Tião Quelé

Ex-atacante do América-SP e Atlético-PR
por Milton Neves

Tião Quelé, badalado e folclórico atacante do América de Rio Preto-SP, Grêmio, Pontagrossense-PR e Atlético-PR nos anos 70, morreu no dia 25 de outubro de 2014, em São Paulo, vítima de um AVC.
 
Ele trabalhava na capital paulista no ramo de alimentação. Sua microempresa fornecia sanduíches e doces para faculdades e para o Carrefour na região do Tucuruvi, zona norte da capital.

Natural de Monte Santo de Minas, terra do célebre massagista Mário Américo e do ator Milton Gonçalves, Tião Quelé tinha dois irmãos que também jogaram futebol: o ponta-direita Fefeu e o volante Jandaia.

Tião Quelé ficou famoso ao fazer um gol de fora da área em Emerson Leão em grande jogo entre o América de Rio Preto e o Palmeiras.

Depois ele foi para o Pontagrossense e daí para o Atlético-PR, que, pelos nomes parecidos, resolveu copiar o Coritiba que tinha Tião Abatiá e Paquito.

Assim o Furacão contratou Tião Quelé e Taquito, este do América do Rio, mas a dupla fracassou.
 
No dia 22 de maio recebemos um e-mail do internalta Rogério Siqueira com o seguinte texto:
 
TIÃO QUELÉ...camisa 9 dos bons !!!

A propósito do clima de Copa do Mundo que já começa a invadir as ruas e os corações do brasileiro faço aqui minha homenagem a um ídolo do passado : Tião Quelé !!! Pois bem, pouca gente conhece este mineiro de Monte Santo de Minas-MG, centro avante matador, que militou no futebol de Minas Gerais, interior de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Venezuela e Chile. ( jogou no extinto SAAD de São Caetano do Sul, São Bento de Sorocaba, América de São José do Rio Preto, Pontagrossense, Paranavaí, Operário, e Atlético Paranaense, no Paraná, Gremio de Porto Alegre-RS, Galícia da Venezuela, times do Chile e no Guapira da zona norte de São Paulo, entre outros).

E como é que o tal Tião Kelé haveria de ser o centro avante titular do time de futebol de botão, deste bugrino já fanático por futebol na décade de 70 ??? Acontece que a mãe dele, Dona Isaura, era nossa vizinha lá na Santa Dorotéa, no meu querido Tucuruvi, ZN de Sampa.

Em 1978, em plena Copa do Mundo da Argentina, eis que chega o Tião Quelé para visitar a mãe, e me presenteia com uma bola "tango", nada mais, nada menos que a bola oficial da Copa do Mundo, fabricada pela Adidas. Nossa rua é uma pequena ladeira sem saída, com paralelepípedos, mas que virava campinho improvisado da molecada. Lá fui eu fascinado com o presente inesperado brincar com a redonda, a mesma que era objeto do "ponto futuro" e "overlaping" pregado pelo finado Cláudio Coutinho ao escrete canarinho que voltou da Argentina com o título de "Campeão Moral", e muitas medalhas de terceiro colocado.

Desde essa época até hoje já ouví muitas histórias sobre o meu ídolo-vizinho, ... Algumas contadas pelo próprio Tião, e outras por jornalistas esportivos como Milton Neves, que conheceu Tião Quelé e seus irmãos Fefeu e Vadico que também foram boleiros, desde Minas Gerais, fizeram fama em Muzanbinho-MG e no sul de minas.
Uma dessas histórias saborosas foi a contratação de Tião Quelé POR ENGANO (isto mesmo !!!) pelo Gremio de Porto Alegre.

O técnico do Gremio em 1971 era Oto Glória, brasileiro que chegou a treinar até a seleção portuguesa. Ele pediu à diretoria a contratação do atacante Tião Abatiá, do Coritiba, no meio do caminho álguem se confundiu e trouxe um outro Tião que jogava no interior do Paraná...o Quelé !!! Prá resumir : Ele estreou num Grenal, foi substituído aos 15 min do primeiro tempo, mas saiu do Olímpico com os bolsos cheios...

Tião Quelé era o típico boleiro da década de 70, muita cachaça, muita boate, mulheres, mulheres e mais mulheres... Mas no dia seguinte ia lá e resolvia, botava a bola na rede !!! Foram tres casamentos, sendo que o segundo foi com uma Miss Chilena e o terceiro com uma chacrete... jogando na Venezuela, bancou por mais de um ano um grupo de samba e duas mulatas do casting de Sangentelli, com casa, alimentação e salário !!!

Hoje o Tião Quelé mora sozinho na mesma casinha lá no Tucuruví, até pouco tempo ele sobrevivia vendendo churrasquinho na porta dos estádios de Sampa, recentemente sofreu um AVC, mas continua forte e sempre sorrindo para a vida. Semana passada ganhei algumas horas de prosa com meu amigo e ídolo de infância, e ouví histórias saborosíssimas que poderiam proporcionar ao grande Ugo Giorgetti, cineasta autor dos filmes Boleiros e Boleiros 2, fazer mais uns tres filmes com histórias do mundo do futebol.

Dia 12 começa a Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil, veremos desfilar nas "arenas" os ídolos do futebol business globalizado e com um certo sabor de isopor, mas o camisa 9 do meu time de botão, continua sendo TIÃO QUELÉ !!!

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