado, mas na F1 você tem o topo da tecnologia, por isso é preciso trabalhar desta forma. 

Eles tem atenção aos detalhes, que algumas vezes eu chamo de paranoia (risos). Às vezes eles te fazem perguntas como: `Este pneu está 20 gramas mais pesado, então eu vou querer usar outro para a corrida´, mas são 20 gramas em um pneu de 12 quilos... E nós aprendemos muito na F1, em processos de produção controle de qualidade, materiais, desenvolvimento, etc.

PNEUS DE F1 E PNEUS PARA CARROS DE RUA...

Mario Isola — Se você olhar para um carro de Fórmula 1 pode me perguntar o que é semelhante com um pneu de rua... Tem 30 polegadas, largo assim, tem um composto que dura duzentos quilômetros, então nós não podemos fazer um pneu de rua que dure por duzentos quilômetros, não deixaríamos nossos clientes felizes se precisassem trocar os pneus a cada duzentos quilômetros. Mas em termos de modelagem, materiais, controle de qualidade da produção. Nós fornecemos pneus em uma escala 60% menor para serem testados no túnel de vento para simular aerodinâmica e por aí vai. É bem complicado, não é apenas diminuir o tamanho, é uma abordagem completamente diferente e nós aprendemos isso, todo dia você aprende.


 

O italiano Mario Isola, diretor mundial de esporte a motor da Pirelli e Marcos Júnior Micheletti. Isola falou com exclusividade ao Bella Macchina do Portal Terceiro Tempo no Sutton Club e Restaurante. Foto: Cadu Tupy/Pirelli

 

Jantar aconteceu no Sutton Club e Restaurante, na cobertura de um edifício no bairro do Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT


     

 

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