José Carlos Fantini Carboni (1949 – 2017) saiu da vida e foi para a galeria dos imortais da crônica esportiva.

Voz grossa, nunca gostou do microfone, mas muito disciplinava e orientava a quem o utilizava.

Tanto as estrelas, suas “vítimas” preferidas, quanto as revelações de meninos assustados.

Eu o ouvi pela primeira vez, ao telefone, quando ligou para a assessoria de imprensa do Detran, pedindo ajuda.

Tinham roubado o Fusca dele, lá pelos anos 80.

Sumiu!

E logo Carboni apareceu contratado pela Rádio Jovem Pan I AM vindo de “A Gazeta Esportiva”, uma de minhas faculdades de jornalismo esportivo ao lado das rádios Tupi, (saudades de Pedro Luiz e Haroldo Fernandes), Bandeirantes (ave, Fiori Gigliotti), Nacional do Rio (Ah, Jorge Cury...) e das TVs Tupi de Walter Abrahão e Record de Raul Tabajara.

Via tudo o que podia nelas graças aos “televizinhos” Rubens Abrão e Geraldo Coimbra, lá em Muzambinho (por favor, não sou o ganhador único dos R$ 4 milhões da Mega-Sena da última quinta-feira, infelizmente).

Seo Rubens tinha uma Colorado RQ e o “Gerardo Cuimbra”, sua querida Zenith.

Tudo em branco e preto, com muito chuvisco e Bombril na antena.

Era o que dava!

E não era para ter dado tão cedo para o Carboni.

Mesmo com o fato ou lenda de que “os grandões vivem bem menos do que os baixinhos”.

Xiiiii... tô preocupado!

Mesmo!

Estatura moral também nunca faltou a Carboni.

Competência, amizade e ética igualmente não.

Meu amigo Carboni, a quem chamava de Lee Van Cleef (1925 – 1989), ator americano, e de sósia de outro ator, Odilon Wagner, da Rede Globo, reclamava muito do declínio do rádio esportivo.

E com razão!

“Sumiram os generais e urge que soldados, cabos e sargentos subam de patente”, exemplificava.

E sempre ponderei, concordando, que a meninada de hoje precisava parar de usar o rádio apenas como trampolim para a TV.

Eu também fui, só que sem nunca descer do rádio, hoje e ainda em cinco delas.

Mas, Carboni, agora com mais tempo para olhar tudo literalmente de cima, logo, logo ficará contente.

A coisa anda melhorando, pelo menos em São Paulo, a locomotiva.

Mas nos outros 26 vagões pelo Brasil afora...

A Rádio Globo é forte, como tudo no grupo dos Marinhos, e a TV Globo a está alavancando.

A CBN agregou boa equipe de analistas e narradores, mas falta lá o “homem-tronco” do estúdio para, com autoridade e liderança, disciplinar e distribuir a bola no pós-jogo, muito curtinho.

Todas precisam evitar “miados” em microfones de retaguarda, lugar só de gente de voz que enche o rádio!

A Rádio Bandeirantes garimpou e achou João Paulo Cappellanes, Umberto Ferretti, Vinícius Bueno, as borbulhas de Felipe Garraffa, a memória do Bernardo Ramos, a efetivação de Ulisses Costa (que narrador!), ao lado das grifes Silvério e Zaidan e a persistência de produção do raro Guilherme Heredia Cimatti.

Tem havido por lá memoráveis “Terceiros Tempos” como nos áureos tempos da e na Jovem Pan, de 82 a 2005.

Mas que ela, hoje fortíssima na política, bem na bola rolando, nem tanto no comercial, entenda que Wanderley Nogueira não sabe, soube ou saberá apresentar no estúdio e que não adianta procurar similar de Milton Neves para antes e depois dos jogos.

“Como esse caipira não teve, não tem e não terá outro”, Fernando Luiz Vieira de Mello (1929 – 2001).

Louve-se também o esforço de Weber Lima na Rádio Capital e a liderança de Eder Luiz na Transamérica FM.

Mas essa tem um problema muito sério: é muita propaganda!

Até que não sou contra, mas precisa exagerar tanto?

Enfim, vida longa ao rádio esportivo, esse herói que enfrenta “briga desleal” com tantos jogos simultâneos e campeonatos, de futebol ou não, ao vivo pela TV, aberta e fechada.

Fiori, Pedro, Haroldo, Ênnio, Flávio, Edson, Alfredo, Darcy, Joseval, Doalcey, Zé Italiano, Valdir e Jorge só “enfrentavam” o vídeo-tape horas depois.

Certo, Carboni?

E obrigado por tudo!

SOBRE O COLUNISTA

Milton Neves Filho, nasceu em Muzambinho-MG, no dia 6 de agosto de 1951.

É publicitário e jornalista profissional diplomado. Iniciou a carreira em 1968, aos 17 anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal.

Trabalhou na Rádio Colombo, em Curitiba-PR, em 1971 e na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo, de 1972 a 2005. Atualmente, Milton Neves apresenta os programas "Terceiro Tempo?, "Domingo Esportivo? e "Concentraç&atild... Saiba Mais

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