Pacoti

Ex-centroavante do Vasco da Gama
Pacoti, o Francisco Nunes Rodrigues, marcante centroavante do Vasco da Gama (1958/59) e do Sporting de Lisboa (1961/62/63), morreu no dia 18 de novembro de 2021, aos 87 anos, em Fortaleza. O ex-atleta foi vítima de uma parada cardíaca. 
 
Pacoti vivia em Fortaleza-CE, na Praia de Iracema. Lá o "Pelé Branco do Vasco" era funcionário da AGAPE (Associação de Garantia ao Atleta Profissional do Estado do Ceará) e administrava interesses no estádio Presidente Vargas.

Pacoti nasceu em Quixadá, no Ceará, no dia 28 de dezembro de 1933. Ele era casado, não teve filhos, mas tinha quatro adorados sobrinhos que o chamavam de avô.

Além de Vasco e Sporting, o ex-centroavante jogou ainda no Bangu de Quixadá-CE (1952/53), no Nacional de Fortaleza-CE (1954), no Ferroviário de Fortaleza-CE (1955/56/57), no Sport do Recife (1958), na Portuguesa Santista (1960), no Olaria do Rio de Janeiro (1964) e no Valência da Venezuela (1965/66). No fim dos anos 60, voltou ao Ferroviário, ond encerrou a carreira.
 
Ainda sobre Pacoti, recebemos o texto abaixo, de Adilson Nóbrega, no dia 27 de janeiro de 2006, enviado por Rafaelle Sales, neta do ex-artilheiro.

"Na casa pequena, próxima ao imponente Centro Cultural Dragão do Mar, mora um senhor de 72 (28/12/1933) anos, que já ganhou aplausos e foi festejado no Brasil, Portugal e Venezuela. O homem de aparência pacata e sorridente talvez não desperte a idéia, para quem não conhece seu passado, que ele já foi motivo de terror para muitos torcedores e defensores de clubes de futebol no Brasil. Este homem é Francisco Nunes Rodrigues, mas atende pelo nome de Pacoti, Um dos grandes goleadores da história do Ferroviário e do futebol cearense.

E é esta casa, um ambiente que exala nostalgia, reforçado pelas suas fotos em um quadro que ele expõe com orgulho na parede. Nele estão todos os clubes por onde passou, nove ao total: Bangu (da sua cidade natal, Quixadá), Nacional (já em Fortaleza), Ferroviário, Sport-PE, Vasco da Gama-RJ, Portuguesa Santista, Sporting (Lisboa), Olaria-RJ e Valência, da Venezuela.

Pacoti não fala, porém, do passado com a melancolia típica de alguns de seus companheiros de profissão que se aposentam e sentem a falta do brilho fugaz da fama. O sorriso quase permanente passa uma imagem de dever cumprido. Trajetória que se encerrou da maneira como foi sua vida futebolística, com gosto de vitória. Foi no Presidente Vargas, em 1967, no amistoso contra o Fluminense-RJ, em que seu Ferroviário venceu por 3x2, com um gol dele e dois de Mozart, grande amigo e outro ídolo local.

Daquela época, guarda a lembrança de um futebol cearense com "mais técnica e mais craques", citando Mozart, Damasceno, Gildo, Croinha, entre outros, e com menos violência entre torcidas. "Lamento não haver mais aquela união", diz ele. Além disso, tece críticas à postura de alguns atletas atuais: "eles não têm amor próprio, nem à camisa. Falta respeito ao torcedor. Hoje, não se vê um ídolo".

Hoje, Pacoti preside a Associação de Garantia ao Atleta Profissional do Estado do Ceará (Agape) e, através dela, continua tendo contato com seus companheiros do futebol cearense. Além deles, mantém a amizade com outros colegas como os campeões mundiais Bellini, Orlando, Gilmar, Brito e o ex-lateral vascaíno Coronel, seu padrinho de casamento. Craques que dividiram a atenção das torcidas com um cearense chamado pela Revista do Esporte de "a máquina de gols do Norte", quando contratado pelo Vasco.
Pacoti iniciou sua carreira de jogador dividido entre os gramados e a profissão de funcionário público. Foi trabalhando nos Correios e Telégrafos que disputou suas primeiras partidas no Nacional, que na época era o time daquela instituição. No próprio Ferroviário, chegou lá devido a uma transferência para a RFFSA, que tinha ligação com o time coral.

E foi no Ferrão que ele começou a despontar. Em 1956 e 1957, os gols marcados pelo time fizeram com que ele chegasse à seleção cearense, que disputava o antigo Campeonato Brasileiro de Seleções. Depois, saiu para o Sport, de Recife, onde atingiu um recorde no certame estadual de 1958: 36 gols em 18 partidas. Virou, então, a "máquina de gols do Norte", despertando o interesse do poderoso Vasco da Gama carioca.

E foi no Vasco, ao lado de craques como Bellini, Orlando, Roberto Pinto, entre outros, que ele foi campeão do legendário campeonato carioca de 1958, onde o clube cruzmaltino, após empatar em pontos com o Flamengo e o Botafogo na soma dos turnos e também em um triangular de desempate, chegou ao título em um segundo desempate. Entre os adversários da difícil conquista, estavam nomes como Joel e Dida pelo rubro-negro e Nilton Santos e Garrincha entre os botafoguenses. Naquele ano, os três clubes cariocas, mais o Santos, formariam a base da seleção campeã mundial na Suécia.

Em 1960, ele foi emprestado à Portuguesa Santista, para depois retornar ao Vasco e de lá partir para Portugal no ano seguinte, vestindo as cores verde e branca do Sporting de Lisboa. Ele recorda que, na época, o êxodo de atletas brasileiros, tão comum no futebol atual, era uma prática rara. Mesmo assim, a adaptação não foi difícil e ele passou a fazer, como sempre, muitos gols, disputando a artilharia com o astro português Eusébio e o brasileiro Azulmir.

De volta ao Brasil, passou pelo Olaria e foi ao Valencia venezuelano, para encerrar a carreira em 1967, no clube de coração, o Ferroviário, aos 34 anos de idade. Ganhou prêmios como o Troféu Flávio Ponte, na Noite das Personalidades Esportivas, e o troféu de Honra ao Mérito da Federação Pernambucana de Futebol pela recorde da temporada de 1958.

A trajetória de Pacoti rende algumas histórias que são consideradas inesquecíveis pelo jogador. Desde o início de carreira, como o teste frustrado para a equipe do Calouros do Ar, onde disseram que ele não servia para o futebol. Ele conta que viajou "em um teço-teco" de Quixadá para a capital cearense, e, reprovado, voltou de trem. O que poderia ser apenas uma viagem,foi, para o garoto do interior, uma verdadeira aventura. "Eu achava tudo aquilo ótimo", ri.

Já no exterior, ele lembra do rígido regime fascista de Portugal nos anos 60, quando os jogadores enfrentavam problemas para dar simples entrevistas. "Para a gente, não era tão complicado, para qualquer coisa tínhamos o consulado, a embaixada. Mas para eles, era duro", lembra, dizendo que o Governo chegava a pressionar os clubes, ditando regras sobre o que deveria ou não ser falado.

Entre as suas atuações mais especiais, ele destaca a partida entre a seleção cearense e a do Maranhão, em 1956. Ele recorda que, durante a execução do Hino Nacional, a torcida gritou seu nome em peso. "Eu só pude pedir a Deus que me desse sorte", emociona-se. Acabou marcando cinco gols na vitória por 6x1.

Porém, o gol que ele considera mais importante não aconteceu no Ceará, mas sim no maior estádio do mundo, o Maracanã, em julho de 1959, no clássico entre Flamengo e Vasco. Lá, Pacoti fez o gol de empate dos vascaínos dando um lençol no goleiro Fernando. A sua atuação e o gol do conterrâneo Babá, ponta-esquerda do Flamengo, renderam a manchete da Fatos&Fotos: "Dois cearenses abalam o Maracanã", além da capa da Revista do Esporte.

Por Adilson Nóbrega - Portal Siará"
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