O teor dos ataques mudava, mas o alvo foi sempre o mesmo: após reunião realizada nesta quarta-feira, em São Paulo, pulularam acusações de irregularidades na gestão da Conmebol

O teor dos ataques mudava, mas o alvo foi sempre o mesmo: após reunião realizada nesta quarta-feira, em São Paulo, pulularam acusações de irregularidades na gestão da Conmebol

por Guilherme Costa e Vanderlei Lima
Do UOL, em São Paulo

O teor dos ataques mudava, mas o alvo foi sempre o mesmo: após reunião realizada nesta quarta-feira, em São Paulo, pulularam acusações de irregularidades na gestão da Conmebol, entidade responsável pela condução do futebol na América do Sul. Além de divergências nos balanços financeiros da instituição, representantes dos clubes dizem ter provas de que ao menos US$ 50 milhões foram desviados nos últimos quatro anos.
A reunião contou com 20 clubes da América do Sul, dez ex-jogadores, três sindicatos nacionais de atletas (Brasil, Paraguai e Uruguai) e a Fifpro, entidade internacional que representa jogadores de futebol. No encontro, advogados uruguaios apresentaram um dossiê elaborado pela consultoria PricewaterhouseCoopers sobre as finanças da Conmebol.
"Esse é um movimento para fazer valer o que é certo, justo e sério. O que foi apresentado é uma das maiores vergonhas que eu já pude ver. Não podia imaginar que existisse uma instituição tão corrupta e que fizesse tanto mal ao esporte", disse Romário, ex-jogador e atual deputado federal.
Um dos pontos apresentados na reunião foi uma proposta feita pela empresa Global Sports Partners pelos direitos de mídia da Copa Libertadores. A Conmebol rechaçou a oferta, a despeito de ela representar um acréscimo de US$ 30 milhões no faturamento.
"Não podemos generalizar. Sabemos que a maioria dos dirigentes é formada por pessoas que se dedicam aos clubes sem ganhar sequer um peso, mas não podemos aceitar os que usam o futebol apenas para tirar dinheiro", cobrou Eduardo Ache, presidente do Nacional de Montevidéu.
Segundo um dirigente ouvido pelo UOL Esporte, os advogados uruguaios apresentaram provas irrefutáveis de que a Conmebol desviou US$ 50 milhões do contrato de direitos de mídia da Libertadores nos últimos quatro anos. Esse material será entregue à Fifa com um pedido de abertura de processo.
O valor total do desvio identificado por clubes e auditoria na Conmebol ainda é incerto. Nos últimos dois anos, de acordo com os advogados uruguaios, há indícios de sumiço de US$ 120 milhões dos cofres da entidade.
"Esta é a revolução do futebol. Temos vergonha de tudo que acontece na Conmebol e de como os clubes estão enfraquecidos", criticou o ex-goleiro paraguaio José Luis Chilavert.
A questão financeira foi o cerne do debate sobre a gestão da Conmebol. "É inaceitável que os clubes da Libertadores recebam de TV 1,7% do que as equipes que disputam a Champions League", reclamou Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e um dos principais articuladores do evento desta quarta-feira.

Foto: UOL

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