Vitu Capitão

Ex-presidente do Aparecida Futebol Clube
por Roberto Gozzi

Em Conceição Aparecida-MG, assim como na maioria das cidades do Sul de Minas Gerais, toda criança e adolescente é conhecido como filho de ciclano ou fulano. E com este personagem não foi diferente. Filho de José Capstrão Ferreira, ou José Capitão, como era popularmente conhecido, Vitor Ferreira também virou Vitu Capitão.

Assim como a inconstância do café, Vitu morreu pobre, perdendo tudo que conquistou durante a vida.  Morreu aos 69 anos em outubro do ano 2000.
 
Segundo seu irmão ele partiu feliz, pois viu seu sobrinho ser eleito prefeito da cidade em 1997 aos 30 anos de idade, o mais jovem do estado. O Capitão nasceu, viveu e morreu em torno das duas coisas que mais amava, café e futebol.

Nasceu no ano de 1931 em meio a uma família rural.  Torcedor do Galo mineiro e apaixonado por futebol, cresceu acompanhando grandes jogos pelo rádio.  Já adulto, grande gerenciador de café, produzia e comprava os grãos  pelo Sul de Minas inteiro para revender a outros estados e países.  Não deixou o futebol de lado, mas foi aos 29 anos, quando chegou a presidência do time da cidade, o Aparecida Futebol Clube, que tudo mudou.

Com esta idade, Vitu já era famoso por suas conquistas com café. "O Capitão ficou rico por ter grande habilidade de negociar, pegou o time da cidade praticamente parado e mudou muita coisa, tirou dinheiro do próprio bolso, não tinha patrocínio, murou o campo com concreto, pois era de bambu, pagava salários, viagens e todo custo que houvesse. Começou a trazer jogadores de todo lado: Santos, São Paulo e várias cidades de Minas também?, conta Ebenezer Ferreira, irmão do Vitu.

O Aparecida Futebol Clube ganhou corpo e disputou o Campeonato Sul Minas. No ano em que chegou a glória, teve em sua chave os times de Muzambinho, Areado e América de Alfenas. No mata- mata, jogou contra Ouro Fino, Campo Belo e Ribeirão Vermelho. Realizou grandes amistosos contra Olaria e São Cristóvão do Rio de janeiro, clubes profissionais, mas os três maiores jogos do clube foram dois contra a seleção olímpica da Argentina e um contra um misto do Santos Futebol Clube.

"Na década de 1970 a seleção da Argentina veio excursionar pelo Brasil, fez seu primeiro jogo contra o Vitória da Bahia e ganhou, vieram jogar em Minas contra alguns times profissionais e conseguimos trazê-los para jogar aqui. O jogo foi 0 a 0, eles continuaram a excursão pelo país e ganharam todos os jogos. Inconformados por não terem nos vencido, pediram revanche, aceitamos e ganhamos de 1 a 0?, conta orgulhosamente Ebenezer.

O irmão também comenta o lendário jogo contra o Santos. "Conseguimos um amistoso com o time máster do Peixe, mas também participaram alguns jogadores jovens entre eles o Caneco. Dos mais velhos vieram Chicão, Dorval e Coutinho, este já barrigudo. O Vitu ficou muito empolgado e montou uma seleção do Sul de Mimas, conseguiu jogadores emprestados de vários clubes, inclusive da Caldense,  que já era profissional. Começamos ganhando por 2 a 0, mas não adiantou, tomamos um chocolate e perdemos por 5 a 2, com um show do Coutinho.

Vitu foi presidente do time entre 1960 e 1970. Seu irmão deu continuidade ao seu trabalho ficando por lá até 1985, quando o clube deixou de existir. O Capitão entrou para a política sendo o vereador mais votado da cidade, tentou a prefeitura, era, segundo pesquisa da época, o candidato mais popular, mas perdeu por 122 votos.
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