Terremoto do Haiti

Chico Santo, desaparecido...
Paula Vares Valentim
jornalista responsável
Era para ter sido uma noite normal. Não foi. Do alto do apartamento em que Chico Santo morava, no 18º andar, aos pés da Mata Atlântica, a madrugada daquela quarta-feira, 13 de janeiro de 2010, foi de correria e agitação. Mais do que dormir, de última hora, o repórter internacional teve que arrumar a mala e se preparar para a viagem imediata, segundo a recomendação que surgira por telefone. "?Acabou de acontecer um terremoto de grandes proporções em Porto Príncipe. Pegue o primeiro avião em direção ao Haiti?, me disse a Tici, editora de plantão, em 12 de janeiro de 2010, por volta da meia noite. Pela conversa de no máximo 3 minutos, ficou claro para mim que aquilo se tratava de uma bucha daquelas?. De acordo com os números oficiais divulgados pelo Governo do Haiti, cerca de 200 mil pessoas morreram. Índice que não condiz com o balanço emitido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, cuja taxa aponta algo em torno de 3 milhões de vitimas. "Somente quem esteve no Haiti é capaz de dizer algo a respeito. É, simplesmente, impossível falar um número exato. Com certeza muito além de um estádio do Maracanã. Porto Príncipe, por exemplo, tinha uma população estimada em um milhão de habitantes. Pelo menos 1/3, calculando por baixo, foi soterrada. Havia pilhas e pilhas de mortos. O cheiro dos corpos era insuportável. A cena lembrava de perto o fim do mundo?. Para chegar ao Haiti, Chico Santo embarcou em uma verdadeira jornada. "Não havia vôos para a região. Todos estavam lotados. As equipes especializadas em resgate - de vários países ? logo se mobilizaram e evidentemente assentos aéreos se tornaram escassos. Teve gente que precisou ir para Buenos Aires para depara depois subir a América. As rotas eram as mais criativas. O máximo que consegui, saindo de Guarulhos, foi um vôo em primeira classe para Bogotá. Conversei com a chefia de redação do Terra, Liana Pithan, e embarquei sem nenhuma garantia que eu conseguiria seguir adiante. Sabíamos que não seria fácil chegar ao Haiti?. Como já era esperado, na Colômbia, o repórter internacional não encontrou nenhum lugar disponível para o Caribe. "Precisei esperar cerca de 48 horas para subir em um avião da Copa Airlines com destino ao Panamá. Passei quase dois dias no Aeroporto de Bogotá tentando o embarque na fila de espera. Nenhuma vaga foi aberta. No Panamá, no entanto, tive mais sorte e consegui um voo para Santo Domingo, na República Dominicana. De lá, com o Aeroporto de Porto Príncipe fechado, tive que arrumar uma carona para chegar ao Haiti. Foi uma decisão muito arriscada.? Em Santo Domingo, o repórter enviou a primeira matéria da cobertura. "Cerca de 3 mil pessoas aguardavam na sala de controle migratório da capital da República Dominicana para tentar decolar em um avião de guerra. Eram equipes de todas as partes do mundo. Entrevistei grupos especializados em salvamento da Inglaterra, França, Espanha e Estados Unidos, entre muitas outras nações. Eu era o único jornalista no meio de todo aquele pessoal. Tive que me infiltrar para tentar subir em um avião de carona. Não deu certo porque as força aérea americana tomou conta do Aeroporto de Porto Príncipe e proibiu a aterrissagem de qualquer aeronave que saísse de Santo Domingo. O problema se resumia em falta de estrutura. O mundo inteiro estava enviando mantimentos e equipes para o Haiti, mas não havia pista suficiente para aterrissagens. A demanda era bem maior do que o suporte oferecido.?
No pátio militar de Santo Domingo, o Brasil possuía 3 aviões da Força Aérea Brasileira, conforme destacou o capitão Enzo, da aeronáutica: "Estamos com três Hércules C130. É o cargueiro mais utilizado no mundo. Pode suportar até 20 t de peso?. Cada um deles era tripulado por seis pessoas, em esquema de revezamento: "Fomos o primeiro avião brasileiro a pousar no Haiti após o terremoto. Houve dificuldade para descer. Ainda há. Mais pelo tráfego aéreo do que propriamente pelas condições da pista no Haiti. Há muitos aviões por lá", disse o tenente Faleiros.? Sem autorização da aeronáutica para embarcar em um dos aviões com destino ao Haiti, Chico Santo se viu obrigado a, mais uma vez, improvisar. "A Aeronáutica não facilitou em nada minha vida. Não permitiram o meu embarque como carona. Então procurei auxílio como estrangeiro. Às vezes, o pessoal de fora ajuda mais do que o brasileiro.?
A solução encontrada pelo jornalista foi se alistar como voluntário da Cruz Vermelha Dominicana. "Enviei um e-mail para a redação e disse que a única maneira de chegar a Porto Príncipe era em um comboio da Cruz Vermelha. Havia um risco enorme. Pela primeira vez desde a sua fundação, a Cruz Vermelha tinha perdido o controle da situação. O povo haitiano não estava respeitando a bandeira vermelha da entidade. Muitos caminhões foram saqueados e tiveram seus membros assassinados.? Na matéria "Voluntários arriscam a vida para chegar ao Haiti?, publicada em 20 de janeiro de 2010, às 14h55 do horário brasileiro, o repórter descreveu sua jornada em busca da notícia. "O que enfrentaremos no Haiti é extremamente complicado. Será uma situação difícil, encontraremos pessoas boas e ruins. Há muitas mortes por lá. Os cadáveres estão expostos nas ruas. O risco de contaminação é grande, sobretudo em virtude da grande quantidade de corpos. A malária também preocupa. Quem não tiver estômago bom deve ficar." O aviso de Fernando Paez, um dos coordenadores da Cruz Vermelha da República Dominicana, aconteceu em Santo Domingo, capital do país. Na plateia, um grupo de voluntários se preparava para partir em mais uma missão humanitária que procurava reconstruir o Haiti. A conversa, realizada na véspera da viagem, contou com demonstrações de primeiros socorros, orientações de segurança e regras de conduta. Tradutores de francês e espanhol integraram o grupo. Psicólogos, médicos e enfermeiros também. Foi a última etapa antes de pegar a estrada. "Quando vocês estiverem no ônibus não se esqueçam de que a vida de muita gente estará nas suas mãos?, acrescentou Paez.
O comboio partiu na manhã de 18 de janeiro de 2010. Foi a última vez que Chico Santo falou com a redação no Brasil. "Pessoal, estou partindo para Porto Príncipe dentro de algumas horas./ Oficialmente, participei do juramento de conduta da Cruz Roja da Suíça, que gentilmente nos levará ao Haiti, já que os aviões da aeronáutica brasileira que partem vazios não autorizaram o embarque./ Bem, estou em uma equipe de apoio que chegará ao Haiti para trabalhar./ Participamos de uma reunião de instruções e ouvi coisas pesadas./ Informações extra-oficiais - porém seguras - de uma equipe que retornou do Haiti agora: - Estão matando muito no Haiti./ Pessoas morrem por nada./ Não há nenhum tipo de controle de segurança pública./ Polícia e exército não possuem respeito./ Vândalos fazem o que querem./ Corpos estão espalhados por todos os lados./ Pedaços de pernas, cabeças sem corpos e braços são vistos com frequencia./ Pessoas com estomago fraco foram orientadas a deixar a equipe!/ - Para que vocês tenham idéia, máscaras cirúrgicas são distribuídas na fronteira, no momento em que se apresenta o passaporte./ O motivo: o cheiro de mortos em Porto Príncipe é forte./
 A orientação é para que em nenhum momento se ande sozinho./ Há riscos de novos tremores./ Abalos menores podem comprometer tanto quanto o de 7,2 graus porque a cidade está toda comprometida./ - Andar na rua após às 18 horas é suicídio./ A ordem é: "16 horas, pare tudo./ Até às 17 tem que estar no abrigo"./Escrevo o e-mail por um motivo: o chefe da expedição disse que ainda não há internet lá./ Teremos telefones no abrigo./
O micro-ônibus que levou a equipe de 31 voluntários lembrava de perto os coletivos encontrados nas ruas das grandes cidades brasileiras. Apesar da roleta, no entanto, não foi preciso pagar a passagem pelos assentos não são reclináveis. "A expectativa era que nada acontecesse de errado. Mas, no fundo, estava na cara que teríamos problemas?, relembra Chico. Em seu texto original, o jornalista relatou a apreensão de quem fazia parte do comboio. "Não sei porque, mas esse ônibus tem pinta de que vai quebrar?, disse o bombeiro socorrista peruano César Pacheco. Com razão. Por volta das dez horas da noite, o veículo parou no acostamento. A fumaça no motor podia ser sentida de dentro. Quem estava a bordo foi obrigado a descer. Por sorte, o grupo ainda não havia cruzado a fronteira. "Falei que podia quebrar. Ainda bem que estamos na República Dominicana. Se estivéssemos no Haiti estaríamos em sérios problemas. Estão saqueando muito do outro lado?, acrescentou Pacheco.
Durante a parada, o repórter aproveitou o momento para conversar em inglês com um dos companheiros de profissão. "Tinha um jornalista americano, especializado em coberturas de guerras, cujo nome não me recordo. Tive com ele uma verdadeira palestra de jornalismo internacional. Ele me contou suas histórias pela Bósnia e Oriente Médio. Ele carregava no bolso um gravador eletrônico e descrevia cada cena da viagem. Devo ter o cartão dele em algum lugar. Tenho uma mala com tudo que trago dessas coberturas. Deu para perceber que, com seus quarenta e poucos anos, ele era uma espécie de Caco Barcellos americano. Nessas horas você aprende muito mais do que em uma sala de faculdade?, opinou Chico. Uma hora depois, com a bateria do ônibus trocada, o comboio voltou a rodar. Mas não por muito tempo. Desta vez, o problema o problema foi superaquecimento do motor. "Lá se foram mais alguns longos minutos perdidos. E eu não tinha como avisar a redação. E o pior, em uma região onde a água era considerada um artigo de luxo, foi absolutamente contraditório, ver um galão inteiro ser despejado entre as correias, pistões e cabeçotes. Só de pensar que no Haiti se matava por um copo de água, aquilo cortava o coração.?
Às três horas da manhã, com a fronteira fechada, terminava a primeira parte da missão. Em Jimani, o último município da República Dominicana antes do Haiti, foi feita a parada para descanso. "Vamos dormir. Temos um bom tempo para dar uma descansada?, disse o estudante de medicina porto-riquenho Davi Rodrigues. O acampamento foi improvisado em uma escola, com colchonetes espalhados no chão. "Não tivemos tanto tempo assim para dormir ou se recompor da exaustiva viagem até a fronteira. No máximo umas duas ou três horas. Sem falar que praticamente ainda precisávamos comer alguma coisa. Entenda, como refeição, pedaços de bolacha, garrafas de água e salgadinhos. Então, tomamos um banho de balde e mangueira e às 4 horas da madrugada as luzes foram apagadas. No Brasil, minha chefe de reportagem, sem notícias, começava a se preocupar de verdade.?
Dentro da escola, o cochilo não foi dos melhores. "Não dormi nada. Tinha um cara roncando que parecia uma turbina de avião?, disse a psicóloga Nazary Cordeiro. "Mas não viemos aqui para passar férias.? Aos 39 anos, Nazary era uma das voluntárias mais experientes da turma. Trabalhava em projetos de prevenção e orientação aos portadores do vírus HIV. Cansada, era uma das especialistas que se mostrava mais ansiosa pela chegada. "Quando disse para o meu marido que eu viria para cá ele não ficou muito feliz, mas soube entender. A população do Haiti precisa de apoio, temos que fazer a nossa parte?, afirmou.  No dia seguinte o comboio cruzou a fronteira. O que se viu à partir dali era assustador, com soldados armados, tanques de guerra e haitianos em filas, na esperança de um visto para a República Dominicana. "O tráfego intenso deixava claro a situação do país. As pessoas permaneciam às margens da estrada à espera de doações. Barqueiros tiravam do leito do contaminado lago fronteiriço a água para beber. Crianças choravam de fome. O lugar cheirava a morte, com milhares de casas destruídas.?
Neste clima, que antes era de euforia, os voluntários da Cruz Vermelha desembarcam no Haiti, com a certeza de que o trabalho estava apenas começando. Em São Paulo, do outro lado dos computadores, Chico Santo já era dado como desaparecido. "O Terra estava preparando uma nota oficial de busca. Internamente, entre as autoridades brasileiras, meu nome já circulava no exército nacional do Brasil. Como fui de comboio de Santo Domingo para o Haiti e os celulares não pegavam, não tive como entrar em contato com a redação por 2 dias. Só consegui enviar uma mensagem para a minha chefia no momento que desembarquei em Porto Príncipe, dentro da Organização das Nações Unidas.? No Brasil, Liana Pitahan, chefe de redação do Terra, descreveu no mural interno dos colaboradores do Portal o comenos de tensão. "Repórter sumido reaparece. Nosso enviado ao Haiti ficou 40 horas sem fazer contato, me deixando às bordas de um chilique. Redator enviou email pra Cruz Vermelha. Correspondente da Itália mandou foto do desaparecido para um amigo que está no Haiti entregar ao exército brasileiro com o recado "você viu este homem?? Nesse período, meu assistente fez intensa campanha de terror psicológico. Não sei se por genuína preocupação ou pelo sádico desejo de me ver em pânico. Ou os dois. Já o meu chefe, me acalmava naquela linha "não adianta se desesperar?, "temos que manter o controle?, "vamos esperar mais algumas horas?. É um homem incomumente equilibrado. O mundo desaba e ele mantém a fleuma. Jamais fala um palavrão. Nunca perde a linha. Não amarrota a roupa nem se despenteia. Mas, ontem à tarde, quando soube do reaparecimento do repórter, a resposta foi: "Pooooorrrrra. Que alívio, putaquepariu!?
Em mensagem enviada ao Sexta Sessão, Chico Santo se explicou aos colegas. "Foi uma viagem cansativa./ Faltaram alguns relatos: o ônibus era um expresso coletivo com catraca e tudo!/ Poltronas não reclinavam?/ Tinha gente até no estepe!/ Evidentemente, quebramos por duas vezes./ O local era inóspito... Sem telefone, sem internet./ E mais, um dia antes, voluntários tinham sido saqueados? dois foram baleados./ O motivo era a falta de comida./ O detalhe da pintura do ônibus era o desenho de um cachorro quente enoooooooooorme na lataria publicitária./ Era a única maneira de ir ao Haiti./ Pegar ou largar./ Tive que fazer juramento a Cruz Vermelha, participar da preleção e vestir o uniforme./ Mas eu avisei antes de partir? se demorar mais de 48 horas? algo de ruim aconteceu./ Como não demorou tudo isso?cheguei em tempo!/ Do Haiti,Chico.//?
Em Porto Príncipe, o repórter encontrou uma cidade em estado absoluto de calamidade. "Foi exatamente uma cobertura de guerra. Dormi por vários dias na cabeceira da pista do Aeroporto de Porto Príncipe, repleto de caças e aviões militares. Lá era o único lugar seguro. Somente pessoas autorizadas podiam entrar. Consegui o meu canto com uma equipe de resgate peruana. Dei meu passaporte e, ao menos, encontrei um lugar para ficar. Do lado de fora, tudo era anormal. Milhares de pessoas mortas. Quem estava vivo matava por uma garrafa de água. Faltava comida, não havia supermercados. Dólares, euros, reais não tinham valor nenhum. Para trabalhar, era preciso ser muito discreto. Sempre ao lado de algum soldado armado até os dentes. Conseguia enviar as minhas matérias dentro da sede da ONU, no lado oposto do Aeroporto. Ou seja, naquele trajeto de 15 minutos a pé, corria mais risco de morte do que em qualquer outro momento tumultuado da minha agitada vida.? Em um dos hospitais de campana montados pela ONU, faltavam equipamentos e a esperança morria junto com as vitimas. "Aquilo era de partir o coração. Crianças sem braços, pernas, mutiladas, quase mortas. Adultos sorrindo, mesmo, diante da morte. Médicos incapazes de atender. O hospital era mais uma espécie de barraca coletiva de dor do que propriamente um centro de atendimento público. Quando me apresentava aos pacientes, como brasileiro, eles me pediam camisas de futebol da Seleção Nacional do Brasil. Eu, simplesmente, não podia fazer nada além de registrar a tragédia.?
Quando, enfim, trocou a cabeceira da pista pelo Exército Brasileiro, Chico Santo passou a ter o que qualquer haitiano consideraria uma vida de rei. "A estrutura montada pelo Brasil em Porto Príncipe era de primeira. Havia até Coca Cola! Para quem, como eu, ficou vários dias com sede, sem tomar água, ver aquele refeitório com os principais nomes da imprensa brasileira era algo como um Oasis. Dormi em um container ao lado da correspondente da TV Globo de Nova York Lilian Teles, ex-colega da TV Anhanguera. No meu quarto tinha até internet. Sem dúvida nenhuma, foi um raro momento de luxo em pleno caos.? Escoltado por soldados brasileiros, o repórter teve mais segurança para trabalhar. "Eles me deram toda a estrutura. Tinha carro, comida e pelo menos 4 soldados de olho em mim. Rodamos por praticamente toda a parte de Porto Príncipe. Fiz uma exclusiva com a embaixatriz Roseana Teresa Aben-Athar Kipman. Conversei com o soldado que encontrou o corpo da Zilda Arns. Fiquei emocionado ao participar da primeira obra social inaugurada no Haiti após o terremoto. Foi um orfanato construído com o dinheiro dos próprios soldados brasileiros a cerca de 100 km do centro de Porto Príncipe, em meio ao nada. Lá, um dos guerreiros brasileiros me deu uma pedra e me pediu para colocar em um muro em construção. Fazia parte de um rito simbólico criado no Haiti no qual você não poderia deixar o país sem participar de sua reconstrução?.
Para voltar ao Brasil, o repórter contou com o auxílio do colega internacional Sergio Utsch. "Peguei uma carona com ele até Santo Domingo, onde ? depois de uma intensa batalha ? nos hospedamos em um Cassino 5 estrelas com vista para o Mar do Caribe. Durante o trajeto o ex-repórter da TV Globo, atual jornalista do SBT, me disse que aquele tinha sido o trabalho mais difícil da carreira. Para quem cobriu Guerra do Golfo e outras dezenas de coberturas de alta octanagem aquela não era uma afirmação comum. Depois que fiz o Terremoto do Haiti, a bem da verdade, me senti como um veterano internacional. Só sabe o que foi aquela cobertura quem esteve lá. Acredite, não é algo recomendado para quem não consegue se adaptar às condições sub-humanas rapidamente. Aprendi muito no Haiti. Tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal?. 
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