por Diogo Miloni
Lutando contra o retrospecto recente de boicotes - africanos em Montreal-1976, norte-americanos em Moscou-1980 e soviéticos em Los Angeles-1984 ? os Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, tinham como objetivo reunir o maior número de nações e semear o espírito da competição.
Com 159 países participantes, as duas grandes ausências foram Cuba e Coreia do Norte. No caso dos vizinhos de fronteira, o convite foi enviado pelo Comitê Olímpico Internacional, mas a recusa já era esperada.
Os 8.391 atletas enviados competiram em 25 modalidades diferentes. O topo do quadro de medalhas retornou às mãos soviéticas, com 55 ouros, 31 pratas e 46 bronzes, seguidos pela Alemanha Ocidental em segundo lugar e pelos Estados Unidos na terceira colocação.
E por falar em medalhas, a disputa pelo primeiro lugar no pódio dos 100 metros rasos foi o principal evento e o maior escândalo dos Jogos de Seul. Campeão na última edição, o norte-americano Carl Lewis chegou na Coreia como um dos favoritos. Seu maior desafio era vencer os ótimos resultados do canadense Ben Johnson, que surgiu nos últimos anos como promessa de velocidade.
Dada a largada, Ben Johnson mostrou força descomunal e chegou a marca histórica de 9s79, quase vinte milésimos acima do antigo recorde mundial. Na segunda colocação, o ex-campeão Lewis levou a prata. Mas por pouco tempo: três dias depois da prova, o exame antidoping flagrou o uso de esteroides anabolizantes no teste do medalhista de ouro, fazendo-o perder seu título e consagrando Lewis como bicampeão olímpico.
Desempenho brasileiro
Mal acostumados com bons resultados nos últimos Jogos, o Brasil quase passou em branco em Seul. O único ouro veio com o judoca Aurélio Miguel, na categoria meio-pesado. Nossas duas pratas vieram com Joaquim Cruz, nos 800 metros, e no futebol, com o time comandado por Carlos Alberto Parreira foi derrotado pela União Soviética na final.
Três bronzes completaram as seis medalhas brasileiras: Róbson Caetano nos 200 metros e os velejadores Torben Grael e Nelson Barros, na classe Star, e Lars Grael e Clinio Freitas, na Tornado.
Em outros esportes coletivos ainda amargurávamos derrotas. O basquete ficou na quinta posição e o voleibol obteve o quarto lugar no masculino e o sexto, no feminino.

Destaque
A alemã Kristin Otto liderou a piscina olímpica. Sua hegemonia na natação já lhe havia garantido quatro títulos mundiais e, em Seul, conseguiu três medalhas de ouro em estilos diferentes de natação. Após seu feito histórico, Otto foi escolhida a melhor atleta de Seul-1988.