Depoimentos de Luiz Gustavo, Narciso, Vivi Brilho, Marta Teixeira, Carol Santos, Hudson Teixeira e Paulo Valentim referentes à causa negra!

Depoimentos de Luiz Gustavo, Narciso, Vivi Brilho, Marta Teixeira, Carol Santos, Hudson Teixeira e Paulo Valentim referentes à causa negra!

Hoje é o Dia da Consciência Negra. Lamento, e não compreendo, a data ser um feriado municipal. Espalhado por algumas cidades, não em todas, de alguns Estados, não em todos.

Ao contrário do paulistano 25 de janeiro e do paulista 9 de julho, Consciência Negra deveria, óbvio ululante, ser um feriado nacional! Mais do que lembrar e homenagear Zumbi dos Palmares (o que, por si só, já merecia a data comemorativa), a data deveria ser aproveitada, na minha branquela opinião, para a reflexão da nossa miscigenada população brasileira como um todo.

Sem a pretensão de ser o dono da verdade, apenas o compromisso de dizer a minha verdade, faço aqui no BLOG DO VITÃO a minha reflexão. E convido a todos os leitores e amigos, brancos e negros, a fazerem o mesmo.

1) Tenho a consciência de que a minha cor de pele e o meu cabelo liso jamais foram motivo de preconceito. E por mais que tente me colocar no lugar de quem sofre esse tipo de violência ignóbil, não é a mesma coisa. Dor não se imagina, sente-se. Só depois que tive pedra nos rins _ok, reconheço que sou fraco para dor_ tive a exata dimensão de que o bagulho é insano.

2) Tenho a consciência de que as “gerais” que tomei na vida, e foram algumas, jamais teve qualquer relação com a minha cor de pele. Normalmente foram em cercanias de estádios por estar vestido como torcedor ou saída de casas noturnas... Ou por estar na companhia de amigos negros. Que são alvos preferenciais desse tipo de abordagem, mesmo quando elas são feitas por policiais negros!

3) Tenho a consciência de que as pessoas não atravessam a rua, à noite, só pelo fato de eu estar passando no local. E olha que não sou conhecido por, como diria?, vestir-me de uma forma considerada a mais elegante pelo padrão coxinha da sociedade.

4) Tenho a consciência de que os termos “denegrir”, “cabelo ruim”, “a coisa tá preta” e similares são usados comumente pela sociedade, inclusive por pessoas que não são contaminadas pelo abjeto vírus do racismo. Acredito que isso ocorra porque o preconceito contra o negro está interiorizado e é relevado, aceito como algo normal... Como um mendigo que dorme na calçada: é um absurdo, mas como está sempre lá, não choca mais ninguém.

5) Tenho a consciência de que as mulheres com quem tive relacionamento formal, o chamado namoro, compromisso, não tiveram problemas relacionados a cor da minha pele para, por exemplo, me apresentar aos familiares e aos amigos.

6) Tenho a consciência de que nenhuma mulher, branca, amarela ou negra, transou comigo só por curiosidade para saber como é um branco na cama ou, mais especificamente, para conhecer um pênis branco, como se fosse algo exótico, diferente da "normalidade".

7) Tenho a consciência de que ser branco jamais foi um empecilho para arrumar emprego ou para ser aceito em qualquer grupo do meu relacionamento pessoal ou profissional.

8) Tenho a consciência de que na minha turma de graduação, no universo de cerca de 70 alunos, havia dois ou três negros (lembrando que Jornalismo, como qualquer curso da área de Humanas, tem preço mais acessível que os cursos de exatas e, especialmente, biomédicas). E que, na turma da pós-graduação (Letras: Português, Língua e Literatura), em um grupo de aproximadamente 25, não tinha um negro.
 
Esses números me fazem ser absolutamente favorável às chamadas ações afirmativas, às cotas. Não é o ideal, óbvio, mas é o justo. E continuará sendo enquanto o ensino público não for universalizante e do mesmo nível do ensino privado. Falar em meritocracia enquanto uns só estudam, e nos melhores colégios, enquanto outros trabalham, sustentam a família e, quando dá tempo, estudam (quando não há aula vaga por falta de professor) é de uma miopia armagedônica!

9) De formação e família católica, tenho a consciência de que a minha religião nunca foi um problema para as pessoas. Continuo cristão, mas, depois do nascimento do meu filho, que me aproximei e adotei a doutrina espírita (Kardecismo), algumas pessoas acham estranho, me olham de lado, desconfiadas... Mas, como espiritismo é leigamente conhecido como “mesa branca”, é um pé-atrás leve, nada que se compare ao enorme preconceito sofrido pelas pessoas adeptas da Umbanda e do Candomblé, religiões, estatisticamente falando, de maioria negra.

10) Tenho a consciência de que a minha opinião sobre a causa negra é absolutamente irrelevante. Por isso, convidei pessoas muito mais gabaritadas, das mais diversas áreas, para falar sobre o tema. Meu muito obrigado ao atleta Luiz Gustavo (volante da seleção brasileira), ao ex-jogador e técnico Narciso dos Santos, ao professor Hudson Ventura Teixeira, à brilhante jornalista Marta Teixeira, à batalhadora produtora Carol Santos, ao embaixador do samba Paulo Valentim, à educadora infantil Viviane Santos. Muito obrigado a vocês por aceitarem o convite!
 
Quem se interessa pelo tema, faço o convite para ler, no próximo sábado, dia 22 de novembro, a coluna Caneladas do Vitão, no jornal Agora São Paulo. A crônica, intitulada "Valeu, Zumbi!", também será em referência à consciência negra. E, ainda alusivo a temática negra (não só negra, mas da realidade da periferia e da cena hip-hop), o BLOG DO VITÃO publicou uma entrevista exclusiva com o rapper Rael no último domingo: aqui!.
 
Ser negro (*Por Luiz Gustavo)
O que é ser negro? Ser negro é a mesma coisa que ser branco, amarelo ou índio. Ou ao menos deveria ser assim. E, infelizmente, não é assim.

Talvez por uma questão histórica de posicionamento da raça. Não sei...

Mas gosto de ser negro. Não me sinto frágil ou vítima.

No futebol somos muitos, os que fazem o esporte acontecer. Somos muitos dentro e fora de campo. Mas mesmo assim, ainda existem homens que se deixam levar pelar cor da pele, tadinhos. Como se isso fosse definir quem ganha ou perde.
 
Com o racismo, perdemos todos!

O feriado entendo ser uma forma de homenagear os negros que um dia lutaram por sua liberdade. Lutaram contra a escravidão. É uma forma de preservar viva a luta de Zumbi dos Palmares. Assim como temos o feriado de Tiradentes, um líder branco, que tentou lutar contra algo que sentia estar errado.
 
* Luiz Gustavo, 27 anos, é volante da seleção brasileira e do Wolfsburg, da Alemanha
 
Data para reflexão (Por *Narciso do Santos)
Esta quinta-feira, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra.

Na minha opinião, não é um dia de comemorações, mas para se refletir que estamos distantes de uma sociedade em que todas as pessoas têm as mesmas oportunidades.

A questão do preconceito racial existe em todo o mundo. No Brasil, mesmo havendo uma integração maior, ainda são registrados muitos casos.

No futebol, basta relembrar os atos lamentáveis que o goleiro Aranha, do Santos, sofreu na Arena do Grêmio.

Felizmente, não passei por nada parecido no período em que fui atleta. Nem depois que passei a atuar como treinador.

Nessa data, espero que todas as pessoas parem para pensar no que cada um pode fazer para que coisas desse tipo não se repitam.

Citando um trecho do célebre discurso de Martin Luther King, nos Estados Unidos, no final dos anos 1960, eu também tenho um sonho. O sonho de ver um Brasil melhor para todos. Um país livre do preconceito.

Aí, sim, teremos o que comemorar nos próximos dias 20 de novembro.

* Narciso dos Santos, negro, 40 anos de idade, foi zagueiro do Santos, Flamengo e Seleção Brasileira. Desde 2008 trabalha como técnico e atualmente comanda do Penapolense.
 
 
Não queremos compaixão: apenas respeito! (*Por Hudson Ventura Teixeira)
Nasci em Tietê-SP, em 1935. Senti desde muito o preconceito e a discriminação. Os clubes sociais eram separados, e o único clube esportivo era dos brancos e a seleção, para admissão, era feita através de valores econômicos.

Isso era cultural. Até os clubes esportivos de São Paulo foram construídos na beira dos rios Tietê e Pinheiros, por castas econômicas e étnicas , onde pobres e negros, que eram serviçais, não podiam conviver em espaços com seus “superiores”.

Dessa maneira , ao lado desses clubes, existiam áreas espaçosas, ou seja várzea, local onde os pobres e negros improvisavam o seu futebol. Surgiu então o futebol varzeano . Daí saíram alguns negros, que, recrutados por performances técnicas, foram para clubes dos brancos. E tiveram até de usar disfarces (pó de arroz). Cresci assistindo à essa historia, com esse preconceito dissimulado e muito difícil de ser quebrado.

Depois de quase 400 anos de escravidão, os negros eram enxergados por muitos como inferiores, mercadoria de troca. Não tinham direitos, como se não fossemos humanos. Até hoje a quem não reconheça os danos causados pela escravidão à raça negra, as proibições, a perda da identidade, o tratamento indigno.

Nasci em 1935, tenho 79 anos e sou da segunda geração pós-abolição da escravatura. Ingressei na Escola Superior de Educação Física de São Paulo, hoje da USP, indicado pelo departamento de Educação Física e Esportes do Estado de São Paulo para lecionar no Arquidiocesano. Por motivos sociais, por tratar-se de um colégio de elite, o reitor precisou consultar o conselho da escola para eu ser aceito.

Lutei muito, não tive dificuldades com os alunos, mas percebi algumas dúvidas em relação aos pais. Dúvidas que desapareceram com o tempo. Depois de 31 anos, fui promovido à diretoria de departamento educacional do Arqui. Durante esse tempo na docência, pude perceber as dificuldades dos nossa minoria negra que estudava no colégio e me sentia como um contraponto referencial desses meus irmãoszinhos.

Quanto aos alunos brancos, não tive problema algum, nosso relacionamento foi perfeito, assumi uma liderança positiva, mas senti por parte de adultos um certo mal-estar pelo fato de eu ser negro.

Diante da minha liderança junto aos alunos e desempenho como técnico, fui até indicado para ser coordenador de esportes de um grande clube de São Paulo, mas vetado pelo conselho do mesmo. E soube que foi pelo fato de eu ser negro.
 
Então, amigos, o Dia da Consciência Negra, da comemoração da morte do líder negro democrático Zumbi dos Palmares, em cujo quilombo, viviam cordialmente negros, índios e brancos, tem como objetivo principal um olhar para a humanização da raça humana: o principal é esquecer a superioridade pela cor da pele, aceitar a diversidade, reconhecer o outro como seu irmão e digno de seu amor.

Dessa maneira, não é um dia de cumprimentos e sim de reflexão, nós negros somos competentes, não queremos compaixão e sim que não sejamos barrados por discriminação ou preconceito.
 
* Hudson Ventura Teixeira, 79 anos, professor aposentado, lecinou por 43 anos no Colégio Marista Arquidiocesano, tem oito livro didáticos publicados pela editora Saraiva e é membro do Pantathlon de São Paulo
 
 
Minha cota de contribuição à necessária reflexão (*Por Marta Teixeira)
 
Quando recebi o convite para escrever este texto para o Dia da Consciência Negra, me disseram que poderia abordar o preconceito sobre a mulher no esporte, área na qual atuo. Mas vamos deixar isso para o Dia do Trabalho, não é?! Hoje, vamos falar sobre raça. Eu sou negra, e você? 
Aliás, que tal avançarmos um pouquinho mais e falarmos sobre consciência? A minha está aberta à reflexão, e a sua?

Morena, mulata, cabocla, cabrocha, da cor do pecado... Confesso que já ouvi de tudo ao longo da vida. Brasileiro usa qualquer adjetivo para evitar a palavra negro, como se temesse ofender o outro ao fazê-lo. Não está. Negro é raça e raça é identidade. Por isso um Dia da Consciência Negra.

Esqueça o discurso simplista de que é apenas mais um feriado no calendário. Isso só é verdade se nós permitimos ser assim. O propósito da data é suscitar o debate, fazer com que nos lembremos de que longe dos ideais de “país sem racismo”, a mentalidade brasileira ainda se debate entre a casa grande e a senzala e muitos negros também se recusam a se perceber como tal. Então, quando me perguntam se sou contra ou a favor da data, minha resposta é a favor. O que vamos fazer neste dia é responsabilidade nossa.

Os Estados Unidos têm o dia de Martin Luther King, um dos três únicos feriados nacionais em homenagem a uma pessoa. Sempre me lembro de um episódio da série “Todo mundo odeia o Chris” no qual o personagem principal tinha de escrever uma redação sobre um negro que admirava. Nas milhares de redações que você já fez na escola, alguma teve tema semelhante? Além do ensino burocrático do sistema escravagista implantado no Brasil, lembra-se de algum debate na escola sobre a questão dos negros brasileiros? Será que, em um país tão miscigenado, somente Zumbi fez algo significativo?

Para os americanos, Martin Luther King simboliza a luta pelos direitos sociais para os negros. Aqui, quem não vê nada semelhante no Dia da Consciência Negra, argumenta que negros e brancos desde muito tempo compartilham os espaços sociais. Confesso que no meu universo, nunca me senti deslocada pela minha cor. Mas será que somos mesmos vistos como iguais?

Certa vez, sentada em uma praça de alimentação testemunhei uma cena sugestiva. Três meninas pararam em frente a uma vitrine para escolher o que queriam. Quando saíram, um grupo de rapazes da mesa ao lado começou a comentar. Concluíram que todas tinham lá os seus encantos, até a mulatinha que estava junto. Segundo um deles, ela, provavelmente, devia ser a empregada, mas, nem por isso, não dava para o gasto.

Fiquei pensando que o tempo passa, mas mantemos certos preconceitos dos quais nem nos damos conta. Nós os confundimos com brincadeiras inocentes. Hoje, um (a) negra (o) usa o cabelo black e se orgulha de sua beleza. Mas nem todo mundo entende isso. Eu sei. Depois de dizer adeus à escova definitiva, cansei de dizer “não, obrigada” em salões de beleza que me aconselhavam a fazer um amaciamento nos cabelos que de bonitos passariam a ficar “lindos”.

A resposta americana à percepção destas diferenças foram ações afirmativas, aqui transformadas no sistema de cotas. Durante muito tempo, eu me perguntei se era contra ou a favor.

Um dia, fazendo uma matéria no estádio do Corinthians, eu e outros repórteres enumerávamos as agruras da nossa escolha profissional (estávamos literalmente em baixo de chuva, amassando barro do lado de fora, tentando obter informações depois da queda do guindaste que causou a morte de um operário). Cada um de nós era mais “sofrido” do que o outro. Brinquei dizendo que tinha fortes argumentos por ser mulher, proletária, negra e baixinha. Outra repórter não teve dúvidas e emendou: ah, não vai você também querer tirar vantagem de cota!

Comecei a pensar sobre a situação. Filha de um mestre de obras e uma doméstica-cozinheira, estudei a vida inteira na rede pública. Mesmo assim, passei em terceiro lugar no vestibular para jornalismo, peguei primeira chamada em letras na USP, fiz uma especialização, uma pós em jornalismo internacional e aprendi três idiomas. Tudo trabalhando para ajudar em casa e muito antes de qualquer possibilidade de cotas ser minimamente considerada em nosso sistema educacional.

Meus irmãos percorreram caminho mais difícil. Eu, a caçula, fui a primeira da família a concluir o ensino superior. Eles só tiveram a oportunidade bem depois. Seria fácil me juntar ao coro dos que exortam a força de vontade e o esforço pessoal como suficientes para igualar as chances entre qualquer candidato.

Não é, e não digo isso me sentindo uma pessoa especial. Apenas sei exatamente o custo de cada uma das minhas conquistas. Outros tempos, outra realidade. Ou alguém acredita que o ensino hoje é o mesmo de 30 anos atrás? Aliás, com a quarta série primária minha mãe não trocava conjugação de verbo, nem errava concordância de número ou gênero nas frases. Hoje em dia, cinco minutos ouvindo a conversa de estudantes no ônibus bastam para provar que as coisas mudaram... E bem!

Então, quando pessoas cultas não enxergam na cota nada mais do que um privilégio, penso que há algo muito errado. Defendo a cota como oportunidade de igualdade e aí, destaco outra questão: a cota universitária ou em concurso público, por si só não é resposta a nada. De que adianta colocarmos negros em faculdades que, daqui a pouco, podem perversamente ver no achatamento da qualidade de ensino a solução para que todos possam “acompanhar” os cursos?

A mudança precisa começar pela base: educação pública de qualidade. Porque é lá que estuda o negro, o branco, o índio e o oriental pobre. Aliás, para mim, a cota, a oportunidade precisa levar em conta esta realidade. Quem não se lembra do candidato loiro, de olhos claros, formado em medicina, de classe média alta que se autodeclarou afrodescendente e foi aprovado na primeira fase do concurso para o Ministério do Exterior?
A cor da pele não deveria ser o foco principal, seu histórico social sim. Será que ele realmente enfrentou dificuldades na sua formação educacional. Cor da pele, histórico social ... a cota justa precisa levar tudo isso em consideração.

Então, meu caro, se, no Dia da Consciência Negra, eu o fiz gastar dez minutos do seu “feriado” lendo este texto e se com isso você se der ao trabalho de pensar sobre o assunto, se posicionando contra ou a favor, com argumentos reais, já me sinto com a missão cumprida. Pelo menos, neste ano, para mim e para você, o Dia da Consciência Negra atingiu o seu propósito.

E quando estivermos cansados de pensar sobre e agir a respeito de tudo isso, quem sabe essa data não se torne desnecessária?
 
* Marta Teixeira, 45 anos, é paulistana, jornalista formada pela Universidade Metodista de São Paulo e, desde 1999, trabalha como jornalista esportiva. Atualmente brilha nas páginas do "Diário de S.Paulo"
 
 
O Palmeiras também é dos negros!
 
Eu, Vitor Guedes, não revelo meu time de coração de jeito nenhum.... Só digo que ele é minha vida, minha história, meu amor.... E que ele fica na minha zona leste, minha pátria adotiva (nasci no Bixiga, no saudoso Hospital Matarazzo, e fui criado na ZS, Vila Santa Catarina, Saúde, Caraguatatuba, Vila Clementino, e adotei, por inexplicável amor e convicta opção, a ZL). Mas, como as pessoas, especialmente as que me leem, são inteligentes, acabam descobrindo que o fato de o meu filho chamar Basílio não é coincidência.
 
E não é que de vez em quando eu escuto "você, alemão, olhos azuis, nível superior, corinthiano... Não combina..."
 
É um absurdo! E tenho certeza que minha amiga Carol Santos, negra e palmeirense, ouve a mesma ladainha... "você, preta, torcendo pro Parmera... Tinha que ser Curintchá" e blá-blá-blá. Imagino que no Rio a história deve ser a mesma. Os mulambos (maloqueiros em carioquês) flamenguistas não podem ter olho azul... Os negrões não podem ser Fluzão... Cascata! Ou, como dizem merrrrrmãos, caô!
 
Voltando ao Parmera, por isso convidei a Carol para falar de Palmeiras 0x 2 Sport, abertura oficial do novo estádio palmeirense, evento que, por sinal, ela ouviu pelo rádio por não se encaixar no perfil do público alvo elitista almejada pelos gênios que comandam o nosso futebol brasileiro. É óbvio que não é "privilégio" palmeirense essa visão distorcida e elitista que vai contra a história popular do futebol no Brasil. 
 
 
Somos todos macacos é uma ova! (Por *Carol Santos)
Vitão, achei mó legal o seu convite para eu escrever sobre futebol, consciência negra e Palmeiras. E, consequentemente, sobre a arena!
 
Sei lá que cazzo tá acontecendo no jogo porque o link achou de não funcionar e o barulho da transmissão quase não é capaz de suportar a barulheira que vem de lá de fora, quase Praça Roosevelt, centrão da cidade.
 
Daqui, ouvindo mal, o que posso intuir, é que o jogo tá bem dos ruins. O nome de Diego Souza não para de ser dito pelo locutor (sei bem porque marquei o tempo no espaço em que esse nome foi dito e que tomei reparo: 33 ou 34 minutos do primeiro tempo e agora vinte e pouco, mais pra muito, dos segundo).
 
Estão xingando o técnico, diz o rádio. Quero nem associar nome do Verdão a umas sensações de rubor, para quem os tem, que o time nos fez passar nos últimos tempos...
 
Será aquele Diego Souza??? Jogadores negros. Dá pra citar uma porção deles que deram muitas alegrias pros torcedores do Verdão. Estranho é ver torcedor hostilizar jogador, apoio, bandeira, juiz(a) e gandula negro(a), mas idolatrar jogador negro. Eu, hein...
 
Como idolatria vou citar só o culto ao Divino, que de tão Divino dispensa outros adjetivos. E tem cego que não lhe enxerga Negro, divindade!
 
E amanhã é dia, né? Dia de (re)afirmar a nossa luta, a nossa resistência, a nossa reivindicação, assim como todos os outros dias do ano. E que possamos ter acesso a essa modernidade toda, já que a coisa parece irreversível.
 
Viva. Zumbi, viva. todos as negras e negros que suportaram e suportam todo racismo contido nos esportes e no futebol.
 
E somos todos macacos é uma ova! 
 
* Carol Santos, 32. é mãe do Vinicius e do Dudu. É produtora, palmeirense, cervejeira, desbocada e butequeira. Sem rodeios desde 1982!
 
 
Beleza negra
 
Sem xenofobia nem preconceito, assino embaixo a Benito de Paula (de quem, registre-se, sou fã, como sou de Wando, Agepê, Luiz Ayrão: e brega é a senhora sua mãe): "mulher brasileira em primeiro lugar"... E o segundo lugar, seja ele qual for, tá looooooooooooonge!
 
Em homenagem à data, montei a minha seleção de mulheres negras. Dava, eu sei, para formar 40 elencos e fazer Séries A e B, mas as 11 selecionadas têm peso para representar todas.
 
Sou um técnico mala e exigente. Para estar na seleção do Blog do Vitão, beleza é fundamental! Mas não basta. Tem que ter carisma, sensualidade, charme, humildade e, mais do que isso, ter a consciência de que a cor da pele não faz ninguém melhor ou pior do que ninguém!
 
E, claro, que beleza não é tudo. Por isso há aqui empresária, secretária, produtora cultural e artística, educadora infantil, estudante de Direito... Beleza e cor de pele são incompatíveis à inteligência e à produtividade só não cabeça de pessoas cretinas.
 
Curtam o timaço montado!
 
Seleção do Blog do Vitão: Um grande time começa com uma grande goleira. É uma posição que aparece menos para a torcida, mas é fundamental. E precisa ser ocupada por alguém competente e discreta como Karen Bettina, que convive bem e sabe administrar o ego alheio (acha que é fácil produzir eventos?). 
 
Na linha de quatro defensiva, não concordamos com a máxima que zaga tem que assustar o adversário... Pelo contrário, tem que intimidade pela imposição da beleza. E escolhemos belezas marcantes e diferentes entre si (nada tão idiota quanto a expressão "negra é tudo igual"): Valeska Reis, Egili Oliveira, Byanca Souza e Elaine Cristina Kraus.
 
Parafraseando o Skank, o meio-campo é o lugar das craques, setor em que tem de er eclético,, criar, armar e concluir, por isso temos secretária, auxiliar de assuntos diversos, empresária, recepcionista.... Que quadrado é esse: Cristiane Gomes, Ivi Mesquita, Geisa de Cássia e Lyllian Bragança!
 
Retranca, decididamente, não é comigo. E olha que não é por falta de retaguarda de qualidade... Ao ataque! E, como técnico e dono da bola, digo, do BLOG DO VITÃO, reservei as posições ofensivas para o meu time, para a minha ZL, para a minha Leandro, para a minha porta-bandeira Karing Darling e para a minha rainha Vivi Brilho.
 
Escalação, no brasileiríssimo e tradicional 4-4-2: Karen Bettina; Valeska Reis, Egili Oliveira, Byanca Souza e Elaine Cristina Krauss; Cristiane Gomes, Ivi Mesquita, Geisa de Cássia e Lyllian Bragança; Karin Darling e Vivi Brilho. Técnico: Vitão
 
Karen Bettina: que beleza que a natureza criou!
A corinthiana e mangueirense Karen Bettina, 35 anos, é bailarina e, há 15 anos, trabalha na produção de eventos. Da série "o que é gueri-gueria, sei lá?" Karen é negra? É branca? É índia? Está na minha seleção porque enxergo nela simplesmente uma mulher. Maravilhosa, linda, inteligente, profissional, educada, mas mulher. E a definição que dão a ela, negra, branca ou índia, não faz a menor diferença. Como, aliás, sempre deveria ser.
 
Consciência negra: "Eu, neta de negro, indio e branco, uma mistura genuinamente brasileira, vejo essa data como uma lembrança à sociedade de que a igualdade deva ser uma realidade. É tão óbvio que deveria ser natural para o ser humano, especialmente aos brasileiros. Somos um povo misto, maravilhoso e cheio de influências de todas as raças".
 
Valeska Reis: rainha brasileiríssima do Império 
Valeska Reis, que preferiu não dizer a idade, é torcedora da seleção brasileira. A assistente de palco do programa Rodrigo Faro é a rainha da Império de Casa Verde! E que rainha! Linda, sensual, simpática e querida pela comunidade da escola da zona norte paulistana.
 
Consciência negra: "Nosso país só sera feliz quando negros e brancos viverem em condições de igualdade de direitos sociais".
 
 
 
Egili Oliveira: arrepiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiia, Salgueiro! Pimba! Pimba! Ah, que linda!
 
A vascaína Engili Oliveira, 34 anos, é passista do Salgueiro, atriz, dançarina e modelo. Uma mulher belíssima, como o texto que encaminhou ao BLOG DO VITÃO sobre consciência negra:
 
"Negro luta, negro guia, negro sofre, negro agita; negro corre, negro é livre, negro protesta e negro samb; negro impera, negro varre. Sou do Brasil. Independente da sua cor, da sua educação, do seu conhecimento e da sua batalha diária, há sempre um negro ao seu lado. Sou do Brasil..."
 
Byanca Souza: zona leste somos nós, lutando com galhardia!
 
Byanca Souza, 32 anos, é Nenê de Vila Matilde de coração, mas não tem um time de futebol por quem é apaixonada. "Não tenho time. Só na época de Copa, torço para os países africanos. Quando tem jogo de alguma seleção africana contra a seleção brasileira, meus amigos ficam bravos... Mas não ligo, torço para os africanos mesmos", revelou a bela e simpatica jornalista. Que não cansa a beleza nem mesmo quando tem de falar sério:
 
“Sonho com o dia em que não seja mais necessário uma data para lembrar a importância de se respeitar o nosso povo negro. Isso deve ser uma ação natural e contínua. Um dia, na data de 20 de novembro deverá ser celebrada somente a consciência humana”.
 
 
Elaine Cristina Krauss: o Ipiranga não é só o grito, que conjunto!
 
Corinthiana, Elaine Cristina Krauss, 39 anos, começou sua história no Carnaval nos Gaviões, mas hoje é musa eterna da Imperador do Ipiranga. Tem no Carnaval a sua paixão, não a profissão. A lindíssima sambista é pós-graduada em Comércio Exterior e trabalha em sua área.
 
“O Dia da Consciência Negra é importante para contar a história de uma forma diferente. O passado nos assombra já nos primeiros anos de vida escolar, quando aprendemos sobre a história do Brasil e muitas crianças já aprendem o que é preconceito. Muito se discute sobre esse tema, o preconceito, que infelizmente, não é exclusividade dos negros”
 
Cristiane Gomes: dez, nota dez!
 
A corinthiana Cristiane Gomes, 40 anos, é musa do Peruche e auxiliar de serviços diversos... Mulher, sua grande paixão é dançar. "Adoooooooooooro, amo dançar... É tudo de bom", revela a bela, que, com o sorriso aberto, revelou que jamais foi vítima de preconceito. Que asssim continue!
 
"Consciência negra é importante para lembrarmos que alma não tem cor "
 
 
Ivi Mesquita: quer alegria e beleza? Vá no Bixiga para ver!
  
 
 
A corinthiana Ivi Mesquita, 33 anos, é empresária e produtora artístistica. Musa do Vai-Vai, a gata tem no samba uma de suas grandes paixões. Antes de a conhecer pessoalmente e de a visitar em sua empresa de eventos, fui hipnotizado por Ivi pela televisão e pelas páginas do jornal. Em meio a um mar de pessoas, multidão formada em grande parte por belas mulheres, Ivi se destacou pela alegria e carisma genuínos.
 
Em um mundo de fantasias, movido a simulacros, a sua paixão genuína pelo Vai-Vai e o seu amor pelo samba me conquistaram. Como esquecer a sua expressão quando o locutor anunciou o 10 que confirmou um dos títulos da Saracura? A beleza, única e marcante, é só uma desculpa a mais. Ivi já havia me conquistado pela alegria. Sou fã declarado desta negra.
 
Consciência negra: "Gosto da frase do Bob Marley: 'acredito na liberdade para todos não apenas para os negros!'. A minha: ouve o clamor deste povo negro, que luta por igualdade social. Ouve o clamor deste povo negro,que tem fome e tem sede de justiça".
 
Geisa de Cássia Cirino: tem de ter paixão pra ser da Vila!
 
A são-paulina Geisa de Cássia Cirino, 35 anos, trabalha como secretária na Unidos de Vila Maria. Por causa do trabalho, vive a sua paixão, a Vila, diariamente. Geisa está nesta seleção porque, além de lindíssima, desmente várias cascatas.
 
Geisa, que bate o ponto na Vila, é a prova de que sambista não é vagabundo e também que Carnaval não é uma festa de uma hora. Para quem trabalha, é o trabalho de um ano. 
 
Meu pai, trasmonto de nascimento e Vila Maria de criação e coração (chegou em São Paulo aos 3 anos), foi criado atrás da Candelária, onde meus saudosos avós viveram. Desde criança, frequentei o Dizzy (quando era uma portinha de nada e não esse restaurante de bacana que atrai moradores de todos os cantos da cidade), acompanhei meu pai no Pirillo (seu Viriato curtia tomar uma batidinha lá, enquanto esperava embrulhar o frango de TV de cachorro e contava as histórias de seu tempo de meia esquerda da váreza do Vila Maria e Benfiquinha) e é muito prazeroso hoje eu ir à quadra da Vila Maria, que faz um espetacular trabalho social, e encontrar amigos, como o professor Aderson (que foi meu técnico, há 30 anos, nas categorias de base do Corinthians e no Guapira), o presidente Adilson, o Favella _brother de Itaquera que, em conjunto com a Vila Maria, assiste à diversas entidades da minha ZL) e, claro, a própria Geisa, que recebe os visitantes sempre com profissionalismo e sorriso no rosto. Fiquei muito feliz em desfilar na Ala Amigos do Favella neste ano, Carnaval marcado pelo retorno da Vila à elite. 
 
Fala, Geisa: "Cito o tributo de Simonal a Martin Luther King: Luta negra demais (luta negra demais!) é lutar pela paz (é lutar pela paz!), luta negra demais, para sermos iguais"
 
 
Lyllian Bragança: tricolor do Morumbi, alvinegra do Bixiga
A são-paulina Lyllian Bragança, 34 anos, recepcionista de eventos e sambista de primeira, é musa do Vai-Vai. E entrou na minha seleção porque, além de lindíssima, comporta-se sempre com educação, respeito, profissionalismo e postura de uma verdadeira princesa. A última foto foi tirada no mês passado, quando ela (na companhia de outras musas, baianas, membros da Velha Guarda e ritmistas da bateria Pegada de Macaco da Saracura) marcou inesquecível presença na final do samba da minha Leandro de Itaquera. 

Todo mundo tem um fraco... Eu curto mulher que fica ainda mais bonita quando abre a boca...E não estou falando apenas do sorriso lindo de Lyllian. A gata é cabeça e sempre que se posiciona mostra que tem ciência do papel da mulher e do negro na sociedade. Por isso é a camisa 10 da Selenegra do Vitão
 
"Ao contrário do que dizem, temos muito consciência do que somos. O dia da consciência negra nada mais é do que o dia de lembrarmos de Zumbi do Palmares que morreu nesta data."
 
 
Karin Darling: mulher, mãe, avó, corinthiana e leoa guerreira!
 
 
A alvinegra Karin Dariling, 42 anos, não é uma sambista qualquer. Há mulheres que dão a vida para serem destaque ou para brilharem apenas no dia do desfile.
 
Não é o caso de Karin. Ainda menina, pediu ao papai, seu Leandro, uma escola de samba de aniversário. E assim surgiu a Leandro de Itaquera, escola da massa, escola que á própria vida de Karin, do pai Leandro e de toda a sua família.
 
E Karin está aqui porque representa a beleza negra e a beleza da mulher nas mais amplas facetas... A beleza da mulher que correu atrás do seu sonho e venceu... Há décadas é porta-bandeira da sua escola do coração!
 
A beleza da mulher que não deixa de ser mulher nem de ser bela quando se torna mãe... Nem quando se torna avó.
 
Corpo muda, moda varia conforme a estação... Feminilidade e charme são atemporais. Quem tem tem... 
 
"Consciência Negra é a consciência em adquirir direitos de igualdade"! A definição é de uma estudante de direito! Sorte também nessa carreira, doutora! Que tenha sucesso e ajude, também na área do Direito, a preservar a justiça. Inclusive a racial!
  
 
Vivi Brilho: rainha corinthiana que reluz muito em Itaquera!
 
 
 
O vermelho é cor de guerra, o branco é cor de paz... E o preto brilha! Encanta. Enfeitiça! Na seleção não podia faltar a "minha" rainha, a rainha da Leandro de Itaquera, a corinthianíssima (ZL é nóis, mano!) Viviane Santos. A gata de 37 anos (e não é que temos algo em comum...) é professora infantil!
 
“Eu tenho um sonho, o sonho de ver meus filhos ser julgados por sua personalidade, não pela cor da pele”.
 
Toda a profissão, toda, sem exceção, merece respeito. Dito isso, uma coisa é profissão, como é, por exemplo, o jornalismo, outra é missão. Tenho uma admiração toda especial pelos médicos e pelos professores. É óbvio que me refiro aos profissionais sérios, que têm tesão e amor pelo que fazem. 
 
Educação e saúde são os bens mais valorosos que podemos ter. E quem tem como objetivo de vida formar novas pessoas, instruir, dedicar-se a outro, como é o caso do professor, especialmente o professor infantil, merece meus aplausos de pé. 
 
Se a futilidade é a mais brochante das "qualidades" humanas, a entrega sincera em uma atividade que visa o bem de outro é algo que torna qualquer pessoa mais encantadora e, por conseguinte, desejável, admirável. 
 
Lindíssima e com corpo de fazer todo mundo babar, são características comum à (quase) todas as rainhas. Não que isso seja pouco. Mas confesso que fico feliz que a minha Leandro de Itaquera tenha como rainha a professora, educadora infantil, Viviane Santos.
 
Se tem algum idiota ainda que pensa que beleza, alegria e samba no pé são qualidades que não podem andar irmanadas com profissionalismo, caráter e consciência social, que olhe a Vivi Brilho, tire o sorvete da testa e babe. E, claro, morra de inveja, que ela é rainha de Itaquera.
 
E, claro, rainha da minha Leandro de Itaquera merece reverência especial. Não é à toa que ela fecha a seleção, no comando de ataque, formando dupla de ataque com Karin Darling. Vivi Brilho também tem espaço para se aprofundar sobre o tema. É com você, rainha!
 
Orgulho (Por *Viviane Santos)
 
Tenho muito orgulho de ser negra, ainda que no nosso país exista um racismo (mesmo que velado, por debaixo do tapete).

Hoje o negro tem conquistado seu espaço e crescido muito profissionalmente, deixando de ser visto sempre como empregada doméstica, bandido... As oportunidades estão se abrindo. Vejo negros se destacando e almejando lugares que antes era impossível.

Eu, como negra, sinto-me orgulhosa e espero que, para a geração que vem por aí, a situação seja melhor ainda.

Não me recordo de nenhuma situação em que eu tenha sofrido o preconceito bem de perto, mas sempre há o preconceito, mesmo que pequeno, que muitas vezes nem notamos.

O feriado de hoje, na minha opinião, é só uma lembrança de tudo que o negro já viveu desde o tempo da escravidão aos dias de hoje.

Na minha opinião, não existe dia do negro nem do branco, existe o dia de todas as raças! Afinal todos somos humanos e somos iguais.

Lutamos, diariamente, para que essa igualdade social seja para todos. Pelo ideal de ver um mundo mais justo e solidário.
 
*Viviane Santos, 37 anos, é professora infantil
 
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Herói do movimento negro  (*Por Paulo Valentim)
 
Sempre é bom lembrar que, nesta data, 20 de novembro, em 1695, o rei africano Zumbi dos Palmares foi torturado, decapitado e morto, traído que foi por um “companheiro”.

Homenageia-se o nosso herói Zumbi dos Palmares pelo seu espírito de luta e coragem em defesa da nossa raça negra.

A bravura desse homem marcou a história do movimento negro no Brasil.

Se analisarmos a história, constataremos que uma lei complementar à constituição de 1824 proibia negros de frequentarem as escolas. À época, negros eram considerados, pela elite e poderosos, portadores de doenças e moléstias contagiosas.

Para resgatar a cidadania do povo negro, hoje existe (e são mantidos com muita dificuldade) cursinhos que facilitam a inclusão social da raça negra, para que o nosso povo possa sonhar em chegar à universidade.

Acima de tudo, o nosso desejo maior é o de que tenhamos um ensino fundamental de qualidade, a forma mais eficiente, duradoura e, quiçá, definitiva para que, enfim, a igualdade de direito e oportunidade seja universal em nossa miscigenado país.

* Paulo Mariano Valentim, 74 anos, é embaixador do samba, cidadão-samba paulistano 2014, presidente da Velha Guarda do Vai-Vai, amigo e companheiro de jornal Agora São Paulo deste colunista e blogueiro.
 
 
Axé, Madiba, Axé! 
 
José Carlos Oliveira, Gilson Negão e Vitor Guedes
 
Se o assunto é negro, continuemos na minha Leandro, escola que tem como grande marca histórica os temas afros. A comunidade itaquerense já cantou e falou sobre tudo e mais um pouco, mas a ZL ferve mesmo e a quadra pulsa quando canta as diversas faces da negritude.
 
Em 2015 não será diferente. E não será só mais um tema afro. Ou biográfico. É sobre Nelson Mandela, gênio da raça, da raça humana! 
 
E o samba vencedor é obra dos compositores da Velha Guarda do Leão Guerreiro da Zona Leste. 
 
Meu amigo Gilson Nunes, o Gilson Negão, que, entre os amigos sambistas é chamado de Gílson Mandela por causa de sua boina com motivação africana, embaixador do samba e militante do movimento negro, é um dos autores. Parabéns a ele e também a Jorge Paulo Alves de Melo, Rogério Santos, Mauro Lúcio da Silva, Jorge Inácio, Orlando Francisco Filho e Moacir Antonio de Oliveira, que também assinam a obra.
 
  
 
Te conheço (só) de longe: pelo som dos seus tamborins...
 
Profissionalmente, cobri, entre outras coisas, o meu time ser campeão do mundo em Yokohama em cima do Chelsea (como esquecer o coro da Fiel de "Ê ê ê, fuch you, Chelsê, fuck you, Chelsê") e duas Copas do Mundo (as duas últimas: a do Brasil e tive a honra de cobrir a Copa da África do Sul e, entre outras coisas, presenciar a final quando o estádio Soccer City veio abaixo quando Nelson Mandela entrou no gramado minutos antes da decisão entre Espanha e Holanda)... 
 
Não posso reclamar da vida, que é bonita, é bonita e é bonita, de jeito nenhum. Mas tenho uma frutração pessoal. Nunca estive na quadra da Estação Primeira de Mangueira, escola por quem me apaixonei e virei torcedor em 1988, ano em que a Verde e Rosa foi vice-campeã com "Cem anos liberdade, realidade e ilusão", um samba-enredo lindíssimo, o que considero mais bonito da escola de Cartola, que falava sobre a condição do negro em um ano em que se comemorava o centenário da abolição da escravatura.
Para não dizer que sou um mau perdedor, incluo aqui o samba campeão do Carnaval carioca daquele ano, da Vila Isabel de Martinho da Vila, que também é histórico. 
Valeu, Zumbi!
 
Muuuuuuuuito obrigado, libertador Basílio!
 
Pegada de Macaco: bela iniciativa da bateria da Saracura
 
Em comemoração à data, ao feriado da Consciência Negra, rola hoje na Pompeia, o dia todo, um campeonato beneficente entre as baterias das escolas de samba de São Paulo.
 
Aproveito para confessar outra frustração: se soubesse batucar caixa de fósforos que fosse, tentaria a sorte em um desses times...
 
 
 
 
 
Aranha: bem na fita!
 
Se o Brasileirão não tem um craque (Kaká liderar a “Bola de Ouro”, com todo o respeito aos eleitores do prêmio, é o armagedon!), o futebol brasileiro já tem o personagem do ano: Aranha! O goleiro santista, em jogo válido pela Copa do Brasil, matou a pau ao não se calar nem aceitar os abjetos insultos racistas de parte da torcida gremista.
 
Selenegra
 
Da série “esporte é futebol, o resto é educação física”, aqui vai uma seleção 100% negra, atemporal: Jesse Owens; Magic Johnson, Jordan, João do Pulo e Joaquim Cruz; Bolt, Mireya, Didi e Eusébio; Garrincha e Tiger Woods. Pelé? As declarações de Edson Arantes do Nascimento, no caso Aranha, colocaram-o no banco. Não dos réus.. Mas para sentar e refletir!
 
Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na web!

Facebook: facebook.com/blogodovitao

 
 
 
 
Agradecimentos: Agradeço às mulheres por terem encaminhado as fotografias de seus arquivos pessoais, facebooks, trabalhos e por autorizarem a divulgação no BLOG DO VITÃO. Agradeço também aos assessores Walmir Cruz (Narciso), Fábio Bolla (Luiz Gustavo), Renato Cipriano (Valeska Reis) e a todos os negros e negras que fazem parte do meu convívio e nunca me trataram com preconceito.

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