Pelos trilhos do Reino Unido

Na rota do Conde Drácula
Paula Vares Valentim
jornalista responsável
Romantismo e pontualidade fazem dos trilhos uma combinação perfeita para quem busca encontrar na Europa um pouco de paz, conforto e tranqüilidade. A bordo de um dos exuberantes vagões da ScotRail, Chico Santo deu continuidade em sua aventura pelo Velho Continente, em uma viagem da estação central de Edimburgo, na Escócia, em direção ao badalado município de Belfest, capital da Irlanda do Norte, como parte da rota de Drácula, criada pelo  escritor irlandês Bram Stoker. "É sempre a mesma história. Por favor permaneçam sentados com seus cartões de embarque em mãos. Passageiros que não pertençam a União Européia apresentem os passaportes com os vistos de entrada. Após a conferência dos bilhetes sintam-se à vontade para circular pela composição. O carro restaurante está localizado na parte dianteira do expresso e os banheiros estão sinalizados pelas setas. Impressionante, como não muda!? Quem espera economizar algum trocado durante o passeio, entretanto, evidentemente tem de passar longe do vagão restaurante. O cardápio oferecido no interior do expresso lista o que há de melhor da culinária escocesa. O preço salgado, contudo, não intimida os turistas. Doses de uísque, chás, capuccinos e os saborosos drinks irlandeses são servidos aos montes pelas mãos delicadas das lindas escocesas que ao fim de cada pedido indagam com simpatia a expressão "anithig else? que em português significa "mais alguma coisa?? Pontualmente às 15h02, conforme diz o bilhete devidamente perfurado em sua extremidade, o trem deixa a cidade de Edimburgo e parte como uma bala através do Reino da Escócia. Pela janela, como se fosse uma obra surrealista pintada ao acaso no horizonte europeu, o tempo parece estar congelado dentro de um retrato criado pela magia da suntuosidade do ínterim com a mesma beleza que marca o glamour da paisagem: "Totalmente diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil. Claro, temos as nossas belezas, como as praias nordestinas, o pantanal do Mato Grosso, a Amazônia ou a região dos vales no sul do país. Mas viajar de trem, ali pertinho do pólo norte é algo indescritível.? No vagão da classe turística nada mais se ouve além do canto dos ventos composto pelo balançar preguiçoso do trem. Embalado pela poesia e clima de romantismo que domina o ambiente, um casal de namoradas se aproxima e com um certo tom de sensualidade se senta ao lado do repórter. As garotas de nacionalidade irlandesa, irradiantes pelo clima da boemia que mais do que em qualquer outra parte da Europa parece traduzir bem a região, se apresentam como Briana e Eny. Beijos enlouquecedores, brindes audaciosos e uma inquestionável harmonia se espalha pelo expresso nos minutos seguintes. "A impressão que dá é que o irlandês sabe levar a vida como poucos povos no mundo. Para eles tudo é festa. Desde o trabalho até a balada, evidentemente?.

Acompanhado pela cirurgiã dentista e professora camponesa, o jornalista segue pela Escócia deixando para trás a cidade de Glascow, onde é feita a conexão para os povoados de Kilmarnock e Stranraer: "Venha conosco, também estamos indo para Belfest?, afirma Briana, em tom convidativo.  Com um inglês carregado, cheio de dialetos e quase que incompreensível, a morena acrescenta: "Vai adorar a Irlanda. É um lugar alegre e cheio de vida. Somos conhecidos por nossa felicidade e sabemos receber bem os nossos visitantes?. À partir desse momento o repórter troca o luxuoso expresso escocês e por um pequeno trem de subúrbio que mais parece um metrô intermunicipal. O local é apertado e quente. O espaço para as bagagens é pequeno e o compartimento de malas exposto na parte superior do vagão causa incômodo aos passageiros entre uma e outra balançada. Por volta das 8 horas da noite, Chicio Santo chega na estação de Stranraer. A plataforma é interligada ao porto escocês onde o jornalista é orientado a passar pelo controle migratório. A rigidez da fiscalização de estrangeiros no Reino Unido vai além da abertura das malas. Pessoas que não possuem passaporte europeu são levadas a uma sala para responder o chamado questionário de boas vindas. "Ataques terroristas e represarias as ações violentas do IRA contribuem para a abordagem severa. No local, isolado da sala de espera, não é permitido filmar ou fazer qualquer tipo de registro fotográfico. Somente depois de todo o procedimento são emitidas as autorizações de embarque. A migração é tão rigorosa quanto a de Londres.?

À bordo de um barco com cassinos, bares, salão de jogos e boates, Chico Santo volta a navegar. Desta vez pelo Mar da Irlanda. O navio leva o repórter à cidade de Belfest, capital da Irlanda do Norte. Lá o jornalista encara uma das noites mais frias da vida. "Cheguei em Belfest e fiz aquilo que qualquer outro cara normal faria. Fui para um pub beber Guinness. Conheci algumas pessoas a ganhei várias cervejas contando piadas. Como a estação de trem só abria as 6 da manhã, tive que dormir na rua. Acordei no meio da madrugada, com a perna roxa e dura. Seguramente, mesmo em pleno verão, a temperatura estava abaixo de zero. Soube depois que uma semana antes havia nevado na região. Não tive escolha. Tive que parar um taxi. O motorista me perguntou para onde eu iria e eu lhe disse. Deixa o carro estacionado e liga o ar quente que está tudo bem. Acertamos o valor e dormi dentro da Mercedes Benz. Na manhã seguinte de trem, desembarquei em Dublin.?
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