Roberto Dias

Ex-zagueiro do São Paulo
por Rogério Micheletti e Gustavo Grohmann

Roberto Dias Branco, o Roberto Dias, o melhor quarto-zagueiro do Brasil, segundo Pelé, nasceu no dia 7 de janeiro de 1943, no bairro do Canindé, em São Paulo (SP) e morreu no dia 26 de setembro de 2007, aos 64 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória, no Hospital das Clínicas, em São Paulo (SP).

Dias jogou pelo Tricolor do Morumbi de 1961 a 1973. Após encerrar sua carreira, Roberto Dias trabalhaou como instrutor da divisão de recreação que abriga os filhos dos sócios do São Paulo Futebol Clube, no Morumbi.
Com a camisa do Tricolor, Roberto Dias disputou 523 jogos (242 vitórias, 143 empates, 138 derrotas), 76 gols marcados e os títulos paulistas de 1970 e 71 (fonte: Almanaque do São Paulo - Alexandre da Costa).

Roberto Dias jogou na Seleção Olímpica em 1960, em Roma, formando o meio-campo com Gérson. Integrou diversas vezes à Seleção Brasileira. Foi o grande craque do São Paulo nos anos 60, década na qual o clube não conquistou nenhum título paulista, porque concentrava seus esforços na contrução do Morumbi.

Mas os torcedores iam a campo só para vê-lo, tamanha a intimidade que tinha com a bola, que colocava onde queria, principalmente nas faltas perto da área. Leão que o diga. Dava chapéus, inclusive em Pelé.

Teve um infarto aos 28 anos, o que atrapalhou muito a sua carreira. Depois do São Paulo, Dias jogou no CEUB (DF), em 1973, Dom Bosco (MT), em 1973, no Jalisco, do México, de 1974 a 1977, e no Nacional (SP), em 1978.

A maior injustiça de sua carreira foi não ter disputado a Copa de 66 na Inglaterra. Ele foi cortado por Vicente Feola, que preferiu levar para a Inglaterra o então veterano e contundido Zito, do Santos. Zito foi e voltou machucado. Só ele e Edu não foram escalados nenhuma vez por Feola nos três jogos que o Brasil fez na Copa de 66.

Roberto Dias deixou duas filhas: Roberta e Samantha. Suas maiores paixões eram os dois netos: Rodrigo e Matheus.
 
Elogios do Rei
 
"Eu dizia que o Dias era um grande jogador, que costumava fazer mais o papel do Clodoaldo. Mas em jogos contra o Santos, ele me marcava. E era chato pra caramba na marcação. Mas era um jogador muito bom e que jogava na bola. Eu tive grandes jogadores me marcando, entre eles o Beckenbauer, da Alemanha. Mas o Dias foi realmente um dos melhores", conta Pelé.
 
Humildade
Mesmo sendo um dos maiores zagueiros da história do futebol brasileiro, Roberto Dias adotava sempre um discurso humilde. Uma de suas últimas participações em programas esportivos foi no "Golaço", da Rede Mulher de Televisão. "Eu não fui tudo isso que vocês falam não", dizia timidamente Roberto Dias. A torcida do São Paulo e outros jogadores sabiam que Dias merecia elogios. "Era o maior ídolo do São Paulo na época da construção do Morumbi. Tomara que o São Paulo faça uma grande homenagem ao Dias", falou Muricy Ramalho, no dia da morte do ex-zagueiro.

SAUDADE NA DESPEDIDA
Reproduzimos abaixo texto escrito pelo jornalista Fabio Pizzato retratando seu carinho e respeito por Roberto Dias, que foi seu professor na escolinha de futebol dos sócios do São Paulo.

ROBERTO, DIAS E LIÇÕES INESQUECÍVEIS
"Atenção! O último a perder o pênalti ganha uma coca-cola?. Essa era a frase que mexia com os garotos da escolinha de futebol dos sócios do São Paulo. Quase sempre era assim que Roberto Dias encerrava o treino. Como bater na bola, saltar pra cabecear, defender um chute, cobrar um pênalti... tudo isso era muito fácil para ele ensinar. Afinal, aquele senhor de bigode teve uma carreira brilhante jogando pelo São Paulo entre 1961 e 1973. Dias comeu grama literalmente por viver a fase das vacas magras de um Morumbi que se erguia. Dinheiro, só para as obras. Ainda assim, dois títulos paulistas (70 e 71) tiveram a honra de serem entregues a ele. Roberto Dias foi considerado por Pelé seu melhor marcador. Isso basta para defini-lo.

Por isso, o "be-á-bá? do esporte, a categoria, o senso de espaço e o tempo de bola, o professor Dias ensinava, sempre ao lado de Terto. Mas Roberto estava lá para ir além. Ele ensinou durante anos e anos como ser um homem. Não no sentido viril ou machista da palavra. E sim no contexto humano da expressão. Respeito, determinação, humildade, caráter e conduta - uma lista que se estende pela formação de uma criança. E funcionava muito bem. Uma vez, Dias tirou um garoto do treino porque ele usara de força excessiva em uma jogada. "Ôpa! Não, não! Fora! Pode sair. O que é isso?! Espera lá fora, vai?. Uma frase. Indignada. Uma atitude de correção. E, no fim do "rachão?, um olhar fixo, olho no olho daquela criança. Um afago nos cabelos molhados do garoto e um recado: "Não pode fazer isso. E se você machuca seu companheiro? Ele tem aula amanhã, tem outros compromissos. E na próxima aula, pode fazer parte do seu time. Vá, pense. Na semana que vem a gente se vê de novo?. Funcionou.

E para este triste jornalista que aqui escreve, fica fácil afirmar tudo isso. Porque o menino da historinha acima era eu. Boa parte do que sou hoje e daquilo que aprendi no esporte devo a Roberto Dias. E até hoje me lembro dele em cada lição. Manero na força, sem nunca perder a vontade, a determinação, e todos aqueles adjetivos que Roberto Dias me fez entender o significado e valor. Obrigado, professor e amigo. Vou ter orgulho de contar sua história para os meus filhos!

Abaixo, entrevista de Roberto Dias no programa Golaço, da Rede Mulher, em 27 de dezembro de 2005, com apresentação de Milton Neves:

ABAIXO, A ESTREIA DE MILTON NEVES NO "CANAL 100" DA EXTINTA TV MANCHETE, EM DUAS PARTES, COM AS PARTICIPAÇÕES DE BLOTA JÚNIOR, ROBERTO DIAS E EDU (EX-SANTOS). O PROGRAMA FOI EXIBIDO EM 8 DE MAIO DE 1994

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Nome: Roberto Dias Branco

Posição: Quarto-zagueiro e médio-volante

Jogos disputados pelo São Paulo: 450

Data de entrada no clube: 01.06.1961

Data de saída: 26.09.1973

Gols marcados no Tricolor: 69

Nascimento: 07 de janeiro de 1943, em São Paulo (SP)

Títulos conquistados no São Paulo: Campeão Paulista de 70 e 71. Neste ano, sofreu um infarto e só voltou a jogar no final de 72.

Roberto Dias foi um dos 47 jogadores convocados, pelo técnico Vicente Feola, para o período de treinamento que visava conquistar a Copa da Inglaterra e, consequentemente, o tricampeonato mundial de futebol. Infelizmente deu tudo errado.

Os 47 jogadores convocados, devido a forte pressão dos dirigentes dos clubes, para o período de treinamento em Serra Negra-SP e Caxambu-MG como preparação para a Copa de 66, na Inglaterra, foram: Fábio ? São Paulo, Gylmar ? Santos, Manga ? Botafogo, Ubirajara Mota ? Bangu e Valdir ? Palmeiras (goleiros); Carlos Alberto Torres ? Santos, Djalma Santos ? Palmeiras, Fidélis ? Bangu, Murilo ? Flamengo, Édson Cegonha ? Corinthians, Paulo Henrique ? Flamengo e Rildo ? Botafogo (laterais); Altair ? Fluminense, Bellini ? São Paulo, Brito ? Vasco, Ditão ? Flamengo, Djalma Dias ? Palmeiras, Fontana ? Vasco, Leônidas ? América/RJ, Orlando Peçanha ? Santos e Roberto Dias ? São Paulo (zagueiros); Denílson ? Fluminense, Dino Sani ? Corinthians, Dudu ? Palmeiras, Edu ? Santos, Fefeu ? São Paulo, Gérson ? Botafogo, Lima ? Santos, Oldair ? Vasco e Zito ? Santos (apoiadores); Alcindo ? Grêmio, Amarildo ? Milan, Célio ? Vasco, Flávio ? Corinthians, Garrincha ? Corinthians, Ivair ? Portuguesa de Desportos, Jair da Costa ? Inter de Milão, Jairzinho ? Botafogo, Nado-Náutico, Parada ? Botafogo, Paraná ? São Paulo, Paulo Borges ? Bangu, Pelé ? Santos, Servílio ? Palmeiras, Rinaldo ? Palmeiras, Silva ? Flamengo e Tostão ? Cruzeiro (atacantes).

Dos 47 convocados por Vicente Feola, para esse infeliz período de treinamentos, acabaram viajando para a Inglaterra os seguintes 22 "sobreviventes": Gilmar e Manga (goleiros); Djalma Santos, Fidélis, Paulo Henrique e Rildo (laterais); Bellini, Altair, Brito e Orlando Peçanha (zagueiros); Denílson, Lima, Gérson e Zito (apoiadores); Garrincha, Edu, Alcindo, Pelé, Jairzinho, Silva, Tostão e Paraná (atacantes).

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