Wilson de Freitas

Ex-narrador esportivo
por Rogério Micheletti

Wilson de Freitas, histórico narrador esportivo, faleceu no dia 1º de dezembro de 2012, em decorrência de um AVC, após mais de um ano de internação.

Morador do bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, era  formado em odontologia, e casado com dona Laura Regina, com quem teve uma filha: Ana Paula.

Nascido no dia 2 de outubro de 1936, em Taquaritinga-SP, Wilson de Freitas começou narrar ainda muito jovem.

"Iniciei a carreira como locutor comercial na ZYT4 - Rádio Imperial, de Taquaritinga. Eu tinha 16 anos. Eu ouvia muito rádio. Minha mãe já sabia quando eu chegava em casa porque a primeira coisa que eu fazia era ligar o rádio", contava.

O primeiro jogo narrado por Wilson de Freitas foi na mesma Rádio Imperial. Wilson ainda era muito jovem, um adolescente. "Foi uma partida de basquete. Eu jogava basquete, futebol, enfim praticava muito esporte. Por isso o gerente da rádio (Luiz Casali), que era parente do Otávio Munis (antigo locutor da Panamericana), convidou-me para narrar", lembrava.

Wilson de Freitas deixou a cidade onde nasceu e a Rádio Imperial em 1957. "Tinha acabado de fazer a campanha da Taça dos Invictos do Taquaritinga. Era o campeonato da Segunda Divisão. E o CAT consquistou a Taça dos Invictos, entregue pela Gazeta Esportiva", conta. O locutor aceitou o desafio de integrar a equipe da Rádio Bandeirantes.

"Fui convidado e contratado pelo Pedro Luiz", conta. "Foi uma mudança violenta sair da minha cidade e vir trabalhar em São Paulo. Eu fiquei pouco tempo em São Paulo. A verdade é que eu queria estudar. Fui para Ribeirão Preto em 1958 trabalhar na Rádio PRA7. E quem arrumou o emprego pra mim foi o Pedro, mais uma vez", dizia.

Como o salário da PRA7 não era o suficiente para que o locutor concluísse o curso superior que tanto sonhava, Wilson de Freitas trocou Ribeirão Preto pela Rádio Cultura de Araraquara. "Os donos da Rádio eram os mesmos da família da meias Lupo", relatou Wilson de Freitas.

Em 1965, depois de concluir o curso de odontologia, em Araraquara (uma das mais conceituadas do Brasil), Wilson de Freitas, convidado por Pedro Luiz foi trabalhar na Rádio Tupi. "Lá só tinha cobra, no bom sentido. Era muita gente boa de microfone. Era um ninho de grandes profissionais do rádio. Aprendi muito na Rádio Tupi", observava o narrador, que ficou 16 anos na equipe 1040.

Com o fechamento da Tupi, em 1981, Wilson de Freitas foi trabalhar na Rádio Bandeirantes, pela segunda vez. Ficou na emissora por quatro anos. "O Pedro Luiz achava que eu tinha uma queda por televisão. Então, ele me chamou para fazer um estágio na TV Gazeta. Acabei ficando lá. Permaneci por três anos na Gazeta. Depois fui para a TV Cultura, casa de onde eu tenho grandes recordações", recorda.

Depois, Wilson de Freitas passou ainda por outros veículos, entre eles Sportv, Rede Vida, voltou para a TV Cultura (convidado por Flávio Adauto e Paulo Cezar Correia) e fez alguns trabalhos como free-lancer.

Jogos marcantes

Um dos jogos marcantes vistos e narrados por Wilson de Freitas foi o massacre santista sobre o Botafogo de Ribeirão Preto, que tinha como treinador o saudoso Oswaldo Brandão. O resultado: 11 a 0 para o Santos, em 1964. "Foram oito gols do Pelé. Um diferente do outro", conta o narrador. "O curioso de tudo é que eu sai com a garganta inteira daquele jogo", dizia.

A partida entre Cruzeiro e Internacional, que terminou 5 a 4 para o time mineiro, no estádio do Mineirão, também não sai da memória do narrador. "Eu estava na Rádio Tupi, da equipe 1040, comandada por Milton Camargo (o Sargentão, como era chamado carinhosamente pelos integrantes da equipe). Também sai garganta inteira e feliz com o futebol apresentado pelos dois times que jogavam pela Libertadores de 1976", recordava.

E como bom filho de Taquaritinga, Wilson de Freitas não esconde que vibrou muito com o acesso do CAT para a divisão principal do futebol paulista em 1982. "Em 1983, muitos criaram caso. Diziam que o time do Taquaritinga não tinha estádio. E hoje é um fato histórico no cenário esportivo do Brasil: o estádio não foi construído em 90 dias, mas sim em 89 dias", enfatizava.

Troféu

Wilson lembra com alegria o troféu que ganhou das mãos de Wilson Brasil, em 1981. O narrador de Taquaritinga foi o destaque do ano. O nome do prêmio: Troféu Gandula. "Até o Diego Armando Maradona, ainda novo, estava na festa", orgulhava-se.

Camisa de ouvinte

E um presente de um ouvinte, fã do locutor, está guardado com carinho por Wilson de Freitas. "Estava em Portugal, no Vale do Jamor, trabalhando pela Tupi. Ganhei uma camisa de um ouvinte. E não era qualquer camisa. Era da seleção brasileira com autógrafos do Pelé e do Rivellino. Tenho guardada até hoje", dizia.

O 1º de abril

"A Rádio Tupi era uma das mais ouvidas do país. Sabendo disso, Manoel Ramos (um dos integrantes da equipe) teve a idéia de fazer uma brincadeira. Já que a rádio era ouvida pelas concorrentes principalmente por causa dos resultados dos jogos, a Tupi fez a brincadeira do 1º de abril. Deu resultados errados. Até A Rádio de Pernambucano, que estava ao nosso lado, entrou nessa. Naquele dia tívemos a prova que muitas concorrentes ouviam a Tupi", lembrava.

No dia 28 de setembro de 2011, a esposa, Dona Laura Regina e a filha Ana Paula, visitaram a redação do Portal Terceiro Tempo. Elas vieram agradecer o carinho recebido dos companheiros de mais de 40 anos de jornada esportiva de Wilson de Freitas, na ocasião internado no Hospital Paulistano.

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