Olimpíada de 1960

A tradição grega no solo da Roma Antiga
Por Chico SanTTo

Em 1960, o Comitê Olímpico Internacional deu à Roma o direito de reescrever a história dos Jogos Olímpicos 1567 anos após a proibição de Teodósio I que por pouco não colocou um ponto final naquele viria a ser, a partir de 1896, o maior encontro esportivo de diferentes modalidades do mundo. Mais do que sediar a 14ª edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, a cidade de Roma, reviveu a antítese de 393 d.C., quando o último Imperador Romano, após a invasão na Grécia, decretou o fim da realização dos Jogos da Era Antiga, iniciado, segundo os pesquisadores, em 2500 a. C.
Em sua primeira etapa, desde 776 a. C. até 393 d. C. foram disputados 293 Jogos Olímpicos da Antiguidade. O evento, inicialmente utilizado como forma de devoção aos deuses da mitologia ficou adormecido por 1500 anos e ressurgiu em Atenas com o sonho de Pierre de Coubertin. Sessenta e quatro anos após o resgate do Barão francês, com a organização do primeiro torneio da Era Moderna, em Atenas, a cidade de Roma recebeu em seu solo sagrado um total de 19 modalidades distribuídas entre 5338 atletas de 83 países participantes. Acerto de contas que poderia ter sido feito em 1908 quando a capital da Itália se viu impossibilitada de sediar o evento em virtude da erupção do vulcão Vesúvio em 1906. Apesar de todo o contexto contrário aos Jogos da Era Antiga, entretanto, os romanos souberam aproveitar os alicerces da história. Tanto que em 1960, as provas foram realizadas em seus principais pontos turísticos, com a chegada da maratona no Arco Constantino, a disputa da luta livre nas Ruínas do Fórum Romano e a ginástica nas Termas de Caracala.
Para garantir o sucesso do evento, o Comitê Olímpico não poupou esforços. Na Itália, os organizadores investiram US$ 30 milhões, valor tido como exacerbado para os padrões monetários da época. Entre as medidas de infraestrutura, destacou-se a construção do aeroporto Fiumicino, principal porta de entrada da Itália da atualidade. Os Jogos marcaram a primeira transmissão ao vivo pela televisão com 93 horas e quarenta minutos da Eurovision inglesa e outros 100 canais de 18 países da Europa, retransmitida, também, pela ABC nos Estados Unidos.
Entre os atletas, Abebe Bikila entrou para o livro de estatísticas do COI como o primeiro negro africano ao ganhar uma medalha de ouro. O etíope venceu a maratona descalço com uma temperatura de 30º C e emplacou o recorde mundial da prova ao cruzar o Arco de Constantino utilizado como símbolo de poder romano e italiano durante a invasão na Etiópia. Foi, também, a última participação da África do Sul durante 32 anos. A nação de Nelson Mandela seria banida nas três décadas seguintes em virtude das sansões provocadas pelo Apartheid.
No quadro geral de medalhas, a União Soviética repetiu o êxito de Melbourne e derrotou em sua terceira participação olímpica, os Estados Unidos pela segunda vez consecutiva, com 103 medalhas (43 ouros, 29 pratas e 31 bronzes), seguida com 71 pódios americanos (34 ouros, 21 pratas e 16 bronzes) e 36 tentos da Itália (13 ouros, 10 pratas e 13 bronzes).
O Brasil na Olimpíada
Adhemar Ferreira da Silva, mais uma vez, foi o grande nome da delegação brasileira nos Jogos de Roma. O bicampeão olímpico, cuja façanha se tornou evidenciada com as duas estrelas amarelas do escudo do São Paulo, contudo não conseguiu repetir o mesmo desempenho obtido nos torneios de Helsinque-1952 e Melbourne-1956.  Em decadência, após o ápice da carreira, o triplista não passou da fase classificatória. Sua despedida, entretanto, foi marcante. Mesmo sem atingir a marcar necessária para seguir adiante, o brasileiro foi ovacionado pelos italianos.
No que diz respeito ao desempenho olímpico, a sensação brasileira ficou por conta da equipe masculina de basquete. Considerado um dos melhores conjuntos nacionais de todos os tempos, o time do técnico Kanela ? campeão do mundo de 1959, venceu seis dos oitos jogos disputados, incluindo a partida contra a poderosa União Soviética pelo placar de 58 a 54.
O elenco formado por Algodão, Amaury, Wlamir, Mosquito, Édson, Fernando, Jathyr, Rosa Branca, Sucar, Moyses, Waldemar e Waldyr, entretanto, sofreu a baixa no quadrangular final diante dos soviéticos. Os russos se reabilitaram da derrota sofrida na primeira fase com a vitória apertada de 64 a 62.
Na natação, Manoel dos Santos subiu ao terceiro lugar do podium nos 100 metros livres. O nadador paulista chegou a liderar boa parte da prova, mas ? no final ? acabou ultrapassado pelo australiano John Devitt e norte-americano Lance Larson. Manoel do Santos não obteve um resultado melhor por exatos 0s2.
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