O técnico Vagner Mancini, do Vitória, durante entrevista de imprensa

O técnico Vagner Mancini, do Vitória, durante entrevista de imprensa

Pedro Lopes
Do UOL, em São Paulo

A rodada dos estaduais pelo Brasil no fim de semana foi marcada por manifestações de apoio ao técnico Oswaldo de Oliveira, que acabou demitido do Atlético-MG depois de uma discussão ríspida na última quarta-feira com o repórter Leo Gomide, da Rádio Inconfidência, de Minas Gerais. Apoiadas pela Federação Brasileira de Treinadores de Futebol, as manifestações tiveram como alvo a relação entre treinadores a imprensa esportiva no país.

Em contato com o UOL Esporte, o técnico Vagner Mancini, vice-presidente e um dos idealizadores da FBTF, explicou a posição dos treinadores. Segundo Mancini, o objetivo é criar uma relação mais tranquila e respeitosa entre os jornalistas e os técnicos.

"O protesto foi feito muito em cima da demissão. Usamos a tarja branca é porque queremos chamar atenção para uma relação que precisa ser melhor entre imprensa e treinadores. Há uma diferença entre passar informação para o leitor e questionar a capacidade de um profissional sem dominar o assunto. O profissional faz o trabalho dele, e as vezes o questionamento ultrapassa os limites cria uma pressão desnecessária. Então o movimento é para que a relação seja melhor", disse Mancini.

A confusão envolvendo Oswaldo começou quando Gomide questionou o desempenho do time do Atlético-MG antes de fazer sua pergunta na entrevista coletiva. Na sequência da discussão, o treinador afirma ter ouvido um insulto, algo negado pelo jornalista, e partiu para cima do repórter, sendo contido por outras pessoas. Para Mancini, a situação indica que são necessários esforços de ambos os lados.

"O protesto tem um duplo objetivo: é contra as demissões cedo, sem tempo para trabalhar, e pela relação com a imprensa, que fica desgastante. Ela precisa ter mais respeito. O treinador também precisa ter a calma necessária para entender o momento e responder adequadamente, aquela resposta será para os leitores, torcedores, não só para o jornalista. Não queremos destronar a imprensa, que exerce um papel fundamental, mas sim que os dois lados parem um pouco e repensem".

O processo contou com a adesão de vários técnicos no Brasil e no exterior – alguns utilizaram a tarja, como Levir Culpi, do Gamba Osaka, no Japão. Outros entraram em detalhes e falaram sobre o assunto.

"Como membro da FBTF, quero me solidarizar com o Oswaldo. Em meu nome, quero propor, sem entrar no mérito do fato gerador, mas sim das consequências da saída, que nós, como agentes de todo esse processo, gestores, imprensa e treinadores, que nós promovamos um debate amplo sobre o esporte, para que a gente não perca a oportunidade de evoluir. Não usar o fato conflitante e sim promover ações conciliadoras em torno do futebol, que é nossa paixão", disse Roger Machado, comandante do Palmeiras.

"Só para pontuar: o intuito é melhorar nossa comunicação, o entendimento da educação é o mais importante. Nós precisamos da imprensa, e a imprensa precisa dos treinadores. É um caso importante, a gente precisa entender que precisa melhorar nossa comunicação", disse Wagner Lopes, do Paraná.

Lopes fez um minuto de silêncio antes de iniciar a sua entrevista coletiva no sábado, repetindo ato feito pelo técnico do São Bento, Paulo Roberto Santos, na sexta-feira, após jogo pelo Campeonato Paulista. "Nós da associação de técnicos nos solidarizamos com o episódio envolvendo o técnico Oswaldo de Oliveira. Só vou iniciar a coletiva após um minuto de silêncio. Peço a compreensão de todos. Foi citado entre nós treinadores para que ninguém assumisse o Atlético se fosse procurado. Seguimos o que é decidido por votação. Eu teria coragem em não assumir", pontuou Santos.

Foto: Reprodução / TV Globo

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