Piloto gaúcho esteve na redação do Portal Terceiro Tempo. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Piloto gaúcho esteve na redação do Portal Terceiro Tempo. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Após fechar sua terceira temporada na USF2000 em sua melhor colocação, terceiro lugar, o gaúcho Lucas Kohl, de 20 anos, esteve na redação do Portal Terceiro Tempo para uma entrevista exclusiva, resumindo os três últimos anos nos Estados Unidos, projetando seu futuro no mesmo país e também fazendo uma análise sobre outros temas afins, como segurança, circuitos e  tipos de carros, entre outros. Kohl permanecerá no Brasil até o final do ano e retorna aos Estados Unidos no começo de 2019 para definir seu futuro.

O objetivo do piloto, que em 2018 competiu pela equipe Pabst Racing, e tem como coach o experiente Roberto Pupo Moreno, é correr pela Indy Lights em 2019, categoria um degrau abaixo da Fórmula Indy. Ele testou com um carro da equipe Belardi da Indy Lights no final de setembro no circuito misto de Indianápolis, durante dois dias. Um plano "B", entretanto, não está descartado, que seria subir um degrau em relação à USF2000, para a Pro Mazda.

Natural de Santa Cruz do Sul, o gremista Lucas Kohl (que aposta no bicampeonato do Imortal na Copa Libertadores), enalteceu o automobilismo local do seu estado, com vários autódromos, com destaque para Tarumã, seu favorito.

 Pódio na etapa de Mid-Ohio da USF2000 neste ano. Foto: LLC Photo

TESTE COM O CARRO DA INDY LIGHTS

Eu testei na pista mista de Indianápolis (no final de setembro), onde tive bons resultados, é uma pista que já conhecia. Fizemos muitos testes lá também de USF. Nas primeiras sessões é óbvio, tive que me adaptar com o carro, porque é um salto muito grande dos 170 cavalos do USF para os 450 do Indy Lights, e também com o tamanho do carro, o jeito que os pneus funcionam, que é totalmente diferente em relação ao carro da USF. Quando você sai dos boxes com pneus novos é diferente, assim como o jeito de aquecê-los. Na USF você tem mais liberdade de "esfregar" os pneus, abusar do carro, mas na Indy Lights você não pode fazer isso, porque o carro tem muita potência, então é preciso ter cuidado para não sair da pista nestas voltas de aquecimento, o carro é muito sensível, assim, a partir da terceira ou quarta volta é que os pneus começam a "funcionar", e eu senti que me adaptei muito bem, fiz tempos competitivos, fui atrapalhado pelo tráfego em alguns momentos, eram uns dez carros na pista e só um piloto guiou na temporada da Indy Lights, e os outros que corriam de Pro Mazda, que é um passo à minha frente, por isso ficar a uns dois décimos deles é um resultado bom.

Testando com o carro da Indy Lights no misto de Indianápolis em setembro deste ano. Foto: LLC Photo

ADAPTAÇÃO AO AUTOMOBILISMO NORTE-AMERICANO

O problema que eu enfrentei logo que eu fui pra lá é que eu não tive nenhuma base de fórmula no Brasil, andei muito pouco aqui de carro, então, tudo o que eu aprendi na Fórmula Júnior em 2014 e algumas provas do Brasileiro de Endurance em 2015, assim o meu primeiro ano (2016) foi todo de aprendizado, de aprimorar a técnica e no meu segundo ano o carro mudou, entrou o chassi novo, totalmente difernete, um monocoque de fibra de carbono, o antigo era um tubular da Van Diemen e foi uma grande diferença, mudei de equipe também, fui para a Pabst Racing, que é excepcional, eles me tratam como parte da família e eu em relação a eles, há uma ótima conexão e isso me ajudou muito, me sentindo em casa, à vontade para trabalhar com os mecânicos e engenheiros e, claro, todo o meu trabalho com o Roberto (Pupo Moreno) que é meu coach, fiz um trabalho muito forte de kart com ele do meu segundo para o terceiro ano com ele, no Florida Winter Tour e no SKUSA e outras coisas locais, montamos um programa de treinos durante o ano, com shiffter (kart com marchas) e acho que isso contribuiu bastante para a minha evolução técnica.

OBJETIVO: INDY LIGHTS

O nosso objetivo é a Indy Lights. Claro que correr na Pro Mazda não seria nenhum "desastre", e eu consideraria muito correr com a Pabst Racing, pelo carinho e por saber como eles operaram e eu sei que eles estarão muito bem na Pro Mazda, onde testei com eles em Chicago, mas realmente a intenção é pela Indy Lights e esse, creio, é o caminho certo para mim em 2019.

HORA DE "BATER O MARTELO"

A primeira corrida da Indy Lights é em março, e eles devem ter testes coletivos em Austin em fevereiro e nestes testes o ideal seria já fazer pela equipe que a gente estiver acertado para a temporada, mesmo porque Austin é uma pista nova para a Indy Lights. Mas se a gente assinar um dia antes da primeira corrida não será problema (risos), o importante é estar no grid.

Gaúcho Lucas Kohl se adaptou rapidamente ao carro da Indy Lights nos dois dias de testes que fez no misto de Indianápolis. Foto: LLC Photo

NOS PASSOS DE OUTRO GAÚCHO: MATHEUS LEIST

O Matheus (Leist), que em 2018 fez sua primeira temporada na Indy, após correr na Indy Lights, ainda correu por alguns anos na Europa, e  agente optou por ir direto para os Estados Unidos desde o começo, exatamente para ter uma escada mais definida como é o Road to Indy, com a USF2000, Pro Mazda e Indy Ligths, e assim termos várias oportunidades e pela visibilidade de estarmos sempre andando com a Indy nos finais de semana, um idferencial, que por exemplo na Europa nem sempre você vai estar andando junto da Fórmula 1, e nos Estados Unidos, mesmo na categoria de base, você corre junto com a Indy.

CIRCUITOS OVAIS

Eu tive o meu melhor ano com resultado em uma pista oval (Lucas Oll Raceway). Normalmente nos ovais há uma linha que é a mais rápida, um oval curtinho, de 0,7 milhas, ideal para a USF, mas o problema sempre é a ultrapassagem, em um oval curto leva de duas a três voltas para você conseguir fazer uma ultrapassagem, andando lado a lado com outro piloto, então é preciso trabalhar muito no treino, e a equipe não gosta muito disso, mas você precisa andar no tráfego, no "ar ruim" enquanto treina.

OS CARROS UTILIZADOS PELA INDY EM 2018

A Indy está fazendo carros cada vez mais rápidos e difíceis de guiar. Esse novo kit aerodinâmico, por exemplo, talvez eles tenham exagerado, tirado aerodinâmica demais. É claro que adiciona um risco, mas ao mesmo tempo quando vamos para a pista conhecemos este risco, sabemos as consequências de uma batida, e talvez algumas partes de segurança sempre podem evoluir e isso também faz parte de correr em oval.

HALO X AEROSCREEN

Acho que a Indy talvez necessite de algum outro elemento que não tenha na Fórmula 1, até por conta da velocidade nos ovais, muito mais rápidas. Na F1, o halo protege porque pode ter um carro "subindo" em cima do outro. Na Indy, o maior problema é relativo aos detritos voando dos acidentes à frente, então o aeroscreen funciona melhor que o halo nesse quesito, por isso que a Indy partiu para este lado, e acredito também por uma razão estética, mas obviamente este não é o primeiro objetivo, tanto que o aeroscreen é baseado nos aviões caça do exército americano, então se funciona para um caça funciona para um carro de corrida também. Só não entendi ainda como vai ser para eles manterem o aeroscreen sempre limpo, se haverá uma sobreviseira como no WEC, como funciona na chuva, mas certamente eles vão encontrar soluções para esses casos.

Aeroscreen, na opinião de Kohl, é a solução mais adequada à Indy. Foto: IndyCar/Divulgação

CATEGORIAS DE MONOPOSTOS EXCLUSIVA PARA MULHERES NA EUROPA, A W SERIES

Eu acho que é sempre bom, quanto mais categorias e dar oportunidade para os pilotos é sempre uma alternativa muito boa, e tenho certeza que qualquer mulher tem capacidade de guiar qualquer carro, se o talento está lá isso não é problema nenhum. Neste ano corri com a Bruna Tomazelli. Acho que o talento não tem gênero, é indiscutível, se a pessoa trabalha duro e treina isso não é nada demais, e por isso nos Estados Unidos as mulheres têm mais oportunidades do que na Europa.

DUPLA COM O PAI

Por enquanto o nosso foco principal é a Indy Lights, mas acho que quanto mais tempo de pista se conseguir é melhor. Com certeza eu guiaria qualquer tipo de carro desde que não atrapalhasse meu plano principal. Nunca guiei carro de turismo, GT, protótipo já guiei, devo fazer as 12 Horas de Tarumã no final do ano em dupla com meu pai. Acho que o piloto sempre quer estar guiando, é da natureza do piloto e difícil dizer não para uma proposta de corrida. 

AUTOMOBILISMO NO RIO GRANDE DO SUL

O automobilismo gaúcho é muito rico, temos Santa Cruz do Sul, Guaporé, Tarumã e Velopark. E também Rivera, no Uruguai, que é bem perto, então não precisamos ir para lugar nenhum, essa é a mentalidade que se tem lá, é uma paixão como a do argentino e do uruguaio, e o pessoal do sul consegue fazer campeonatos muito ricos sem sair do estado por essas pistas que já são suficientes. Tarumã é minha favorita, cresci guiando lá, vendo meu pai guiando lá (Gaúcho de Marcas e Protótipos). Mas todas as pistas são fantásticas, Santa Cruz é muito técnica também, somos muito sortudos por tantas pistas boas, tanto que a Stock corre em Santa Cruz, Tarumã e Velopark, isso mostra o tamanho do nosso automobilismo. 

STOCK CAR

A Stock está cada vez mais forte, muitas empresas nacionais apoiado, pilotos sendo profissionais, sobrevivendo de autombilismo dentro do Brasil, com as corridas passando ao vivo na televisão, atraindo muito público. Se eu tivesse tempo para testar seria legal fazer a Corrida de Duplas da Stock, se for em Tarumã, então (risos). 

Stock Car foi enaltecida por Lucas Kohl, que citou o nível de profissionalismo da categoria. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

GREMISTA

Quando eu morava no Brasil, primeiro eu e meu pai assistíamos os jogos no Olímpico, éramos sócios, e depois na nova Arena. Nos Estados Unidos eu não consigo ver os jogos, vou me informando pela internet para ter notícias. Ah, e vamos ser bicampeões da Libertadores (risos).

Lucas Kohl na redação do Portal Terceiro Tempo, durante entrevista a Marcos Júnior Micheletti. Foto: Rodrigo França/RF1

 

OUTRA ENTREVISTA DE LUCAS KOHL AO BELLA MACCHINA

Esta foi a segunda vez que Lucas Kohl esteve na redação do Portal Terceiro Tempo. Ele gravou o Bella Macchina em junho de 2017, ocasião em que falou sobre sua segunda temporada na USF2000 e seus planos. Clique aqui e veja o vídeo.

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