Projeto Verão, Bahia

Morando no Pelourinho...

Paula Vares Valentim

jornalista responsável
O fim de ano de 2008, do ponto de vista profissional, não poderia ter sido melhor. "A cobertura da Tragédia de Santa Catarina foi um divisor de águas na minha carreira. Depois daquele trabalho, tudo mudou. Passei a ser respeitado nos bastidores e, sobretudo, ganhei a confiança dos demais jornalistas da equipe." Um momento importante para quem arriscara a carreira ao voltar ao São Paulo em busca de ares maiores. "Se no início - quando decidi trocar a base e sair da segura Palmas pela imprevisível capital paulista -  o impasse para a renovação do contrato, de certa forma, me tirou muitas noites de sono, a bem da verdade, 3 meses depois, o problema era outro. Sobrava trabalho e eu me preparava para fechar o ano com a principal cobertura do país e tantas outras matérias internacionais. Definitivamente, ainda que timidamente, era possível enxergar um longo futuro pela frente.? A tão esperada papelada saiu da gaveta às vésperas do reveillon. "A Liana Pithan, chefe de reportagem do Terra, me procurou e disse que eu precisava assinar o novo contrato o quanto antes. Eu estava escalado para cobrir a posse do prefeito João Henrique, em Salvador. Embarquei de última hora, no dia 30 de dezembro. Antenado, sai do aeroporto direto para o Enchanté, local em que a Ivete Sangalo preparava sua passagem de som para a festa da virada. Cheguei com tudo na Bahia?. A entrevista exclusiva foi publicada pela editoria de Diversão e Cultura. "Entrei no clube com a minha tradicional cara de pau, sem dar muita explicação. Não fui parado nenhuma vez até chegar ao palco. A Ivete, cheia de seguranças, passou por mim e lhe pedi alguns minutos. Ali mesmo, em frente ao camarim, gravamos o bate-papo, sem assessoria, sem nada. Depois, evidentemente, consegui me credenciar e a meia noite de 1º de janeiro de 2009, eu estava cobrindo o show da simpática cantora baiana.?
O segredo daquela cobertura, mais uma vez, se resumiu em muito suor. "Roer os ossos para um dia comer o filé. Foi o que ouvi, anos atrás, de Nilson César. A princípio, era para eu fazer, apenas, a cerimônia de posse do prefeito. Mas antes da entrega do cargo eu já havia fechado duas matérias com a Ivete, uma de praia, outra com os preparativos para a virada em Salvador. Enfim, saí com a minha máquina pelas ruas e fechei um monte de pauta. Enquanto houvesse assunto, eu podia ficar.? Entre um e outro factual, surgiram os especiais. "Teve a festa da lavagem da escadaria do Senhor do Bonfim. O que um jornalista normal faria? Provavelmente, iria cobrir a celebração da festa profana se preocupando com o lado religiosa. Mas eu estava na Bahia e lá tudo é maravilhosamente diferente. Fui além. Abri minha matéria com a manchete: "Senhor do Bonfim tem cerveja a R$ 1,00 e refrigerante a R$ 2,00. O que passa despercebido dos olhos dos outros, na hora da audiência, não pode passar longe dos seus.?
Em um outro momento marcante, como se fosse amigo íntimo da família, Chico Santo decidiu por conta própria visitar a mãe de Caetano Veloso. "Peguei o ônibus e fui para Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. Fui lá conversar com a Dona Canô. O que eu não sabia era que aquele, em via de fatos, não era um bom dia. Justamente em 10 de janeiro de 2009,  Dona Edith do Prato, a mãe de leite de Caetano Veloso, aos 92 anos, estava sendo velada, na casa de Dona Canô. Peguei uma duas palavras com ela, troquei duas frases com Caetano Veloso e enviei o factual. Dos grandes portais, só o Terra, comigo, estave lá?. Dias depois, um pouco mais próximo da família Veloso, insistente, o repórter resolveu voltar. "Fui muito bem recebido na primeira vez, então, me auto-convidei para o novo encontro. Toquei a campanhia e quando vi estava no meio de uma entrevista de mais de uma hora com Dona Canô, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Foi um momento mágico da minha vida. Tirei uma foto dos 3 juntos, sorrindo. Depois disso, me dei por satisfeito?.
Quem não ficou feliz com a presença de Chico na Bahia foi o então presidente Luis Inácio Lula da Silva. "Ele tirou férias no Forte. Fiz umas duas ou três fotos do seu momento de lazer e depois tive a sacada de abordar aquilo que ninguém tinha pensado. Fechei, na praia ao lado, uma matéria com a frustração das pessoas que desejavam vê-lo. Em todo o lugar do mundo que estive, o Lula sempre chamou a atenção. As pessoas gostam dele. Então, quando a assessoria da Presidência da República descobriu que a minha pauta não era das melhores, a matéria já estava no ar. Depois disso, a área foi isolada.? Com o Festival de Verão, Chico Santo fechou a cobertura do jeito que todo baiano gosta. "Foram 10 dias de alto e bom som. Cobri os shows de Alanis Morissette, Ivete Sangalo, Capital Inicial, O Rappa, Jota Quest, Chiclete com Banana e Ana Carolina. Nas áreas vips, fiz exclusivas com Débora Secco, Carla Perez, Cauã Reymond, Sheila Carvalho e Carolina Dieckmann. Não me pergunte o motivo, mas eu derrubei a pauta com a Taís Araújo e não tenho a mínima vontade de encontrar a Carolina de novo, diferentemente, da Glória Maria.? Com a respeitada repórter da Globo o papo foi além. "Eu estava diante de uma das principais jornalistas da história da imprensa brasileira. Foi uma conversa extremamente especial. Sobretudo quando ela começou a falar sobre suas experiências pelo mundo. Acho que Deus a colocou na minha vida para dizer, hei cara, chegou a sua hora?. Da Bahia, Chico Santo seguiu para a cobertura do carnaval no litoral de São Paulo e para a festa fora de época da fronteira do Brasil com a Argentina e Uruguai. Em Uruguaiana, entrevistou a rainha da bateria, campeã do carnaval do Rio de Janeiro pelo Salgueiro, Viviane Araújo. Depois foi para a Itália, onde registrou o primeiro de muitos terremotos...
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