Rubens, o Rubão

Ex-goleiro do Metropol
por Marcos Júnior
 
Rubens Ignácio Vicência, o Rubão, foi goleiro da equipe catarinense do Metropol nas décadas de 50 e 60. O ex-atleta morreu no hospital São José em Criciúma, no dia 14 de março de 2014, onde costumava se encontrar com os amigos em partidas de veteranos. O aposentado estava com 74 anos de idade.
 
Fiel e apaixonado pelo Metropol, Rubão tinha uma agilidade surpreendente, apesar de sempre sofrer com a balança, uma vez que tinha muita dificuldade para se manter em forma.

Além de atuar pelo Metropol, Rubão também jogou no Atlético Operário, Flamengo de Caxias do Sul, Grêmio de Porto Alegre, Atlético Paranaense, Avaí e Marcílio Dias, equipe pela qual encerrou sua carreira, em 1976, aos 38 anos de idade.

Pai de quatro filhos (Rubneide - enfermeira; Rubnélia - professora; Rubnara - professora; Remerson - advogado), cinco netos (dois meninos e três meninas) e dois bisnetos (um menino e uma menina), Rubão foi precavido e investiu boa parte do que ganhou em imóveis e terrenos.

Em seus tempos de jogador, Rubão chegou a ficar uma semana internado com uma dieta restrita, mas para surpresa do médico do clube ele saiu do hospital com quatro quilos a mais.

Por conta disso, sempre treinava com agasalhos pesados, mesmo no verão, além de ser mais exigido nos trabalhos físicos.

Apesar disso, Rubão era dos mais bem humorados do grupo, e protagonizou histórias interessantes, como a ocorrida em uma excursão do Metropol pela Europa, em 1962.

Rubão começou a jogar como goleiro aos 16 anos. Ele conta que antes disso acompanhava seu irmão, quatro anos mais velho, nos treinos, porque morava perto.

Enquanto o irmão treinava, ele ficava atrás da trave buscando as bolas. Acompanhava o irmão. Jogava também com garotos da idade dele.

O irmão era titular do time do Atlético Operário, então ele quebrou o maxilar e aí convidaram o Rubão para jogar no lugar dele. Ficou no time de 1954 a 1958.

Equipes pelas quais jogou:

- De 1958 a 1960 jogou no Flamengo de Caxias do Sul.
- Em 1960 foi para o Metropol e ficou até 1969, quando terminou o time.
- Em 1970 foi jogar no Grêmio Porto Alegrense
- Em 1971 foi para o Clube Atlético Paranaense
- Em 1972 foi para o Avaí em Florianópolis e jogou até 1976
- Em 1977 foi para o Marcílio Dias e ficou 3 meses, então desistiu do futebol
- Voltou para Criciúma e foi trabalhar na Cesaca (indústria de cerâmica) como responsável pela energia, como gerador. Ficou de 1977 a 1992.
- Em 1992 foi trabalhar na Celesc como responsável pela manutenção e ficou até 1993, quando se aponsentou.

- Foi jogador de futebol durante 23 anos.

Atualmente mora no centro de Criciúma com a esposa e cuida do jardim e quintal, é seu hobby, sua paixão. Está feliz, realizado. Também tem casa na praia do Rincão e lá também cuida do jardim e quintal. Está sempre indo e voltando de Criciúma para a praia.
Lê muitos jornais, faz palavras cruzadas, gosta de pegar as fotos e ficar recordando, relembrando o que passou.

Disse que recebe muitas visitas de colégios de Criciúma e região para conhecer sua história.

Viajou muito no tempo de jogador, disse que também era bastante feliz.

Decidiu parar de jogar porque estava saturado de bola, jogou durante muitos anos e treinava muito.

Neste tempo de jogador a esposa ficou apenas um ano em Florianópolis com o marido. Todos os outros tempos ficou morando em Criciúma, era professora. O apoio e incentivo da esposa também colaboraram para que Rubão ficasse tanto tempo na profissão de jogador de futebol.
Foi convocado três vezes para ser goleiro da seleção catarinense e foi o primeiro goleiro catarinense a fazer gol de pênalti. Pelo Avaí fez 8 gols de pênalti.
Entre os títulos estão:
a) Tri-Campeão Estadual pelo Metropol (1960, 1961 e 1962)
b) Campeão Sul Brasileiro (1964 e 1968) pelo Metropol
c) Campeão Estadual (1967) pelo Metropol
d) Campeão Estadual (1969) pelo Metropol
e) Campeão Estadual (1972 e 1975) pelo Avaí
Rubão contou que quando o Metropol ganhou o Campeonato em 1961, foi perguntado aos jogadores se queriam dinheiro ou uma viagem para a Europa. Então decidiram ir para a Europa e ficaram 3 meses lá, Rubão estava casado há apenas 4 meses. Lá na Europa jogaram 24 partidas e o Metropol ganhou 14, empatou 6 e perdeu 4 jogos.
Em 1976, pelo Avaí, foi para o México, Argentina e outros países.
As brincadeiras de Rubão (texto publicado na revista "O Futebol da Região Mineira"), que refere-se aos times da região de Criciúma-SC, principal pólo de extração e beneficiamento de carvão mineral do Brasil:
Alemanha Ocidental, 1962. O Metropol excursiona pela Europa. Os jogadores estão hospedados na periferia de Berlim. Próximo há um enorme bosque, cortado por uma estrada sombria. Os brasileiros se impressionam com a rodovia no meio da floresta. O guiada delegação aproveita para contar que naquele local ocorreram crimes horrendos na época da Segunda Guerra. "Homens foram decapitados sem piedade. Mulheres violentadas e, em seguida, degoladas lentamente".
O lateral-esquerdo Tenente é um dos que mais se abala com as histórias. Ao ver seus olhos arregalados, o goleiro Rubão tem a ideia para mais uma de suas brincadeiras. Combina tudo com Flásio e Alpino.  Diz para Tenente que marcou um encontro com duas mulheres em uma clareira do bosque. A princípio, o lateral não gostou da ideia, mas Rubão o convenceu. "Que fantasma que nada", argumentou. "Ninguém foi morto nesse mato. Vamos lá pegar essas alemoas".
Tenente acaba topando. Saem os dois pela floresta escura. Atrás de algumas árvores, Flásio e Alpino esperam, munidos com dois lençóis, uma vela e um bumbo. Quando Tenente se aproxima, os dois vestem os lençóis como se fossem mantos. Flásio empunha a vela acesa e Alpino bate o bumbo.
Ambos gemem e gritam como acham que fariam os mortos da história do guia. Tenente fica paralisado. Mas por pouco tempo. Só o suficiente para soltar um horrendo berro de pavor e disparar pela floresta adentro. Rubão ainda tenta impedi-lo para encerrar a brincadeira e não consegue. Tenente embrenha-se nos matos, escala uma cerca de mais de dois metros que circunda a floresta e se refugia no hotel.
Com informações da revista "O Futebol da Região Mineira" e do blog "dveras em rede".
Em 10 de agosto de 2010 recebemos o e-mail de João Lucas Cardoso, repórter esportivo do jornal Diário do Sul-SC.

"De todos os clubes que passou, nenhum marcou mais Rubens Ignácio Vicência que o Metropol. O goleiro Rubens está marcado na história do time de Criciúma/SC, hoje extinto, por ser o jogador que mais vestiu a camisa do clube: 271 partidas. Foi pela agremiação, criada para abafar uma greve de mineiros da Carbonífera Metropolitana, em 1945, que conheceu a Europa, numa das maiores excursões de times brasileiros pelo Velho Mundo, 23 partidas em três meses, por cinco países. "O Dite (Freitas, presidente, hoje falecido) perguntou se a gente queria bicho ou viagem a Europa. Viagem para Europa, né??, recorda-se.

Por lá, esteve perto Sofia Loren, no elevador de um hotel em La Coruña. Arriscou algumas palavras naquele momento. Horas mais tarde, em uma refeição com a delegação a atriz passou longe, mas deixou um aceno para Rubão, como é chamado até hoje. Os companheiros perguntaram de onde ele conhecia a artista. "Isso é gado meu...?, despistou.

Jogou pelo Atlético Operário de Criciúma/SC, Flamengo de Caxias do Sul/RS, Metropol/SC, Grêmio/RS, Atlético/PR, Avaí/SC e Marcílio Dias/SC, onde encerrou a carreira aos 38 anos, em 1976. Ao longo dos 21 anos como profissional da bola se orgulha de pegar mais de 20 pênaltis e ter tomado só um frango. Com o Metropol da querida Criciúma, onde mora até hoje e trabalha como segurança da Celesc, distribuidora de energia, foi campeão catarinense em 60, 61, 62, 67 e 69. Outro marco importante: junto de Eduardo Martini e César Silva, é o único goleiro a marcar gol com a camisa do Avaí. Rubão foi um dos precursores dos goleiros batedores de pênaltis, isso nos idos de 60 e 70.

Rubão foi caracterizado como um jogador que adorava farras e pela guerra que travava contra a balança. Hoje com 70 anos, lembra das vezes em que chegava a fechar boates, "calçado? pelos bons salários e bichos pelo Metropol. "Ganhei bastante dinheiro. Mas entrava de colher e eu tirava de pá. A gente fazia contrato bom. Porém também queríamos farra. E não me arrependo nada do que fiz. Se pudesse voltar, faria tudo de novo?, conta saudoso.

Para tentar controlar o apetite de Rubão, o Metropol impunha dietas limitadíssimas e até multas. "Todo dia eu era obrigado a me pesar. Pesavam e anotavam tudo. Já tomei gancho de ter de almoçar só salada. Aí nem almoçava, dizia que não tava com fome. Mas sabia que depois vinha o meu. O Nilzo, o Edson Madureira e o Madureira (ex-companheiros) me traziam um pão com carne e ovo. Uma vez eu fui para o hospital e tive que comer aquela comida insossa. Entrei com 75 kg e saí com 78. Até hoje é assim: se eu tomo um copo de água eu já engordo. É impressionante?, diverte-se".

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