por Diogo Miloni
Esporte como meio de mobilização mundial para trazer a paz. Era a expectativa do Barão de Coubertin, então presidente do Comitê Olímpico, quando decidiu levar os Jogos Olímpicos para Antuérpia, na Bélgica, em 1920. O cenário não era dos melhores: a cidade belga estava destruída pela Primeira Guerra Mundial e teve que se preparar apressadamente para receber as principais potencias do globo, inclusive os estreantes brasileiros, que debutaram em grande estilo.
Convidado pelo COI, graças aos bons contatos de Raul Paranhos do Rio Branco, embaixador na Suiça, o Brasil viajou para o Velho Continente com 29 atletas, em cinco modalidades diferentes: natação, polo aquático, remo, saltos ornamentais e tiro. Apesar da quantidade de envolvidos, ainda não existia uma federação própria para os participantes brasileiros.
O sucesso foi alcançado com pólvora e balas. Guilherme Paraense, ouro no tiro rápido, e Afrânio da Costa, prata na pistola livre,foram responsáveis pelas primeiras medalhas nacionais e o inédito ouro sul-americano em Jogos Olímpicos. O bronze, terceiro pódio brasileiro da competição, foi conquistado também na pistola livre, porém na categoria de equipes, contando com Guilherme Paraense, Afrânio da Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade.
Curiosamente, quase os competidores nacionais não conseguiram participar dos Jogos em duas ocasiões: primeiro, quando o navio que trazia a delegação atrasou e todos os atletas tiveram que chegar à Bélgica de trem, um dia antes do início da competição; e depois, com o furto das armas brasileiras, obrigando nossos atiradores a pegarem pistolas e munição emprestadas por norte-americanos.
Ao todo, foram apenas 29 nações representadas em terras belgas. Número defasado por conta de uma exigência dos anfitriões, que ainda resentidos pela invasão sofrida na guerra, proibiram a participação dos países derrotas na batalha: Alemanha, Áustria, Bulgária, Hungria e Turquia. Foi a primeira vez que conflitos políticos impediram algumas pátrias de disputar as Olimpíadas.
Foi na Antuérpia que apareceu pela primeira vez a bandeira olímpica, principal símbolo dos Jogos da era moderna. Com seus cinco anéis entrelaçados entre si, cada cor tem seu significado. O fundo branco é relacionado à paz; o azul, o amarelo, o preto, o verde e o vermelho significam os cinco continentes: Europa, Ásia, África, América e Oceania, sendo que não existe relação direta entre as cores e os grupos de países.
Foto: UOL