Olimpíadas de 1968

O caos político do mundo
Por Chico SanTTo

Citius, Altius, Fortius. O lema olímpico, traduzido ao português como "o mais rápido, o mais alto, o mais forte?, nunca foi tão aplicado quanto em 1968, na Olimpíada do México. Na 16ª edição dos Jogos de Verão da Era Moderna, o espírito de superação do próprio corpo fez com que os atletas atingissem o limite físico em uma altitude de 2.240 metros em relação ao nível do mar com a resistência do ar menor e 30% de oxigênio a menos. Apesar disso, os 5516 atletas que estiveram presentes na Cidade do México, um dos berços do Império Asteca, proporcionaram ao mundo um dos grandes exemplos da representação do lema vitória em sua essência esportiva. Basta dizer que, mesmo em condições adversas, apesar do favorecimento da altitude em relação às provas de velocidade, foram registrados 68 recordes mundiais com trezentas e uma marcas olímpicas quebradas.
Robert Beamon, dos Estados Unidos, se tornou o grande destaque. Considerado, até hoje, o principal atleta da história das Olimpíadas, o americano saltou 8,90 metros, com uma façanha de 55 cm a mais do que a marca de Beamon, o então recordista da época. Beamon, superado em 1995 por Mike Powell, 8,95m, no mundial de Tóquio, jamais teve sua marca batida em competições olímpicas. O êxito do atleta entrou para o Top-5 da revista Sports Illustrated como um dos 5 maiores feitos do século XX, tendo sido relatado, também, pelo desenho dos Simpsons.
Hans-Gunnar Liljenvall, por outro lado, entrou para a história dos Jogos Olímpicos como o primeiro esportista a ser flagrado no exame anti-doping do COI. De acordo com a amostra de sangue colhida pelos analistas, o sueco possuía uma quantidade significativa de álcool nas veias e por isso foi desclassificado, junto com os demais membros da equipe escandinava de pentatlo. Questionado sobre a bebedeira, Liljenvall não evitou a imprensa e se justificou alegando que tinha bebido "apenas duas cervejinhas?.
Nos bastidores, os Jogos Olímpicos ficaram marcados pelo momento de tensão vivido no mundo. No México, milhares de manifestantes e centenas de jovens foram mortos na Praça das Três Culturas durante um protesto iniciado 10 dias antes da cerimônia de abertura por 300 mil estudantes e professores. A tragédia, conhecida como Massacre de Tlatelolco, ganhou repercussão mundial e indiscutivelmente afetou o espírito olímpico.
Do outro lado da fronteira, os Estados Unidos enfrentavam os problemas relacionados ao assassinato de Robert Kennedy e o líder negro Martin Luther King. A França, como de costume, passava por uma de suas muitas turbulências entre governo e estudantes. Na Tchecoslováquia, o sonho da liberdade foi aniquilado por tanques soviéticos durante a "Primavera de Praga?. A China, por sua vez, iniciou sua Revolução Cultural.
No que diz respeito à organização, o Comitê Olímpico Internacional tentou resgatar a história com o percurso da Tocha Olímpica traçado pela rota de Cristóvão Colombo, o responsável pela "descoberta? da América. O símbolo máximo dos jogos saiu da Espanha, contornou as Bahamas e desembarcou na Costa da Vera Cruz. Ao todo, 112 nações participaram da competição. Os Estados Unidos lideraram o ranking geral de medalhas com 107 pódios (45 ouros, 28 pratas e 34 bronzes), seguido pela União Soviética (29 ouros, 32 pratas e 30 bronzes) e Japão (11 ouros, 7 pratas e 30 bronzes).
O BRASIL NOS JOGOS OLÍMPICOS
Visto por um ângulo positivo, o Brasil alcançou no México ? na época - o seu melhor desempenho dentro dos Jogos Olímpicos. O 35º lugar esteve longe de ameaçar os Estados Unidos, o número 1 do quadro geral de medalhas, no entanto, foi comemorado pelo Comitê Olímpico Brasileiro.
Foram três medalhas, nenhuma de ouro. Nelson Prudêncio ficou com a prata. Após o bicampeonato de Adhemar Ferreira da Silva, o brasileiro saltou 17,27m e esteve muito próximo do lugar mais alto do pódio, conquistado pelo soviético Viktor Saneyev (17,27m).
O boxe, com Servílio de Oliveira no meio-médio e a dupla Reinald Conrad e Burkhard Cordes, na vela, na categoria Flying Dutchmann, asseguraram os outros dois bronzes do Brasil.
No basquete, a Seleção Brasileira Masculina foi derrotada mais uma vez para a União Soviética na disputa pelo 3º e 4º ligar (70 a 53). José Silvio Fiolo, nos 100 m da natação, ficou, ainda, um décimo mais lento dos soviéticos Vladimir Kosinsky (para) e Nikolai Pankin (bronze).
O maior vexame, contudo, mais uma vez, ficou por conta do futebol. A seleção canarinho perdeu para a Espanha (1x0) e empatou com o Japão (1x1) e a Nigéria (3x3) na fase de grupos. O time verde-amarelo sequer foi para a fase eliminatória.
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