Transilvânia

Pela rota do Conde Drácula
Paula Vares Valentim
jornalista responsável
Depois de percorrer a Europa de ponta a ponta e registrar os principais passos de Drácula, entre o Rio Tâmisa e o Mar Negro, em sua rota de fuga de Londres à Transilvânia, segundo o manuscrito original da obra criada pelo escritor irlandês Bram Stoker, Chico Santo finalmente desembarcou na estação central de Bucareste. "Foram mais de 20 horas de trem, à bordo de um comboio que em outros tempos estaria transportando a aristocracia européia em seu charmoso Expresso do Oriente. Apesar disso, desde o momento em que deixei a Turquia e carimbei o meu passaporte, posteriormente, na Bulgária, o que vi, diante de uma paisagem natural riquíssima, foi o contraste econômico de uma região menos favorecida da Europa. Tanto em Sofia quanto em Bucareste, a pobreza, até então, inexistente ou bem camuflada em outras partes do Velho Continente, despertou um certo choque.? Na capital da Romênia, o repórter fez a última escala antes de seguir para Brasov e conhecer de perto um pouco mais dos mistérios que cercam a vida do personagem central do principal romance de vampirismo da literatura estrangeira: "A Romênia talvez seja o único país do mundo onde algumas cabeças de alho podem valer mais do que muitas centenas de euros.? Por lá, as matilhas tão temidas pelo Conde da Valáquia podem ser adquiridas com certa facilidade a um preço relativamente baixo. Para quem vai à Transilvânia e segue à risca as orientações de Van Helsing ? o caçador de vampiros - a peça do bulbo utilizada como medicamento durante a antiguidade no Egito acaba mesmo por se tornar obrigatória na bagagem. "Alho, crucifixo e água benta. Quanto mais melhor. Você nunca sabe quando vai precisar?. Em Bucareste, ao contrário do que esperava encontrar posteriormente na Transilvânia, Chico Santo se deparou com uma cidade alegre, repleta de praças, jardins e construções que vão desde o estilo gótico até a art nouveau. "Um lugar lindo, com uma arquitetura eclética que preserva o que sobrou do entre-guerras, comunismo e também da modernidade. É a sexta maior cidade da União Europeia e foi fundada no século XV.?
Utilizada como residência provisória de Vlad Tepes III, o Príncipe da Valáquia, em 1459, Bucareste possui atualmente pouco mais de 2 milhões de habitantes e está situada há cerca de 300 km da Transilvânia: "Assim como os demais povos da Europa, tirando os franceses, talvez, eles adoram os turistas. Estão acostumados a receber estrangeiros e são muito cordiais. A língua romena, por incrível que pareça, na minha opinião não é tão difícil quanto parece. O espanhol é pouco falado e o inglês é utilizado com freqüência entre os visitantes.? Da capital romena, mais uma vez pelos trilhos, o jornalista seguiu para Brasov, na Transilvânia. "Coincidência ou não, comprei o bilhete de trem para às 21h33. Como o trajeto entre as duas cidades leva em torno de 3 horas, a previsão de chegada na capital dos vampiros estava estimada justamente por volta da meia noite.? No vagão velho, com bancos de couro e estrutura enferrujada, Chico Santo embarcou em mais uma aventura. "Evidentemente, foi uma viagem maravilhosa. Como eu jamais havia estado na Transilvânia antes, então aquele comboio noturno não poderia ter sido melhor. Viajei ao lado de uma senhora que estava com uma criança, na cabine. Conversamos durante todo o trajeto. Os romenos não se cansam de dizer que vampiros não existem. Mas quando você está em um trem que partiu em direção à Transilvânia de madrugada, fica difícil assimilar isso.?
Pela janela, do que se lembra, o repórter nada viu além de neblina e o formato estranho de figuras imaginárias criadas pelos troncos e copas das árvores em meio a penugem formada pelo brilho da noite. "Tive a sorte de pegar uma noite de lua cheia, o que, evidentemente, aumenta ainda mais a sensação de mistério. No fundo é o que todo mundo quer. Ninguém vai à Transilvânia para ficar trancado no hotel durante à noite. É preciso entrar no clima, até porque, a região respira muito mais à madrugada do que propriamente o dia?. Exatamente do jeito que queria, às 00h41, Chico Santo desembarcou na Transilvânia. "Desci na estação central da cidade em meio ao maior nevoeiro que já enfrentei. Exatamente, como nos filmes. Não conseguia enxergar nada a mais de dois metros. Sequer via o outro lado da plataforma. Sem falar nos morcegos. Parece exagero, mas a bem da verdade, a Transilvânia das telas do cinema é simplesmente a mesma que está intocada na Romênia. É uma região sombria e incrivelmente apaixonante. Indiscutivelmente, aquele é, sim, um lugar diferente.?
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