Olimpíada de 1936

A influência nazista

Por Chico SanTTo

Do ponto de vista histórico-social, os Jogos de Verão de 1936, em Berlim, poderiam jamais ter acontecido. Mais do que um evento esportivo de grandes proporções, a Olimpíada foi utilizada como instrumento de manobra política de Adolf Hitler para difundir sua ideologia de extrema direita pela Alemanha, diante da exploração publicitária inconveniente do Füher. Um problema de ordem catastrófica que poderia teria sido evitado se o Comitê Olímpico Internacional não tivesse tirado da Espanha, cinco anos antes da ascensão do nazismo em solo germânico, o sonho de Barcelona, realizado, apenas, em 1992.
Três anos antes da abertura oficial do torneio, em 1º de agosto de 1936, o ditador já atemorizava o mundo. Walter Richard Rudolf Hess, tido como o número dois do partido nazista, reconheceria mais tarde em uma reunião do NSDAP em Nurembergue que a comunidade internacional jamais aceitaria Berlim como sede dos jogos se soubesse, na época, das intenções de Hitler.
Jeremiah Mahoney, presidente da União Atlética Amadora, tentou em vão um plano de boicote nos Estados Unidos em virtude da segregação racial e exclusão de judeus através do boxeador Eric Seelig e do tenista Daniel Prenn. Avery Brundage, presidente do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, sugeriu que a competição fosse retirada da Alemanha, entretanto, a Espanha foi a única nação que se recusou a participar.
Como forma de imponência, o governo alemão gastou o equivalente a US$ 30 milhões para a construção do Estádio Olímpico, utilizado, também, na abertura da Copa do Mundo de 2006. O torneio obteve grande êxito popular, com um público de mais de 3 milhões de espectadores nas arquibancadas. A última olimpíada que antecedeu a 2ª Guerra Mundial foi transmitida pela primeira vez por uma rede de televisão. O genocídio militar eclodiria em 1939, cancelando os jogos de Tóquio-1940 e Londres-1944.
No Brasil, a briga entre a Confederação Brasileira de Desportos ? então responsável pela delegação que disputaria os jogos na Alemanha ? e o Comitê Olímpico Brasileiro repetiriam o fiasco de 1932, quando os atletas nacionais foram obrigados a vender café para disputar as provas de Los Angeles.  Historicamente, João Havelange foi o atleta brasileiro que se destacou nos bastidores. O futuro presidente da FIFA, durante 24 anos, participou da seleção de pólo-aquático e dos 400m e 1.500m livre da natação.
Nenhum outro atleta, contudo, chamou mais a atenção do que Jesse Owens. O americano foi o primeiro colocado na prova dos 100 metros rasos e, como forma de protesto, não recebeu os cumprimentos de Adolf Hitler após a vitória, tida como a grande derrota nazista da competição. Ao todo, 3963 esportistas de 49 nacionalidades diferentes, estiveram em Berlim. Vinte e uma modalidades foram realizadas, com 388 medalhas distribuídas. A Alemanha, evidentemente, quebrou a hegemonia americana no ranking geral e terminou em primeiro lugar com um total de 90 conquistas (34 ouros, 26 pratas e 30 bronzes), seguida pelos Estados Unidos com 56 (24 ouros, 20 pratas e 12 bronzes) e Hungria 16 (10 ouros, 1 prata e 5 bronzes).
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