O BLOG DO VITÃO fala prioritariamente de bola (“esporte é futebol, o resto é educação física”), mas também, parafraseando Tite, “fala muito” de cultura popular, de povo, de Carnaval, de samba, de projetos sociais... E hoje abrimos espaço para o RAP. Rael, um dos grandes nomes da cena hip-hop paulistana, tá na área.

Se eu tenho um nome a zelar (que, claro, vem de ZL) e não revelo meu time de coração de jeito nenhum (só digo que ele é minha vida, minha história e meu amor, e o fato de o meu filho chamar Basílio é coincidência...), o rapper Rael é corinthiano da zona sul, do Jardim Iporanga, quebrada próxima ao Grajaú.

No bate-papo exclusivo com o BLOG DO VITÃO (agradeço a atenção e a competência da assessora Marina Santa Clara pelo eficiente e ágil meio-campo), o artista falou de música, futebol, quebrada, carreira... Confira aí.

BLOG DO VITÃO: antes de bater bola na sua área, a música, vamos para a minha, o futebol, já que o blog é meu e eu aqui sou o “dono da bola”... Qual a sua ligação com o futebol? Acompanha à distância? Com interesse? Tô ligado que já gravou música do Coringão....

 

Rael: Eu gosto de futebol, jogo mal (risos), não sou aquele cara que consegue acompanhar muito de perto, não. Mas torço pro Corinthians e tô sempre de olho no que tá rolando com o Timão na medida do possível pra mim rs. Gravei, sim. Foi uma grande alegria. A música é do Gilberto Gil, o Bid, um produtor f*da daqui de SP me chamou pra interpretar. A música é muito bonita, fiquei feliz de gravar.

BLOG DO VITÃO: Como é o corinthiano Rael? Maloqueiro e sofredor, corinthiano louco ou um torcedor mais sussa-equilibrado?

 

Rael: Maloqueiro sempre (risos). Tenho amigos que se o Corinthians perde acaba com o dia, com a semana... Pra mim não chega a ser assim, não. Acho que então tô mais pra equilibrado.

BLOG DO VITÃO: Para quem é da periferia e hoje virou ídolo e porta-voz dessa galera sem voz na grande mídia, queria que dissesse qual a importância que o esporte e a cultura, mais especificamente, o futebol e o rap têm na vida dessa rapaziada.

 

Rael: Cara, eu vejo as duas coisas muito próximas, sabe, porque são genuínas ali na quebrada. Que moleque de periferia nunca teve esse sonho de ser jogador. E quando algum consegue, mesmo que não vire uma grande celebridade, quando alguém da quebrada consegue começar a viver do esporte, dar uma condição melhor pra família, acaba virando referência para os que tão em volta, mostrando uma alternativa. Sem contar que é um esporte democrático.

Quem tem dinheiro pode jogar futebol, ter grana pra ir no campo mais bem cuidado, mas quem não tem junta ali os times na rua, coloca ali qualquer coisa pra marcar de gol e vai se divertir do mesmo jeito, ocupar o tempo de um jeito bom do mesmo jeito.

A mesma linha de raciocínio eu faço pro rap e a música em geral. Bota ali uma pulga atrás da orelha do cara de que tem um jeito de ele não precisar ficar admirando só as coisas que os boys tem, a quebrada pode fabricar seus próprios ídolos, sabe. E não é que todo mundo vai se dar bem se for jogador ou rapper, mas o cara vê que se ali do lado dele tem esse exemplo, pode estar dentro dele essa força pra se esforçar e conseguir, não importa o que ele queira fazer na vida.

Parece um papo meio autoajuda e clichê, mas quem mora em quebrada, quem é preto, com certeza, sabe do que eu tô falando, dessa sensação de que parece que nunca as portas tão abertas pra você.

BLOG DO VITÃO: Escreve sobre futebol? Me cantaram a bola que você tem música inédita sobre o tema...

 

Rael: Eu tenho, meu mano. E olha que fiz há uns anos já, nunca achei que ela estivesse pronta pra entrar em um disco. Veio a Copa, muita gente fez música com o tema, mas eu não me senti à vontade pra pegar essa carona. Tá guardada esperando a hora dela, uma hora chega.

BLOG DO VITÃO: Acompanhei três anos pela Rádio BandNewsFM a construção do estádio do Corinthians, tô sempre na Leandro de Itaquera, acompanho o trabalho do Favella (líder comunitário de Itaquera) e estou mais ligado nas necessidades da periferia da ZL, que, depois de 818 anos de esquecimento, esteve nos holofotes de todas as esferas do governo e, aos poucos, no pós-Copa, volta a ser ignorado... Parcela da imprensa só descobriu que “Itaquera é longe” quando o Corinthians começou a jogar com frequência e a rapaziada teve que se deslocar para cá. Sei que há problemas estruturais comuns ao subúrbio das grandes metrópoles em todo o país, mas queria ouvir de você peculiaridades da região do Grajaú e da periferia da ZS.

 

Rael: Pra quem é de periferia, pode ser zona norte, sul, leste ou oeste, a vida é isso desde sempre. Não posso negar que vejo uma mudança de uns dois anos pra cá, mas até então a minha região só ficava sob os holofotes quando tinha algum evento especial por ali. Ou começava uma obra em época de eleição. Ali na zona sul tem o autódromo, né, então a rua fica mais bonita, limpa, a favela ali do lado fica meio escondida na semana da corrida, o trânsito é desviado pra cá, pra lá, depois desmontam o circo e volta tudo ao normal. A região do Grajaú e do Iporanga, que é bairro onde nasci e me criei, fica também muito afastada do centro, como Itaquera. Durante muitos anos foi a minha rotina do dia a dia _e ainda é a de boa parte dos trabalhadores dali_ pegar ônibus ou trem, depois metrô, depois outro ônibus pra chegar no centro. Demora mais de duas horas, apertado, sem lugar pra sentar, você chega no trampo já cansado, seu dia tá só começando, como que você tem ânimo pra fazer qualquer outra coisa, tipo estudar, sabe? Ainda tem a volta, no mesmo esquema. Aí no dia seguinte é acordar cedo pra fazer tudo de novo. Fiz até um som sobre isso. É uma loucura, parece outra cidade, largada lá.
BLOG DO VITÃO: No futebol, não precisa nem se alongar, porque a enorme maioria dos atletas vem do povo. No jornalismo, só para citar três craques que brilham com competência e responsabilidade social, tem o santista André Caramante e os corinthianos Josmar Jozino (itaquerense!) e Juca Guimarães. No RAP, além dos Racionais, Emicida, Rael, Dexter e a rapaziada mais conhecida e divulgada, quem está acontecendo na quebrada e está esperando só a chance para explodir?

 

Rael: Tem uma rapaziada fazendo um rap de muita qualidade que já é respeitada na cena e começa a despontar fora dela. Não são novatos, são pessoas realmente experientes e muito foda no que fazem, que eu admiro demais. De cara assim me vêm à cabeça o Ogi e o Don L.

BLOG DO VITÃO: Falamos de futebol, música, periferia, novos talentos.... Falemos um pouco do Rael. No estilo “melhores momentos”, dá uma resumida para a rapaziada que não é tão ligada na cena hip-hop em sua carreira.

Rael: Eu comecei no Pentágono há mais de dez anos. Foi um grupo muito relevante na cena hip hop, que chegou fazendo rap de um jeito diferente, modéstia à parte (risos). Em 2010, lancei meu primeiro disco solo, chamado "MP3 -Música Popular do Terceiro Mundo". Em 2012, já agenciado pelo selo do Emicida, o Laboratório Fantasma, eu resolvi gravar o segundo, "Ainda Bem que Eu Segui as Batidas do Meu Coração", e aí resolvi que daria um tempo do grupo pra conseguir de fato me dedicar a esse novo trabalho. Foi o que fiz. O disco saiu em 2013 e estou rodando o Brasil. E também o exterior, já estive nos Estados Unidos fazendo esse show. Aproveito pra contar uma novidade, que é o lançamento de um novo trabalho ainda este ano. Já lancei uma música essa semana, e vem mais por aí. 

BLOG DO VITÃO: E tem show pintando em São Paulo. Aproveite o espaço... Quando começa a vender, quando será, local, horário etc.

 

Rael: Eu faço dia 21 de novembro agora um show no Sesc Vila Mariana. Infelizmente, ou felizmente, os ingressos acabaram em menos de uma hora. Mas aproveito pra adiantar que no dia 7 de dezembro tem um festival grande em São Paulo, chamado Ubuntu. Vai rolar na zona norte e vai ser muito especial. Os ingressos já estão à venda.

BLOG DO VITÃO: Para finalizar, responda o que queria dizer e eu não perguntei, dá aquele salve para a sua rapaziada, o espaço é teu.

 

Rael: Nessas horas eu prefiro sempre agradecer, que é uma parada que eu sempre acho que é um exercício, que a gente não faz com muita frequência. Então obrigado a você por me dar um pouco desse espaço normalmente dedicado ao futebol e aproveito pra agradecer à rapa que vem somando com meu trabalho, são eles que fazem a engrenagem girar. Como sempre digo, a quem conhece e gosta, muito obrigado, indique a um amigo se puder. A quem não gosta, indique a um inimigo. Nóiz!

 

 

 

Choque-Rei é “amistoso”, mas vale pela rivalidade!

Domingo, quero te encontrar e desabafar todo o meu sofrer... Alô, povão, agora é fé! O interminável Campeonato Brasileiro de pontozzz corridozzz não para, não para, não para nunca. Nem em data Fifa.

Por isso, no armagedônico horário das 19h30, o Palmeiras não terá o meio-campista chileno Valdivia em sua tentativa de acabar com dois tabus: ganhar o primeiro clássico neste Brasileirão e, de quebra, vencer o São Paulo no Morumbi, algo que não acontece há mais de 12 anos.

Desde o longínquo 20 de março de 2002 (quando venceu por 4 a 2 no pega em que Alex chapelou Rogério Ceni e só não entrou com bola e tudo porque teve humildade em gol) que o Verdão não bate o Tricolor na casa do rival.

O Choque-Rei, aliás, vale muito, como sempre, por isso! Pela história do clássico e pela enorme rivalidade, que foi ainda mais acentuada neste ano com a transferência de Alan Kardec (autor do gol da vitória tricolor por 2 a 1 no primeiro turno, no Pacaembu) para o Morumbi, o que motivou Paulo Nobre, mandatário alviverde, cortar relações com o time presidido por Carlos Miguel Aidar.

Em relação ao modorrento Brasileirão, o jogo, que há meses se insinuava decisivo, virou mera formalidade. O Palmeiras corre risco matemático de cair à Série Baba, mas sabe que o pior já passou e que, ainda que apanhe hoje, vai se manter na elite nacional. E o São Paulo, que tem chance matemática de conquistar o caneco, está careca de saber que o Cruzeiro, com toda a justiça e nenhuma emoção, já é o (bi)campeão brasileiro.

Além disso, a vaga do Tricolor à Libertadores-2015 virá com o São Paulo vencendo, empatando ou perdendo o clássico ... Que seja um jogaço em que a paz saia vitoriosa!

Volta, mata-mata!

 

Tudo azul

Se o título da Copa do Brasil ficou mais longe com a derrota na bola e no apito para o Galo, a chancela matemática do bicampeonato do Brasileirão ficou ainda mais próxima para o Cruzeiro. A tendência é a de que a vantagem em relação ao Tricolor, que tem um jogo a mais, seja mantida ao fim da rodada.

Vai, Curintchá!

O Timão adora se complicar contra times que lutam contra a degola. Mas, mesmo assim e sem Guerrero (quando não é o STJDeus é a CBF, incapaz de respeitar data Fifa, que desfalca os times!), tem condições de bater o Bahia.

 

 

Com as vitórias de Fluminense e Grêmio na abertura da rodada, Fogão e Trigre estão com um pé e meio na Série Baba-2015. E os tricolores, tanto o carioca quanto o gaúcho, seguem na briga pelas última duas vagas à Libertadores-2015

 

 

Fluminense 1 x 0 Botafogo

 

Criciúma 0 x 3 Grêmio

 

Palpites de domingo

Santos 1 x 1 Cruzeiro

São Paulo 1 x 1 Palmeiras

Bahia 0 x 1 Corinthians

Atlético-PR 2 x 0 Sport

Flamengo 2 x 1 Coritiba

Internacional 2 x 0 Goiás

Chapecoense 1 x 0 Vitória

Atlético-MG 1 x 0 Figueirense

 

 

Ainda sob o apocalíptico comando de Roberto Dinamite _em breve a direção voltará aos mãos do armagedônico Eurico Miranda_, o Vasco apanhou do Ceará, 2 a 0. Com a piaba, o time manteve a 3ª posição, mas adiou, outra vez, o obrigatório acesso a Série A. E acabou com qualquer possibilidade matemática de ser campeão da Segundona!

 

 

*Portuguesa 0 x 0 ABC

 

Paraná 2 x 0 Atlético-GO

*Vila Nova-GO 0 x 1 Oeste

América-MG 3 x 0 Avaí

**Joinville 3 x 1 **Ponte Preta

Ceará 2 x 0 Vasco

Náutico 1 x 0 Luverdense

Bragantino 2 x 1 Santa Cruz

Sampaio Corrêa 3 x 0 Boa Esporte

América-RN 2 x 0 Icasa

 

* Equipes rebaixadas à Série C

 

** Equipes garantidas na Série A