Hélcio de Souza

"Biblico" homem da comunicação brasileira

O "biblico" homem da comunicação brasileira conta sua história

Admirável Milton Neves.

Sou constante ouvinte de suas intervenções no radio, televisão como sempre inteligentes, impertinentes, agressivas e brilhantes. Realmente tudo isso V. pratica com muita espontaneidade. Memória, então só a de elefante se compara.

O meu amigo e também seu amigo Juca Franco, muito franco mesmo, é que procurou nossa aproximação. Estamos trabalhando no mesmo endereço. Aí vai minha "istoria?.

Sou de Araçatuba quando em 1945, fazendo o Curso Colegial e a Escola de Comercio, já era metido a líder da classe e comecei fazendo radio ? A VOZ do ESTUDANTE ? na radio Cultura local, á convite de Luis Falanga, que militava por lá e na Radio Tupi de S. Paulo. Por lá também passou o Fiori Gillioti que sucedeu ao meu parceiro amigo Edison Leite.

Por tais razões também fiquei envolvido em política, presidindo o Comitê Estudantil da UDN. Na rádio até que não me dei mal. Logo o dono me admitiu como assalariado e entre os vários horários me destaquei no programa ? SENTIMIENTO GÁUCHO  só tangos com as clássicas orquestras e típicas ?Juan Darienzo, Alfredo de Angelis, eu fazia os programa e dominava depois das 23hs. a Zona da cidade. Barraca do Odilon e frango a passarinho era sempre uma oferta alem de algum carinho pro garoto.

Vim para S. Paulo para prestar exame na Faculdade Paulista de Direito, onde entrei e sou participante da segunda turma daquela faculdade da Universidade Católica. Terminei o curso pela São Francisco 1952.

Lá conheci o Raphael Sampaio Vidal Gusmão que me levou ao seu Dirceu Fontoura dono da radio CULTURA que chamou o Jota Silvestre para me avaliar. Sentado em um sofá frente a um gravador de carretéis de fios de aço - marca ZELOSO ? me deram um "cardex? contendo textos comerciais, que foram lidos, sem conhecê-los.

Passei. Ai começou minha vida no radio, na faculdade e depois no Dep. Jurídico da Prefeitura, departamento esse comandado pelo Dr. Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto e Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, depois meus grandes apoiadores na área jurídica.

Logo me fui destacando e passando a fazer auditório, smoking ou dinner jacket , com a participação de J. Alvise Assumpção, Osires Mendes Caldas, Augusto Machado de Campos (Machadinho e comediante Lilico Swing), Helio de Araújo e a iniciante Virginia de Moraes que chegava de Presidente Prudente.

Sem falsa modéstia evolui e me destaquei ? as orquestras de Walter Guilherme, Zico Mazagão e mais tarde TOTO que voltava dos EE.UU eram as minhas bases para apresentar Edith Piaf, Ivete Giraux, Jaqueline François, e depois as estrelas da musica centro americana até Carlos Ramires.  Há outros fatos...

Estava mais ou menos com boa avaliação e passamos a ser dupla Viginia/Hélcio a base de toda a programação de auditório. Lá foi que apareceu em S. Paulo, Luis Lua Gonzaga e Catamilho e sua zabumba. O sucesso foi tamanho que tivemos que fazer os programas na marquise da emissora, avenida S. João esquina com Duque de Caxias, o Palácio do Radio.

Foi lá também que surgiu o Ronald Golias, que era funcionário do banco Noroeste e participava de programas populares para ganhar cachê. Eram iniciantes os cantores Agostinho dos Santos, Francisco Egidio. Curiosidade ? Havia um programa de alta cultura ? Desafio aos Catedráticos ? do qual participavam Menotti del Pichia, Anita Malfatti, Bueno de Azevedo e outros alternadamente, para responder questões culturais. A maneira de falar do Prof. Bueno e do Menotti era tão marcante e "engraçada? que o Fernando Baleroni, marido da Laura Cardoso ainda famosa na TV Globo, criou um programa caricato Desafio aos Errados. Coube ao Golias imitar aqueles doutores. Foi um sucesso de gargalhadas e o fim do Desafio aos Catedráticos, por que o auditório passou a rir quando aqueles citados falavam.

Nessa época os Ramos ? João Baptista Ramos, Luis Arantes Ramos e Nabantino Ramos - se apropriaram da radio Excelsior de S. Paulo, com motivos não bem esclarecidos politicamente. Resolveram fazer uma nova emissora contratando quase toda a equipe da Radio Tupi / Difusora de S. Paulo. Vieram Dermival Costa Lima e sua Sarita Campos, Walter Forster, Lia de Aguiar, Hebe Camargo, Lenny Everson, Pagano Sobrinho e inúmeros atores e cantores. Veio também o maestro Gabriel Migliore,o Osmar Milani e grandes figurantes do radio teatro.

Foi assim que Virginia de Moraes e Hélcio de Souza foram contratados como locutores de horário nobre. Lá chegando também chegava Manoel de Nóbrega, não é da Nóbrega. Ao me conhecer convidou-me para ser o apresentador da seu programa que se lançava no horário de 12 ás 14 horas de segunda a sábado. Lá me apresentava animando e participando dos "skets? Novela Maluca, Zé da Bronca e outros cujos nomes não me acorrem. Foi nessa época que surgiu o nosso brilhante Silvio Santos.

Veio do Rio recomendado pelo Floriano Faissal. O Costa Lima me chamou e mandou aproveitá-lo. Não há vagas disse-lhe, só se ele quiser fazer as folgas dos locutores. Cada dia um horário diferente. Assim foi. Ele passou a morar em pensão em frente a radio na rua das Palmeiras e foi também assim que se casou com a saudosa Cidinha sua primeira esposa.

No program do Nóbrega ele ia ao palco para ler os textos. Ficava ao pé do microfone e para animar o auditório nos regaçávamos as calças dele e lhe colocávamos uma fita no cabelo, o auditório ria e ele ficava vermelho de vergonha ou raiva. Nasceu daí o Peru que Fala que, inteligente e ganancioso passou a usar nas caravanas que fazia com os atores aos circos da cidade.

 Depois de uns 6 anos deixei a Excelsior que já era também a Nacional de S. Paulo e fui contratado pela RADIO RECORD, para formar a equipe de inauguração da TV RECORD, COMANDADA PELO Alfredo de Carvalho.

Depois de 2 anos cancelei meu contrato e seguí na publicidade onde já militava também desde 1950, na Orion Publicidade. Depois me associei á Panan Publicidade, onde fiz muita historia com marcas consagradas, após 8 anos fundei a Open-door Publicidade, em 78 associei como Vice Presidente da Standard Ogilvy & Mather e finalmente presidente da Scalli, MacCabe Sloves Publicidade.

Há muita "istoria? e muito longa, muitos detalhes que creio melhor ficar por aqui.   

Não vou contar a historia do Baú da Felicidade, do boneco esquimó símbolo da Brastemp, do lançamento da Vemag/Bel Car/DKV,

da Inauguração da fábrica da Mercedes Benz, da campanha do Hugo Borghi candidato a governador, das intervenções do J.Antonil D´Avila e João da Costa Doria e outras andanças.

Não sei onde andam as poucas fotos de todos os acontecimentos de dessa minha vida.

Desculpe o exagero da "istoria?.

Um abraço

Hélcio F. Souza
helcio@hmm-br.com.br
Departamento Comercial
www.hollywoodmoviemagic.com.br

 


 

De: Hélcio de Souza - HMM [mailto:helcio@hmm-br.com.br]
Enviada em: terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 12:47
Para: eliana@terceirotempo.com.br
Assunto: ENC: Fotos do Locutor Hélcio de Souza

Prezado Milton Neves.

Já comentei com você a existência de meus tios Tristão Tavares de Lima e Tia Dolores moradores de sua região ?Montes Claros, Guaxupé, sei que é por ali. Uma curiosidade ? Os Tavares de Lima todos tem nome de músicos clássicos ? Modesto, professor de musica que teve os filhos Beethoven e Chopin, maestro Verdi, Donizete (padre milagroso), Tristão e Tosca. Não conheci seus filhos que acredito moram por lá.

Amigo, repito minhas desculpas pelo texto de minha vida radiofônica. A gente adquiri o habito de, após os 80, sempre que me perguntam ? oi como vai..., eu conto uma historia.

As fotos, em anexo, me foram mandadas pela minha filha. São da Radio Cultura de S. Paulo em 1948, onde após fazer os programas de auditório eu permanecia na radio para fazer o MIDINGHT MASCAREAID o maior sucesso da musica americana. A outra é de quando eu tirei meu "brevet? em Itapetininga onde fiz o curso de piloto civil, de graça, pela campanha Asas para o Brasil.. Aliás você deveria com todo o seu incomensurável acervo estudar bem a historia do Dr. Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, que ficou com fama de "chantagista?. Sabes das campanhas do Dr. Assis?

Uma emissora e um jornal diários em cada Capital brasileira e depois uma Televisão. ?Amigos precisamos manter a unidade nacional e a melhor maneira é a comunicação.? Brasileiros, este nosso território precisa se manter visto e visitado: Azas para o Brasil ? um aeroclube nas principais cidades formando aviadores?. Noventa por cento de todas essas campanhas foram pagas pelos industriais brasileiros. O Museu de Arte Moderna de S. Paulo foi constituído da mesma forma. Daí nasceu a pecha de chantagista,quando a arrecadação era para essas obras nacionais. Depois dele vieram os Bloch que também fizeram muito pela cultura e a nacionalidade. Aí  apareceu um Roberto Marinho, na condição de apoiado disfarçado do Time/Life, denunciado abertamente que foi corroendo á todos até se tornar um potentado. Essa historia poderia ser revista. Há testemunhas ainda vivas.

Perdão amigo por mais esta imprudente "istoria?.

Um abraço.

Hélcio F. Souza
helcio@hmm-br.com.br
Departamento Comercial
www.hollywoodmoviemagic.com.br

 

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