Um America que faria o diabo em campo

Um America que faria o diabo em campo

Hoje estou iniciando a série carioca dos melhores times de todos os tempos. O America é considerado o segundo time de muitos torcedores cariocas, pois sempre foi uma agremiação simpática. Mesmo assim tem muitos torcedores, dos quais costumam chamar o time em campo de “sangue”, por causa da camisa vermelha. Nos últimos anos não tem tido boa participação no cenário futebolístico do Rio de Janeiro, pois há mais de 50 anos não é campeão estadual, além de disputar divisões inferiores do Campeonato Brasileiro e Carioca. Mas nos seus primeiros 50 anos era um dos grandes clubes do futebol carioca e do Brasil, vencendo uma boa quantidade de Estaduais e tendo em suas fileiras inesquecíveis jogadores.

DIABO: O nome tão assustador aos ouvidos de muitos foi adotado como símbolo devido à cor da camisa ser vermelha como o inferno e pelas boas equipes do passado que jogavam um futebol endiabrado.

AMÉRICA DE TODOS OS TEMPOS
O America Football Club foi fundado no dia 18 de setembro de 1904. Não se aplica acento na letra “e” porque o seu nome está na língua inglesa. Clube de suma importância nos primeiros anos do futebol carioca. Ganhou títulos estaduais, em especial no período do futebol amador. Teve em seus quadros grandes jogadores, muitos deles convocados pela Seleção Carioca e Brasileira.

TITULAR: Pompéia, Jorge, Alex, Belfort Duarte e Paulo César; Oswaldinho, Maneco e Edu; Canário, Luizinho e Carola. Técnico: Jorge Vieira.

JOSÉ VALENTIM DA SILVA – POMPÉIA (Itajubá, MG, 27/09/1934 – Rio de Janeiro, RJ, 18/05/1996) - Jogou no America de 1955 a 1962. Para muitos que o viram jogar, foi o melhor goleiro para aplicar as belas pontes nas suas defesas, pois tinha sido trapezista de circo e o gigantesco estádio do Maracanã era propício para tais exibições. O apelido Pompéia surgiu porque quando era criança pronunciava assim o nome do marinheiro Popeye, desenho que passava muito no cinema brasileiro de época. Também ficou conhecido como “Constelation”, nome de um avião dos anos 50, pois afinal de contas era rápido demais para executar suas intervenções. Ídolo da torcida americana da década de 50 e que substituiu Osni, outro excelente goleiro. Foi convocado pela Seleção Carioca em 1957 quando estava em grande fase, mas nunca teve chance de jogar na Brasileira, pois o seu auge coincidiu com o de Castilho (rival carioca) e Gylmar (o melhor do Brasil), não tão acrobáticos quanto ele, porém também ágeis e com mais seriedade e precisão, já que Pompéia era muito exibicionista. Em 1960 realizou o seu grande sonho, sendo campeão carioca pelo America.

JORGE DE SOUZA (Rio de Janeiro, RJ, 20/07/1939 – Cabo Frio, RJ, 31/12/2008) - Jogou no America de 1956 a 1966. Histórico lateral-direito do America. Revelado nas categorias de base, era o mais novo jogador do time campeão carioca em 1960, sendo ele o autor gol do título na final contra o Fluminense. Outra boa fase aconteceu no início de 1963 quando foi convocado pela Seleção Brasileira pra disputar o Campeonato Sul-Americano. Chegou a ser treinador do time juvenil do clube.

ALEX KAMIANECKY (Hannover, ALEMANHA, 09/12/1945) - Jogou no America de 1967 a 1980. Com 673 partidas tornou-se o jogador com maior número de partidas pelo America. Nascido na Alemanha e naturalizando-se brasileiro anos depois, mas sem jamais ter alguma chance na Seleção Brasileira, jogando apenas na Carioca nos anos de 1969 e 1974. Grande capitão americano, excelente zagueiro e campeão da Taça Guanabara de 1974. No dia 10 de agosto de 1977 recebeu o prêmio Belfort Duarte (seu companheiro de zaga no time de todos os tempos), que era concedido aos jogadores que ficavam dez anos sem serem expulsos de campo.

JOÃO EVANGELISTA BELFORT DUARTE (São Luiz do Maranhão, MA, 27/11/1883 – Resende, RJ, 27/11/1918) - Jogou no America de 1908 a 1915. É junto com Victor Etchegaray (Fluminense) o primeiro zagueiro clássico do futebol brasileiro. Sua importância na história americana é maior do que se possa imaginar, pois, além de jogador, foi técnico, diretor geral e tesoureiro, sempre dando declarações de amor ao clube. Foi graças a ele que o America passou a usar a camisa vermelha, pois a anterior era preta. Bêbados e fumantes não podiam frequentar o clube, pois ele não permitia. Começou no Mackenzie paulista, chegando a disputar as primeiras competições do Brasil, o Campeonato Paulista, indo jogar depois no SPAC. No America foi um pioneiro, pois através da sua inteligência e ideias liberais fez do clube um expoente no Rio de Janeiro. Outro fato importante é que foi ele que traduziu as regras do futebol inglês para o português. O prêmio Belfort Duarte, em sua homenagem, não foi à toa, pois era de uma educação exemplar no campo. Capitão e principal jogador do time americano que se sagrou campeão carioca pela primeira vez, em 1913. Infelizmente nunca jogou pela Seleção Brasileira, pois quando foi formada em 1914 era um jogador veterano (tinha 30 anos), sendo que Píndaro e Nery, ex-jogadores do Fluminense que estavam naquele momento no Flamengo, foram convocados, pois formavam a primeira zaga clássica do futebol brasileiro. Uma grave contusão fez com que encerrasse a carreira no dia 11 de julho de 1915. Faleceu justamente no dia que completava 35 anos, assassinado por um matador de aluguel, em virtude de uma briga de terra. Outras versões dizem que morreu vitimado da gripe espanhola. Segundo a sua filha, Dona Mary, faleceu vestindo a camisa do America.

ALBERTO RIBEIRO NEVES – PAULO CÉSAR (Itabuna, BA, 03/02/1962) - Jogou no America de 1984 a 1988. Representante americano da década de 80 no time titular de todos os tempos. Foi revelado pelo time que tem o mesmo nome da sua cidade natal e atuando de 1981 a 1984. Contratado pelo clube da Rua Campos Salles, firmando-se como um bom lateral-esquerdo e sendo um dos destaques das últimas boas campanhas da sua gloriosa história, em especial no Campeonato Brasileiro de 1986, quando o America chegou as semifinais da competição. Jogou também no Flamengo e Cruzeiro.

OSWALDO MELLO – OSWALDINHO (Rio de Janeiro, RJ, 16/05/1904 – 06/08/1962) - Jogou no America de 1920 a 1930. O mais importante jogador americano da década de 20. Pelo seu futebol extremamente clássico foi apelidado de Divina Dama. Atuava como centromédio (volante) e meia com a mesma desenvoltura. Exímio lançador e driblador que impressionava a quem assistisse suas memoráveis exibições, além de ter um fabuloso controle de bola. Desde 1916 já atuava nos quadros inferiores do clube do seu coração, fundado no mesmo ano que nasceu. Na equipe principal tornou-se o pulmão do time. Nas vezes que foi convocado à Seleção Carioca e Brasileira teve soberbas atuações. Campeão carioca em 1922 e 1928. Oswaldinho encerrou cedo a sua carreira de jogador, com apenas 26 anos, pois jogar futebol na época do Amadorismo realmente não deveria ser fácil.

MANUEL ANSELMO DOMINGUES DA SILVA – MANECO (Cachoeira de Macacu, RJ, 20/07/1922 – Rio de Janeiro, RJ, 22/11/1956) - Jogou no America de 1942 a 1956. Sem dúvida foi o principal jogador do América na década de 40 e terceiro maior goleador do clube em todos os tempos, marcando 187 gols com a sua mortífera canhota. Conhecido como Saci de Irajá, Maneco era um negrinho de muita habilidade, aplicando dribles desconcertantes em seus marcadores, em especial contra os zagueiros do Vasco da Gama, o melhor time brasileiro da época. O ataque americano de 1946 era formado por China, Maneco, César, Lima e Jorginho e ficou conhecido como Tico-Tico no Fubá, pois costumava trocar passes de primeira e muitas vezes não marcava gols, retornando para executar a mesma jogada plástica. Seu melhor ano foi em 1957, quando teve as suas únicas oportunidades na Seleção Carioca e Brasileira, não por falta de futebol (tinha até demais), mas por ser contemporâneo de jogadores como Zizinho, Heleno, Ademir e Jair. Outra brilhante linha de ataque americana que fez parte foi a de 1950, vice-campeã carioca, formada por Natalino, Maneco, Dimas, Ranulfo e Jorginho. Na decisão contra o Vasco, campeão estadual, havia na sua posição de meia-direita um jogador que tinha um apelido quase parecido com o seu, conhecido como Maneca, que também era muito bom tecnicamente. Teve uma morte triste, suicidando-se por não conseguir quitar a dívida do apartamento, quando era treinador das equipes de base do clube.

EDUARDO ANTUNES COIMBRA – EDU (Rio Janeiro, RJ, 05/02/1947) - Jogou no America de 1964 a 1975, marcando 250 gols. Considerado por muitos como o maior jogador da história do America. O irmão de Zico tem muita ligação com o clube, mesmo sem nunca ter sido campeão carioca. De 1966 a 1968 o meia-esquerda formou com o ponteiro esquerdo Eduardo uma memorável ala. Armador completo, mesmo sendo baixinho (1,64m) era dono de um farto repertório de dribles, excelente domínio de bola e emérito lançador, além de chutar muito bem a gol. Em 1967 fez o seu único jogo pela Seleção Brasileira na Copa Rio Branco, tendo muita mágoa por não fazer parte do grupo que disputou a Copa do Mundo de 1970, passando pelo mesmo problema de Maneco, sendo contemporâneo de grandes jogadores com a camisa 10, como o Rei Pelé, Rivellino e Gérson, tendo também Ademir da Guia e Dirceu Lopes, que não foram convocados. Mesmo sem chances pra defender o Brasil era o grande ídolo da torcida americana, sendo considerado melhor que Zico por muitos que o viram atuar. Seu único título pelo time foi a Taça Guanabara de 1974.

DARCY SILVEIRA DOS SANTOS – CANÁRIO (Rio de Janeiro, RJ, 24/05/1934) - Jogou no America de 1954 a 1959. Ponta-direita que era um dos melhores do Brasil na segunda metade dos anos 50. Jogava ao estilo dos pontas da época, com muita velocidade, dribles longos e curtos, bom toque de bola, precisão ao cruzar a bola da linha de fundo e boa finalização ao gol. Fez parte de mais uma grande linha de ataque, constituída por Canário, Romeiro, Leônidas, Alarcon e Ferreira. Em 1956 disputou sete partidas pela Seleção Brasileira. Uma sina na história americana é de também ser contemporâneo de uma grande geração, pois teve em sua posição jogadores como Mané Garrincha, Julinho, Cláudio, Maurinho, Dorval, Sabará, Joel, Telê Santana, Calazans e tantos outros. Já que Júlio Botelho não aceitou a convocação para a Copa do Mundo de 1958 por achar que não merecia porque atuava fora do Brasil, Canário poderia ter ido ao Mundial junto com Garrincha, mas foi Joel o outro ponteiro direito, algo que muitos consideraram injusto. No ano de 1959 foi vendido ao Real Madrid e formou com Del Sol, Di Stefano, Puskas e Gento um dos melhores ataques da história do futebol mundial.

LUÍS ALBERTO DA SILVA LEMOS – LUISINHO (Niterói, RJ, 03/10/1951) - Jogou no América de 1973 a 1975, 1982 a 1984 e de 1985 a 1987, marcando 311 gols. Mesmo tendo jogado menos de dez anos pelo America é o maior goleador da história do clube. Irmão mais novo de César Maluco e tão artilheiro quanto ele, passando por várias equipes, mas obviamente que é no time da Rua Campos Salles que marcou mais, em todos os sentidos. Outro que faz parte da família Lemos é o também jogador Caio Cambalhota. Centroavante raçudo, trombador e com grande presença na área, mas também capaz de vez em quando realizar lances de efeito. A artilharia do Campeonato Carioca de 1974 e 1983 foi de Luizinho, quando atuava com a camisa americana. Mesmo não sendo campeão carioca pelo clube conseguiu títulos memoráveis como a Taça Guanabara de 1974 e em 1982 venceu a Copa dos Campeões e a Taça Rio.

CAROLA - Jogou no America de 1929 a 1946, marcando 158 gols. Histórico centroavante do America, quarto maior goleador da história do clube e jogador com mais anos nas suas fileiras. Fez parte da passagem do futebol amador brasileiro para profissional. Campeão carioca em 1931 e 1935 (LCF), sendo que no último atuava como meia-direita, já que o centroavante era Plácido, que também teria uma grande passagem pelo Bangu. Mas o momento mais marcante de Carola no America aconteceu no início dos anos 40, quando o clube estava em dívida e os jogadores teriam que ser negociados, pois não poderiam receber o salário, sendo que declarou que “não importava se não pudesse receber, pois o mais importante era vestir o manto do time do coração”.

JORGE VIEIRA (Rio de Janeiro, RJ, 18/07/1934 – 24/07/2012) - Foi técnico do America em 1960/1961. É o último treinador campeão carioca pelo America. Ex-jogador de futebol que encerrou bem jovem a sua carreira e assumindo o time americano na histórica conquista estadual de 1960, deixando pra trás os fortes elencos do Botafogo, Flamengo e Vasco, derrotando na decisão o Fluminense. Tornou-se um dos mais jovens comandantes campeões. Teve uma boa passagem no Botafogo de Ribeirão Preto em 1977 (campeão do primeiro turno), vice-campeão brasileiro no ano seguinte pelo Palmeiras e assumiu três vezes o Corinthians, sendo campeão paulista nas duas primeiras ocasiões (1979 e 1983). Mas de fato o seu momento mais marcante foi no America, um rapaz que iniciava as suas atividades e que ficaria eternamente marcado nos corações americanos. Em janeiro de 2007 retornou a Campos Salles para exercer a função de diretor técnico.

COMO JOGARIA O TIME DO AMERICA?
Por ser treinado por Jorge Vieira o time do America jogaria semelhante a 1960. No gol teria a plasticidade e exibicionismo de Pompéia. Mesmo sendo autor do gol da última conquista estadual do clube, o lateral-direito Jorge jogaria mais fixo na sua posição, já que a equipe teria um autêntico ponteiro pela direita. A zaga formada por Alex e Belfort Duarte seria firme, mas desarmaria os atacantes com muita polidez, algo que acompanhou sempre a carreira dos dois jogadores. Pelo fato de Paulo César ser um lateral-esquerdo da década de 80 jogaria um pouco avançado e por não ter um ponta-esquerda fixo. O meio de campo formado por Oswaldinho, Maneco e Edu iria orquestrar a armação das jogadas, com o volante dando combate no desarme, o Saci aplicaria dribles desconcertantes para abrir o jogo e o meia-esquerda jogaria mais avançando e responsável pelas cobranças de faltas e pênaltis. Na ponta-direita Canário infernizaria as defesas com a sua velocidade e dribles para chegar à linha de fundo centrando para os centroavantes Luizinho e Carola concluírem ao gol.

RESERVA: Joel, Hermógenes, Pennaforte, Amaro e Édson; Ivo, Plácido e Ojeda; Eduardo, Chiquinho e Leônidas.

JOEL DE OLIVEIRA MONTEIRO (Rio de Janeiro, RJ, 01/05/1904 – 06/05/1990) - Jogou no America de 1927 a 1931. Foi o primeiro goleiro que defendeu o Brasil em Copas do Mundo, a de 1930, no Uruguai. Conhecido como Menino de Ouro e dono de elasticidade, coragem e colocação. Campeão carioca em 1928 e 1931 (reserva de Sílvio Pacheco).

HERMÓGENES FONSECA (Rio de Janeiro, RJ, 04/11/1908 -?) - Jogou no America de 1927 a 1933. Da mesma forma que Joel foi o primeiro goleiro brasileiro a disputar uma Copa do Mundo, mas como lateral-direito. Da mesma forma que o companheiro sagrou-se campeão carioca em 1928 e 1931. Hermógenes era um lateral de muita fibra, leal, excelente marcador e ofensivo.

ORLANDO PENNAFORTE DE ARAÚJO (Rio de Janeiro, RJ, 19/04/1905 – 25/11/1947) - Jogou no America de 1927 a 1934. Antes do America teve uma importante passagem no Flamengo, jogando todas as suas partidas pela Seleção Brasileira como jogador rubro-negro e sagrando-se campeão carioca em 1925. Vestindo a camisa americana venceu os Estaduais de 1928 e 1931. Era um zagueiro técnico, que sabia sair com a bola dominada, excelente marcador e xerifão.

AMARO VIANA BARBOSA (Campos, RJ, 11/04/1937 – Rio de Janeiro, RJ, 22/09/2010) - Jogou no America de 1957 a 1962. Volante que improvisei como quarto-zagueiro. Teve boa participação no título carioca de 1960. Segundo o próprio jogador o time era muito unido e não temia nenhum adversário. No mesmo ano que se sagrou campeão e formou-se em Medicina. Em 1959 estava em tão boa fase que acabou sendo convocado pela Seleção Carioca, requisitado novamente dois anos depois e também defendendo a Brasileira. Jogou na Juventus de Turim, Corinthians e Portuguesa de Desportos, mas sem conseguir ser campeão.

ÉDSON DOS SANTOS (Ilhéus, BA, 19/03/1933) - Jogou no America de 1954 a 1958. Importante defensor americano dos anos 50 que jogava como zagueiro e lateral. Mesmo não sendo campeão carioca foi convocado pela Seleção Brasileira nos anos de 1956 e 1957. Voltou a defender o Brasil em 1959 quando era jogador do Sport de Recife, com a equipe sendo representado por times pernambucanos. No início de 1957 defendeu a Seleção Carioca e em 1960 a Pernambucana.

IVO WORTMANN (Quaraí, RS, 10/03/1949) - Jogou no America de1973 a 1977. Revelado pelo Grêmio em 1970, mas foi no America que se destacou mais. Participou da grande equipe que se sagrou campeã da Taça Guanabara de 1974. Volante de estilo clássico que marcava bem e sabia sair com a bola dominada, armando as jogadas. No dia 22 de junho de 1975 jogou pela Seleção Carioca. Teve também uma boa passagem pelo Palmeiras. Nunca conseguiu ser campeão estadual. Uma boa carreira como treinador.

PLÁCIDO MONSORES (Rio de Janeiro, RJ, 04/10/1912 – 02/07/1977) - Jogou no America de 1935 a 1943, marcando 167 gols. O quarto maior goleador da história do America foi revelado pelo Bangu, clube que também teve uma boa passagem, sagrando-se campeão carioca em 1933 pela LCF. Com a camisa americana teve uma carreira mais marcante, vencendo logo de início o Estadual de 1935 também pela LCF, formando uma ótima dupla de ataque com o ídolo Carola, se tornando muito querido pela boa quantidade de gols que marcava. Pela Seleção Carioca disputou o Campeonato Brasileiro de Seleções no ano de 1935 como jogador americano. Encerrou a carreira em 1945 no Bangu, mesmo clube que iniciou.

PAULO ROBERTO ALVES DE OLIVEIRA – MORENO (Rio de Janeiro, RJ, 05/11/1961) - Jogou no America de 1981 a 1987. Um dos grandes ídolos do America na década de 80. Meia-esquerda habilidoso, veloz e driblador. Foi campeão da Copa dos Campeões de 1982 e defendeu a Seleção Brasileira Olímpica no início de 1984. Tem até hoje muito carinho pelo clube que o revelou, sua passagem mais importante no futebol.

EDUARDO NEVES DE CASTRO (Rio de Janeiro, RJ, 29/08/1944 – São Paulo, SP, 28/04/1969) - Jogou no America de 1964 a 1968. No meu America de todos os tempos escalei Eduardo pelo lado direito na reserva por opção tática, mas foi como ponteiro esquerdo que se destacou no futebol, formando com Edu a melhor ala-esquerda da história do clube. Além de ter várias qualidades na posição de ponta-esquerda também batia penalidades muito bem. Contratado pelo Corinthians no início de 1968 logo teve boa participação no jogo que quebrou o tabu contra o Santos e no mesmo ano foi convocado pela Seleção Brasileira. O destino foi cruel com ele, pois faleceu junto com o companheiro Lidu em um acidente de carro na Marginal Tietê quando o time corintiano tinha boas chances de conquistar o Campeonato Paulista de 1969. Muitos que o acompanharam na época afirmam que poderia ter tido muitas chances pra defender o Brasil, pois atravessava uma ótima fase.

FERNANDO OJEDA (CHILE, 1893 -?) - Jogou no America de 1912 a 1917. Atacante chileno campeão carioca em 1913 e único representante da equipe que venceu o Estadual de 1916 no time americano de todos os tempos. Após a saída de Belfort Duarte em 1915 tornou-se o principal jogador do time. Abandonou o futebol com apenas 23 anos após ter se formado em Engenharia.

MANOEL PEREIRA – LEÔNIDAS (Biguaçu, SC, 03/01/1927 – Matinhos, PR, 23/04/1985) - Jogou no America de 1952 a 1959, marcando 96 gols. Centroavante que era o oposto do famoso Leônidas da Silva, pois não tinha técnica alguma, tanto é que a sua boa quantidade de gols foi anotada de forma trombadora através do seu forte físico. Foi apelidado pelo jornalista Sandro Moreira de Leônidas da Selva. Fez parte de um bom time do America jogando ao lado do meia-esquerda argentino Alarcon. Costumava pedir aos companheiros pra lançar a bola em cima dos zagueiros adversários para que se virasse. Era uma espécie de Dadá Maravilha dos anos 50. No único ano que foi convocado pela Seleção Brasileira (1956) chegou a pedir para Zizinho que parasse de caprichar tanto nos passes, porque se viessem com tanto efeito não saberia o que fazer com a bola. Em uma excursão à Turquia, por incrível que pareça, tentou fazer o lance de bicicleta (a jogada que consagrou o Leônidas mais famoso), mas tropeçou sozinho, não conseguindo executar de forma correta, tendo que plantar bananeira para não se esborrachar no chão, com a bola batendo no seu calcanhar e entrando no gol adversário.

OS ESQUECIDOS
Mesmo não tendo destaque nos últimos 25 anos no cenário futebolístico brasileiro, o America teve ao longo da sua história de quase 110 anos muitos grandes jogadores que poderemos ver na sua extensa lista de esquecidos.

Gasperin foi um goleiro marcante, campeão da Copa dos Campeões de 1982.

O lateral-direito Orlando Lelé foi muito marcante no forte America da década de 70, tendo também boas passagens pelo Santos, Coritiba e Vasco da Gama. Jorginho, famoso jogador campeão do mundo em 1994, com passagens pelo Flamengo e futebol alemão foi revelado no clube.

No início dos anos 60 teve dois zagueiros excepcionais, que foram Djalma Dias e Sebastião Leônidas, considerados por muitos como um dos melhores da posição na época. Ambos foram campeões cariocas em 1960. Djalma fez uma grande carreira principalmente no Palmeiras. Já Leônidas teve importante passagem pelo Botafogo do Rio.

Elói foi um volante de suma importância no time Campeão dos Campeões de 1982 por causa do seu estilo raçudo. Bem antes de Elói, nos anos 40, teve o fantástico Príncipe Danilo Alvim, que brilhou mais com a camisa vascaína.

Na ponta-direita o veloz Flecha dava show no America da década de 70, pois era um grande driblador.

Pela meia-esquerda o genial Bráulio era o toque de classe do timaço de Flecha, pois havia sido dispensado do Internacional por ser considerado muito franzino e brilhando com a camisa americana. Na meia também jogava o argentino Alarcon nos anos 50, canhota baixinho de drible fácil, mas que ficou muito marcado por causa da final do Campeonato Carioca de 1955 contra o Flamengo, quando o zagueiro Tomires quebrou a sua perna, atrapalhando assim a performance do time, tendo que jogar com dez jogadores, pois na época não havia substituição, com o Mengo conseguindo ser tricampeão estadual. Romeiro, que fez muito sucesso no Palmeiras, também foi marcante.

Com 102 gols Chiquinho tornou-se um dos maiores goleadores americanos de todos os tempos.

E na ponta-esquerda jogadores marcantes como Ferreira (década de 50) e Nilo (anos 60) também deram muitas alegrias aos torcedores americanos. O segundo foi autor do primeiro gol do título de 1960 na decisão contra o Fluminense.

Muitos nomes serão comentados de não terem citados, o que faz parte de uma pesquisa, provando assim que o America é de fato um dos grandes clubes do futebol carioca, uma história gloriosa que, infelizmente, está muito concentrada em um distante passado.

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