Olimpíada de 1952

O início da "Guerra Fria"
Por Chico SanTTo

Em 1952, as Olimpíadas de Helsinque, na Finlândia, reacenderam a influência política da história junto às chamas do esporte. Pela primeira vez, desde a Revolução Bolchevique de 1917, a então União Soviética participou do principal evento entre nações do planeta, o que, na realidade, representou o início da disputa ideológica entre as duas nações, marcada pela guerra fria, que influenciou também a briga entre Estados Unidos e Rússia dentro do âmbito esportivo. A partir daquele momento, a supremacia americana estava ameaçada. Vencedor absoluto dos Jogos de Verão, o país da América do Norte sustentava o primeiro lugar no ranking geral e encabeçava a lista de praticamente todas as competições, com exceção feita a Atenas-1896, Paris-1902, Londres-1908, Estocolmo-1912 e Berlim-1936. Os americanos haviam vencido todos os demais torneios. A bandeira do Tio Sam tremulou no lugar mais alto do mastro em St. Louis (1904), Antuérpia-1920, Paris-1024, Amsterdã-1928, Los Angeles-1932, Berlim-1936 e Londres-1948.
Com a chegada da Rússia, porém, os Jogos Olímpicos se tornaram mais competitivos. Tanto que logo em sua primeira participação, na Finlândia, os russos estiveram perto de atingir a melhor marca, registrada, novamente, pelos Estados Unidos com um total de setenta e seis medalhas (40 ouros, 19 pratas e 17 bronzes) contra setenta e uma (22 ouros, 30 pratas e 17 bronzes). Era o início de um comenos muito mais importante para os sociólogos capitalistas e socialistas do que propriamente para os atletas que representavam as duas comunidades. Dentro do que diz respeito às diretrizes da Olimpíada, destaque para Nina Romashkova, no lançamento do disco, que conquistou o primeiro ouro do império soviético.
Nos bastidores, o clima de tensão envolvido pelas duas principais potências do planeta na época influenciou também a acomodação física das nações. Os 4955 atletas dos 69 países participantes foram distribuídos em duas regiões distintas, conforme a ideologia política adotada. Os países ocidentais capitalistas ficaram hospedados na Vila Olímpica de Kapylae enquanto os russos e socialistas permaneceram em um condomínio de prédios no Mar Báltico. A Alemanha, de volta aos Jogos após a exclusão de 1948 em Londres em virtude da Segunda Guerra Mundial, apresentou um quadro social confuso, unificada, sem a diferenciação do que viria a ser o Muro de Berlim em 1961. De qualquer forma, o ex-país de Hitler voltou à ativa.
O BRASIL NA OLIMPÍADA
Adhemar Ferreira da Silva entrou para a história do Brasil como o principal nome da delegação brasileira em Helsinque. Mais do que o ouro conquistado com a quebra em quatro vezes do recorde olímpico diante da marca de 16,22m, o paulista, cuja façanha estampa o escudo do São Paulo Futebol Clube ? representado através das estrelas amarelas ? foi ovacionado pelas 70 mil pessoas, um quinto dos habitantes da capital finlandesa, no Estádio Olímpico.
A façanha, ao acaso, rendeu-lhe, ainda, a autoria inusitada do que se tornou a tradicional "volta olímpica? dos ganhadores. Agradecido pelo calor do público, o atleta São-Paulino deu uma volta completa pela pista de atletismo como forma de reconhecimento. Desde, então, o ato passou a ser repetido em todo o mundo e se tornou uma tradição a cada taça erguida - em especial - no futebol.
José Telles da Conceição, bronze no salto em altura, e Tetsuo Okamoto, terceiro lugar e recordista sul-americano nos 1.500m livre da natação, foram os outros dois brasileiros a entrarem no quadro geral de medalhas dos jogos.
ver mais notícias

Selecione a letra para o filtro

ÚLTIMOS CRAQUES