Toscano

Ex-zagueiro do Juventus-SP
por Helcias Bernardo de Pádua (filho de Toscano)
 
Toscano, o Sr. Orestes Bernardo de Pádua, nasceu em Sorocaba-SP, em 28 de fevereiro de 1910, segundo certidão registrada no Cartório da Bela Vista, Av. Brig. Luís Antonio-SP,  pouco antes de se casar (1943),  onde ele mesmo declarava a data e local, por ter provavelmente perdido a original e não saber a localização do cartório de origem.
 
Nasceu em família muito pobre, sitiantes que dificilmente podiam ir até a cidade. Na época, ir ao Cartório de Registro Civil era coisa deixada para bem depois (anos) do nascimento. Ele sempre falava que quando foi registrado já era grandinho, (uns 10 anos) e, portanto, achava ter muito mais idade do que foi declarado em cartório.
 
Conheceu minha mãe, Benedita Ferreira de Pádua,  em São Paulo, na rua Direita, 1935/6, local de encontro dos jovens e paqueras do grupo de negros, por sinal, bastante unidos. Casaram-se em 1943 na Igreja do Carmo-Liberdade/SP.
A festa foi no Clube Elite, famoso pelas reuniões. Era um local de encontros, palestras e bailes - estes sempre a rigor - freqüentado por negros, (não confundir com o time de futebol - Aristocrata F.C. - fundado bem depois). O poeta Lino Guedes era o presidente do clube e foi padrinho no casamento dos meus pais, além de nosso aparentado.
Orestes e Benedita se conheceram oito anos antes de casar, (1934/5 - se não estou enganado) e ele ainda jogava no C.A. Juventus (nos aspirantes e no 1º time), como beque-central - alfe-esquerdo, sendo considerado um ótimo jogador. Tinha a sua figura estampada em papel de envolver balas que eram usadas em jogo de "bafa?. Era uma das "figurinhas carimbadas?, portanto as mais dificeis e reservadas aos melhores jogadores.
 
O "Toscano? sofreu um acidente, perdendo boa parte dos dois últimos dedos da mão esquerda. Na ocasião trabalhava na Fábrica de Cera Parquetina (agora av. IV Centenário) como estampador do emblema ou marca da cera nas tampas de metal das latas.
Um dos diretores do Juventus era dono ou figura importante na Fábrica de Cera Parquetina. O meu pai trabalha durante a semana para jogar aos finais de semana. O seu ganho era só na fábrica e de vez em quando um presente como prêmio pelo time de futebol.

 
Quando estava para ser contratado pelo Corinthians, num fatídico dia, distraído e pensando como fanático e torcedor do alvinegro e pela grande chance, em vez de colocar a chapa de metal na mesa da máquina estampadora, colocou parte da mão esquerda e com a mão direita puxou a pesada prensa. Aí...
 
Com isso teve que ficar vários meses em tratamento que na época era bastante precário. Após o acidente não jogou em time de maior projeção. Foi parar nos times da várzea paulistana como nos clubes do Jardim Paulista e Itaim.
Casado foi morar na Vila Itororó/Liberdade (rua Martiniano de Carvalho-Liberdade) onde eu nasci em 28 de fevereiro de 1946.
Viemos para o Itaim Bibi em 1947/48. Primeiro morando por alguns meses numa travessa da rua Fiandeiras, bem próximo ao córrego das Fiandeiras/Uberabinha que numa primeira grande chuva inundou. Logo em seguida mudamos para a então travessa do Porto, hoje rua Luis Dias.
 
No Itaim, além de Congregado Mariano e Vicentino, na Paróquia de Sta Teresa de Jesus, na década de 50, foi "jogador, juiz e treinador de bola ou futebol", em vários times, dos que me lembro, São Cristóvão, Marítimo, Marechal Floriano, etc.
O meu pai - Orestes/Toscano, morreu em 28 de outubro de 2002(*).
 
Infelizmente não tenho fotos dele quando jogador do C.A. Juventus (dec. 30) e nem um exemplar da importante FIGURINHA CARIMBADA, troféus que estou a procura já alguns anos.
Apenas tenho umas fotos com a mão enfaixada, após o acidente, escondendo o lado esquerdo e em alguns times de futebol, não identificados.
(#) Cuidado, não confundir com um outro Toscano
que na mesma época jogava na Argentina e que morreu alcoólatra, anos depois.
por Helcias Bernardo de Pádua (filho de Toscano)
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