Olimpíada de 1956

A consagração de Adhemar Ferreira da Silva
Por Chico SanTTo

Em 1956, os Jogos Olímpicos da Era Moderna atingiram novos horizontes. Restringido, até, então, à parte norte do mapa mundi, o COI finalmente estendeu à disputa dos Jogos Olímpicos para o hemisfério sul. Pela primeira vez o sonho grego, resgatado em 1896 em Atenas, cruzou à linha do Equador. Para garantir o direito de sediar a 13ª edição do torneio, entretanto, a cidade de Melbourne, na Austrália, precisou derrotar durante a 43ª sessão do Comitê Olímpico Internacional, realizado em Roma no dia 28 de abril de 1949, as também candidatas Buenos Aires, Cidade do México, Los Angeles, Detroit, Chicago, Filadélfia e a conjuntura São Francisco - St. Paul, Minneapolis. Ao todo, 3314 atletas de 72 países distribuídos em 19 modalidades diferentes participaram do evento. A prova de hipismo, em virtude da lei australiana que determinava na época o período de quarentena aos animais de outros países, não foi disputada na Oceania. Como alternativa para realização da categoria, os organizadores decidiram, de última hora, que os cavalos fossem levados a Estocolmo, na Suécia, sede dos jogos de 1912, para que os páreos fossem formados.
Nos bastidores, o clima de tensão deu mais uma vez o tom político à Olimpíada. O conflito entre árabes e israelenses fez com que Israel enviasse apenas três atletas para o torneio. Egito, Iraque e Líbano, em uma clara manifestação à guerra, sequer mandaram suas delegações. A China popular, diante de um desentendimento com Taiwan, também se manteve fora do torneio, enquanto a invasão dos soviéticos na Hungria desencadeou a ausência de Holanda, Espanha e Suíça.
A mudança geográfica estabelecida pelo avanço do comunismo foi refletida entre os atletas. Na partida de pólo aquático disputada entre russos e húngaros, os atletas das duas nações ultrapassaram os limites do esporte e trocaram socos dentro da água. O jogo precisou ser suspenso quando a Hungria, campeã olímpica da modalidade, vencia por 4 a 0. No quadro geral de medalhas, a guerra fria, realizada entre americanos e soviéticos, entrementes, foi vencida no âmbito esportivo pelos russos. A União Soviética terminou na ponta da tabela com 98 medalhas (37 ouros, 29 pratas e 32 bronzes) seguido pelos Estados Unidos com 74 (32 ouros, 29 pratas e 32 bronzes) e Austrália com 35 podiuns (13 ouros, 8 pratas e 17 bronzes).
O Brasil na Olimpíada
Ovacionado em Helsinque, durante os Jogos Olímpicos de 1952, Adhemar Ferreira da Silva repetiu o desempenho da Finlândia e entrou definitivamente para a história da competição com o bicampeonato de Melbourne. Os 16,35 metros do salto triplo lhe renderam mais do que o lugar mais alto do podium. O ouro resultou na quebra do recorde que perdurou durante os 48 anos subsequentes.
O paulista, atleta do São Paulo Futebol Clube, cuja façanha foi estampada no time do Morumbi através das duas estrelas douradas do escudo do Tricolor, tornou-se o grande destaque da delegação verde amarela. Nos anos seguintes, emplacou como o único brasileiro a repetir o ouro em duas competições seguidas de 1952 a 2004, quando os velejadores Torben Grael e Robert Scheidt e os jogadores de vôlei Maurício e Giovane repetiram o êxito em Atenas.
Eder Jofre, lendário, também participou da Olimpíada. O boxeador se revelaria, mais tarde, o primeiro campeão mundial do Brasil. Entretanto, em 1956, acabou derrotado nas quartas-de-final da categoria galo pelo chileno Cláudio Barrientos.
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