O jogo teve um bom ritmo no início, mas logo a qualidade caiu e o nervosismo tomou conta da final

O jogo teve um bom ritmo no início, mas logo a qualidade caiu e o nervosismo tomou conta da final

Arthur Sandes, Bruno Grossi e José Eduardo Martisn
Do UOL, em São Paulo

O Corinthians pode não ter o melhor futebol do mundo, mas mesmo aos trancos e barrancos levantou mais uma taça na tarde de hoje, em sua Arena. O Timão é campeão paulista de 2019 por vencer o São Paulo por 2 a 1 em um clássico frio demais na decisão. Danilo Avelar abriu o placar, Antony empatou, e Vagner Love fez o gol do título alvinegro pouco antes do término do 2º tempo.

É o 30º título paulista do Corinthians, que amplia sua hegemonia como maior campeão estadual. O tricampeonato de 2017, 18 e 19 entra para a história por acontecer 80 anos depois do último tri corintiano, conquistado em 1939 - as outras trincas aconteceram em 1922/23/24, 1928/29/30.

O jogo teve um bom ritmo no início, mas logo a qualidade caiu e o nervosismo tomou conta da final. O Corinthians conseguiu abrir o placar com Danilo Avelar, em jogada aérea, e pouco depois, Antony empatou com chute de fora da área.

No segundo tempo, Cássio e Volpi praticamente não tocaram na bola. Os times começaram a se acostumar com a ideia de disputar a taça nos pênaltis. O goleiro são-paulino, inclusive, chegou até a fazer cera. Foi ele levantar, o juiz dar autorização para o jogo continuar que o Corinthians fez o gol do título com Vagner Love aos 44 minutos do 2º tempo.
Tranquilidade, mosaico e incêndio

A chegada dos torcedores ao estádio foi tranquila. Na Arena, os alvinegros preparam uma festa com mosaico e queima de fogos. Porém, os rojões disparados em um terreno ao lado do palco da decisão causaram um princípio de incêndio, que logo foi contido.
Meia hora de nervosismo

O primeiro terço do jogo teve mais erros de passe e divididas fortes do que chances reais de gol. O clima estava tão tenso que Manoel e Reinaldo se encararam feio depois de uma disputa aérea e tomaram bronca do árbitro Raphael Claus. Na bola, o lance de destaque neste período foi de Everton, que escapou bem pela esquerda e ganhou na corrida, mas chutou torto.

Avelar mostra estrela na bola aérea

Foram três bolas alçadas na área em sequência até Danilo Avelar abrir o placar na finalíssima. Em jogada ensaiada que partiu da cobrança de Sornoza, Ralf cabeceou para a pequena área e ali viu o lateral esquerdo empurrar a gol. Foi o quinto do vice-artilheiro alvinegro em 2019 - só Gustagol tem mais. O lateral esquerdo já havia marcado contra o Palmeiras na primeira fase do Estadual, agora volta a marcar em clássicos.

Antony chama o jogo volta a marcar gol decisivo

Depois de ser essencial para o São Paulo se classificar para o mata-mata do Campeonato Paulista, Antony voltou a chamar a responsabilidade em um momento crítico. O atacante havia marcado o primeiro gol como profissional na última rodada da fase de grupos do Estadual, no empate por 1 a 1 com o São Caetano. E após cinco partidas sem balançar as redes, a história se repetiu. O Corinthians já celebrava a vitória parcial no primeiro tempo quando, aos 47 minutos, Antony pegou sobra após jogada de Igor Gomes, driblou Danilo Avelar e bateu no cantinho de Cássio para empatar. Antes de descer para o vestiário ao fim do primeiro tempo, em uma demonstração de união, os jogadores do São Paulo se reuniram no gramado da Arena.
Torcida entoa canto homofóbico

Apesar de uma campanha contrária à homofobia pedir o fim dos gritos de "bicha" na Arena, boa parte dos torcedores entoou o canto preconceituoso antes e durante o clássico. Os cantos homofóbicos começaram antes mesmo de a bola rolar: durante o recebimento das equipes, subiu o grito de "vamos, Corinthians, dessas bichas teremos que ganhar". Depois, o xingamento reapareceu a cada vez que o goleiro tricolor Tiago Volpi bateu um tiro de meta.
Foram bem: Alto nível no duelo Ralf x Igor Gomes

Na teoria Ralf e Igor Gomes disputariam a mesma faixa de campo e fariam duelo direto quando o São Paulo atacasse na finalíssima. Na prática, porém, o meia são-paulino fugiu da marcação do volante para assim ter mais espaço. Com isso, tanto Igor Gomes quanto Ralf tiveram ótimas atuações: o corintiano ganhou quase todas as disputas defensivas e ainda teve fôlego para apoiar, algo que não faz com frequência; já o tricolor armou a jogada do gol de Antony, além de ter sido o cérebro de um meio-campo que nem sempre acompanhou seu raciocínio.
Clássico vira jogo de xadrez após intervalo

Cuca mudou o São Paulo já no intervalo, acionando Hernanes como falso 9 no lugar de Everton Felipe. Pouco mudou na prática, e Carille só decidiu tornar o Corinthians mais agudo aos 20 minutos, quando Vagner Love entrou no lugar de Pedrinho. O Tricolor respondeu com Léo e Willian Farias em campo, o que deslocou Reinaldo para o meio e, minutos depois, para a ponta esquerda. O clássico foi bem frio durante todas estas trocas, e as únicas chances foram em chutes ousados demais de Gustagol e Léo.
Experiência de Love decide o título

Em uma reta final sem grandes emoções, o Corinthians encontrou o gol do título em um dos únicos contra-ataques que armou no jogo inteiro. Uma bola espirrada por Sornoza sobrou para o próprio equatoriano, que aí tratou ela melhor e lançou na medida para Love bater de primeira. Erro defensivo da zaga são-paulina, que deixou o camisa 9 livre. Daí em diante o clássico pegou fogo, porque o São Paulo se lançou ao ataque pelo empate. O Timão ainda teve a chance do terceiro, mas Clayson tomou decisão completamente errada. A esta altura, porém, o desperdício foi perdoado: a Arena já gritava "tricampeão".

Foto: Marcello Zambrana/AGIF (via UOL)

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