Paraíba

Ex-atacante do Santa Cruz e do São Paulo

Sebastião Thomaz de Aquino, popularmente conhecido como Paraíba, ex-atacante do Santa Cruz e do São Paulo, morreu no dia 29 de maio de 2017, aos 86 anos, no Recife-PE.

Nascido em Ingá-PB no ano de 1931, Paraíba chegou ao Santa Cruz quando tinha apenas 18 anos de idade. Teve tanto destaque nesta sua primeira passagem pelo Santinha que a torcida passou a chamá-lo de “Canhão do Arruda”, por conta de seu forte chute.

Em 1955, o São Paulo tirou Paraíba do futebol pernambucano. O atacante defendeu o Tricolor paulista até 1957, tendo realizado neste período 39 jogos, com 14 vitórias, 12 empates, 13 derrotas e com 16 gols marcados (números do Almanaque do São Paulo, de Alexandre da Costa).

Em 1957, depois de uma rápida passagem pelo Salgueiros-POR, voltou ao Santa Cruz e conquistou o Supercampeonato Pernambucano daquela temporada. Ao todo, Paraíba marcou 105 gols pelo Santinha.

Atentado

Após pendurar as chuteiras, Paraíba passou a trabalhar como guarda civil no Aeroporto dos Guararapes, no Recife. No dia 25 de julho de 1966, encontrou uma maleta no saguão do aeroporto e resolveu tirá-la dali. Depois de alguns passos, a bomba que estava dentro da bagagem explodiu, matando duas pessoas. O ex-jogador perdeu uma perna no incidente.

Mais tarde, a polícia concluiu que se tratou de um atentado que tinha como objetivo atingir o marechal Arthur da Costa e Silva, que viajava em campanha antes de assumir a Presidência da República.

Abaixo, o obituário de Paraíba, publicado pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 6 de junho de 2017

Sebastião Tomaz de Aquino (1931-2017)

Mortes: Jogador de futebol, perdeu a perna em atentado

THIAGO AMÂNCIO
DE SÃO PAULO

Anos depois, Sebastião Tomaz de Aquino evitaria falar sobre o que aconteceu em 25 de julho de 1966, uma segunda-feira que mudou sua vida.

Tinha 35 anos e trabalhava como policial civil no aeroporto do Recife. Naquele dia, encontrou uma mala esquecida próximo a uma livraria.

O Brasil vivia a ditadura militar, e o general Costa e Silva, então ex-ministro e meses depois presidente, deveria chegar naquele aeroporto. Mas não chegou: desceu em João Pessoa. E a bagagem não estava esquecida, era uma bomba, que tinha o general como alvo.

A explosão matou dois inocentes, feriu outros 14 e fez Sebastião perder a perna –membro que lhe rendera alegrias anos antes.

Na década de 1950, sua atuação como atacante pelo Santa Cruz lhe deu o apelido da "Canhão do Arruda". Foi para o São Paulo em 1955, ano em que venceu a Pequena Copa do Mundo, na Venezuela. Ficou até 1957 e, antes de se aposentar e virar policial, jogou em times do México e de Portugal, conta a filha Marize.

Depois do atentado, atribuído ao grupo Ação Popular, Sebastião ficou internado por nove meses. Do ferimento da bomba em sua perna, foram retirados estilhaços de vidros e até pregos.

Passada a longa recuperação, Sebastião trabalhou como porteiro e conviveu até o fim da vida com complicações decorrentes da perda da perna. Evitava falar sobre o assunto, que lhe causava tristeza. Seu refúgio eram os jogos do Santa Cruz, que ele até viajava para acompanhar.

Morreu no dia 29, aos 86, por complicações do mal de Alzheimer. Deixa a mulher, três filhos e sete netos.

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