Sandro Hiroshi

Ex- atacante do São Paulo, Guarani e Rio Branco
por Kaique Lopreto

Sandro Hiroshi Parreão Oi, conhecido apenas por Sandro Hiroshi, foi um dos "gatos" mais famosos da história do futebol brasileiro. Ele, que nasceu na cidade de Araguaína, Tocantins, em 19 de novembro de 1979, encerrou a carreira em 2013 e foi vice-campeão armador de tiro no mesmo ano.

Hiroshi começou a carreira no Tocantinópolis, em 1998, estreando no profissional com apenas 18 anos de idade. Com muita velocidade e um bom chute, Sandro se destacou em seu primeiro ano de carreira. Assim, o Rio Branco o contratou para a disputa do Campeonato Paulista de 1999.

O atacante de ascendência japonesa fez boas partidas pelo time de Americana. No final do paulistão, Hiroshi foi contratado pelo São Paulo para substituir Dodô, que havia se transferido para o Santos.

No Tricolor paulista, Sandro começou a brilhar, fazendo uma bela parceria com França no ataque. Porém, um problema com sua transferência fez com que o São Paulo fosse punido com a perda de pontos no Campeonato Brasileiro de 1999. As investigações não pararam e logo descobriram que o atleta tinha adulterado sua idade e que jogava com documento falsificado desde 1994.

Em 29 de novembro, ocorreu o julgamento do caso e o atacante foi condenado a 180 dias sem poder atuar profissionalmente. Isso fez com que a carreira de Hiroshi não decolasse e muitos acreditaram na aposentaria precoce do jogador. Contudo, ele continuou no Tricolor e fez parte do elenco campeão paulista de 2000 e do torneio Rio-São Paulo de 2001.

Mesmo com os títulos, não conseguiu mais se firmar no time da capital paulista e foi transferido ao Flamengo em 2002. Na equipe do Rio de Janeiro, também não brilhou e no ano seguinte foi para o Figueirense. Como destaque do time campeão catarinense de 2003, Hiroshi acertou com o Al-Jazira, dos Emirados Árabes, e deixou o Brasil.

Porém, no ano seguinte voltou a São Paulo e foi contratado pelo Guarani. No Bugre, fez dupla de ataque com o experiente Viola. Ambos não evitaram a queda do time de Campinas para a Série B. Deste modo, Sandro foi de novo para o exterior, desta vez para a Coréia do Sul.

Em campos asiáticos, Hiroshi brilhou, conquistou em 2006 e 2007 a Copa da Coréia do Sul pelo Chunnam Dragons. Em 2009, retornou mais uma vez ao Brasil. Agora, o atacante jogaria pelo América-RN. Todavia, foi uma passagem relâmpago e voltou para Coréia do Sul no mesmo ano.

Sagrou-se mais uma vez bicampeão da Copa da Coréia do Sul nos anos de 2009 e 2010 pelo Suwon Bluewings, além de também ter vencido o Campeonato Pan-Pacífico de 2009. Da segunda metade de 2010 até o meio do ano seguinte pouco jogou. Assim, no segundo semestre de 2011 acertou sua volta ao Rio Banco.

Pelo time de americana, Hiroshi liderou o elenco na campanha campeã do Campeonato Paulista de 2012 da Série A3. Foi então no primeiro semestre de 2013, que Sandro decidiu pendurar as chuteiras com 33 anos.

Mesmo aposentado do futebol, Hiroshi não ficou longe do esporte. Começou a participar de campeonatos de trap americano, modalidade de tiro que não integra os Jogos Olímpicos. No final de 2013, com 34 anos, ele foi o segundo colocado na categoria Sênior C (quarta divisão). Além disso, o ex-jogador ajuda a mulher na administração de uma loja de sapatos em Americana, interior de São Paulo.
 
Em 14 de janeiro de 2014, o portal UOL publicou a seguinte entrevista com o ex-atacante
 
Sandro Hiroshi continua artilheiro. Agora, em fossa olímpica
 
Luis Augusto Símon
Do UOL, em São Paulo

 Apesar do físico pouco privilegiado, que não lhe permitia vantagem em contato físico, Sandro Hiroshi tinha velocidade e bom aproveitamento na área rival. Era um artilheiro.

Aos 35 anos, longe do futebol, continua sendo. É campeão brasileiro de fossa olímpica, uma das modalidades do tiro esportivo. Foi campeão da categoria C, com 114 pontos em 125 possíveis e, agora, participará da categoria A, a mais importante.

Ao telefone, diretamente do Maranhão, onde foi visitar os pais, Hiroshi faz questão de mostrar os pés no chão. Explica que o tiro ainda é um hobby e não um esporte, mesmo tendo sido vice-campeão brasileiro – também na categoria C – de prato americano, outra modalidade.

Antes de começar a falar, porém, faz um pedido emocionado. "Você não vai colocar de título coisa do tipo ex-gato agora pratica tiro. Isso já passou, não quero mais lembrar", diz, referindo-se a 1999, quando foi suspenso por 180 dias por jogar com uma carteira de identidade adulterada.

A adesão ao tiro veio por convite de amigos. Hiroshi vive em Americana, onde existe um bem montado clube de tiro em homenagem a Athos Pizoni, antigo atirador brasileiro.

Antes de começar a atirar, o que nunca havia feito antes, Hiroshi participou de toda preparação exigida de um atleta: fez um curso de capacitação, passou por testes psicológicos, por exames psicotécnicos e mostrou estar em dia com as exigências do Exército Brasileiro.

"É um esporte muito exigente, não se pode colocar uma arma na mão de qualquer um", diz Hiroshi.

Também é caro. A fossa olímpica exige uma espingarda calibre 12, de quatro quilos. Se construída no Brasil, custa em torno de R$ 2,5 mil. Se for importada, pode chegar a R$ 12 mil.

 Com a espingarda em punho, o atirador fica atento a três maquinas lançadoras de pratos, que estão enterradas em uma fossa. As máquinas lançam os pratos de 11 cm de diâmetro em três ângulos diferentes: reto, para o alto, 45º para a direita ou 45º para a esquerda, de forma aleatória.

São três séries de 25 pratos. O atirador pode dar dois tiros para cada prato. Não interessa se acertou na primeira ou segunda tentativa. O máximo de pontos é 125. Hiroshi foi campeão com 114 acertos.

"O Brasil tem bons atiradores como Rodrigo Bastos ou Roberto Schmits que já fizeram 123 pontos. Eu ainda sou iniciante".

O tiro não é um esporte limitado pela idade. Hiroshi conta que há atletas competitivos com mais de 50 anos, mas não se vê chegando a um nível altíssimo. "Vou continuar atirando, mas por enquanto é mais hobby do que profissão", diz.

Outro hobby é o futevôlei, que pratica quase diariamente no clube. Sandro também tem uma franquia de loja de sapatos em Americana.

O passado futebolístico se limita à torcida pelo Rio Branco de Americana e a um ou outro autógrafo dado aos colegas de tiro. "Não são muitos. Os atiradores são gente mais fechada, são respeitosos, ficam até tímidos para falar de futebol."

Nenhuma lembrança desagradável ao apelido de gato? "Nunca, é gente de respeito. Isso já acabou, faz tanto tempo. É hora de esquecer", termina Hiroshi.
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Pelo São Paulo:

Atuou em 88 jogos e marcou 17 gols. Foi campeão do Campeonato Paulista (2000) e o Torneio Rio-São Paulo (2001).
Fonte: Almanaque do São Paulo, de Alexandre da Costa.

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