por João Antonio de Carvalho

Cinco novas modalidades irão estrear nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, e como já venho dizendo desde que elas foram confirmadas, em pelo menos três delas as nossas chances de medalha são bem reais.

Somente o beisebol, versão masculina, e o softbol, versão feminina, e a escalada esportiva não trarão medalhas para o país entre as novas modalidades, mas no surfe, no skate, tanto no Park como no Street, e no caratê nossas possiblidades são bem reais.

No recente campeonato mundial de skate, na modalidade Park, disputado em Nanjing, na China, a medalha de ouro no masculino ficou com Pedro Barros, e Murilo Peres ainda terminou em sétimo. Essa categoria ainda tem Luizinho Francisco e Ítalo Peñarrubia, no masculino, e Yndiara Asp, Dora Varella, Camila Borges e Isadora Pacheco, no feminino.

Na Street o Brasil conta com Kelvin Hoefler, Luan de Oliveira, Tiago Lemos e Felipe Gustavo, no masculino, e Leticia Bufoni, Pâmela Rosa, Monica Torres e Gabriela Mazzeto, no feminino. Vários desses atletas tem medalhas em X-Games, o maior evento de esportes radicais do planeta.

Na edição de Minneapolis, neste ano, Kelvin Hoefler foi  bronze no Street e Leticia Bufoni, que se recuperava de uma lesão, ficou em quarto. No Street Pedro Barros terminou em quarto. A confederação é dirigida por Bob Burnquist, que é um dos maiores vencedores dos X-Games, e por isso conhece bem demais o esporte.

No surfe não dá para não sonhar em medalhas em Tóquio. Gabriel Medina foi campeão do Circuito Mundial em 2014, e Adriano de Souza, o Mineirinho, ganhou em 2015. O crescimento do país no esporte é enorme e na edição desse ano o Brasil é o país que tem mais surfistas, onze, batendo até a tradicional Austrália.

Em 2018, até agora, já foram dez etapas, com oito vitórias brasileiras, três de Ítalo Ferreira, duas de Gabriel Medina, duas de Filipe Toledo e uma de Willian Cardoso. Somente o australiano Julian Wilson, com duas vitórias, quebrou a hegemonia brasileira.

Além disso, faltando apenas uma etapa, a de Pipeline, no Hawaii, em dezembro, dos quatro primeiros no ranking, três são brazucas, Medina, Filipinho e ítalo. Medina só precisa alcançar a bateria final para ser campeão e Filipinho e Julian Wilson ainda tem chances.

No feminino com a decisão de Tatiana Weston-Webb representar o país, as chances de medalha também são reais. Ela nasceu em Porto Alegre mas com dois meses mudou para o Hawaii, onde foi campeã da Segunda Divisão em 2015 e venceu sua primeira prova na elite no ano seguinte.

Nesse ano, apesar de não ter vencido nenhuma etapa, vem mostrando muita regularidade e está na terceira colocação geral, somente atrás da australiana Stephanie Gilmore, campeã antecipada, e da americana Lakey Peterson. Nas nove etapas, Tatiana chegou duas vezes em segundo e três em terceiro.

No caratê o Brasil também chegará em Tóquio com ótimas chances. No campeonato mundial, que está sendo disputado em Madrid, já tem uma medalha garantida, com a passagem de Vinicius Teixeira para a final da categoria 67 kg. Ele já havia sido medalha de bronze em Bremen, na Alemanha, em 2014.

Douglas Brose, até 60 kg, já foi campeão mundial em 2010, em Belgrado, na Sérvia, e em 2014, na Alemanha, foi prata em Paris, em 2012, e bronze em Tóquio, em 2008. No feminino  Valeria Kumizake, até 55 kg, nossa principal atleta, foi prata em Linz, na Áustria, em 2016.

São atletas que estão em grande nível, sendo Vinicius hoje o segundo colocado do ranking mundial de seu peso, Brose o quinto, mas já liderou em anos anteriores, e Valeria a quarta. Não é como no skate e no surfe, mas as esperanças no caratê também são boas.

Junte-se a isso o recente quarto título de Ana Marcela Cunha no Circuito Mundial de Maratonas Aquáticas, a participação no mundial de ginástica, com sete finais e a prata de Arthur Zanetti, a ótima fase de Isaquias Queiroz, o recente título mundial de Martine e Kahena no 49er, no iatismo, o momento de Henrique Avancini no ciclismo BMX e o crescimento de Hugo Calderano, podemos esperar, apesar da crise financeira do país, outra boa participação em Tóquio. Seguimos acompanhando.

SOBRE O COLUNISTA

Jornalista com passagens pela Rádio Jovem Pan, Sportv e Fox Sports é especialista em esportes olímpicos.

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