O início da Copa

Chico Santo, Bastidores da Copa do Mundo

Paula Vares Valentim
jornalista responsável

Chico Santo, direto de Joanesburgo - O dia mal havia clareado e a festa já tomava conta das ruas de Johanesburgo. Na capital financeira da África do Sul, a alegria transformou o terminal rodo-ferroviário da cidade no ponto de encontro e aquecimento antes do início do mundial. "Chegou o dia. Esperamos por isso por muito tempo e estamos muito felizes com a Copa. Está só começando?, afirmou o auxiliar de serviços gerais Winny Pirtty. O local, conhecido entre os sul-africanos como Park Station, no centro de Johanesburgo, havia deixado a desejar durante a Copa das Confederações. Desorganização, falta de informação e o medo, foram algumas das marcas observadas no chamado último teste para a Copa. Entretanto, se a promessa era deixar tudo pronto para o mundial de 2010, é inevitável dizer que a área estava adequada. Pontos de apoio ao turista foram montados para auxiliar os visitantes. O policiamento reforçado, por sua vez, transmitiu a sensação de segurança aos estrangeiros. E até o tão esperado trem que deveria ligar a região central de Johanesburgo ao Soccer City estava pronto. Tudo de acordo com a lista de exigências da FIFA. Nós sabíamos que daria certo. Trabalhamos muito ao longo dos anos. O torcedor que chegar aqui durante os próximos dias e mostrar o seu ingresso vai embarcar gratuitamente em um de nossos trens que vão operar permanentemente neste trecho. Quem não tem ingresso e quer ir ao estádio também pode entrar. Mas, nesse caso, é preciso pagar o valor de um bilhete normal?, disse a voluntária Rebecca Lawdren. A viagem pelo expresso exclusivo ao torcedor leva em torno de 35 minutos. Sul-africanos, mexicanos, brasileiros e estrangeiros de todas as partes do mundo fazem do trem uma espécie de língua universal. As vuvuzelas comandam a festa. O barulho é ensurdecedor. É impossível dizer algo que não seja em mímica.  "Isso aqui é absolutamente diferente de tudo o que já vi. Esta é a minha quinta Copa do Mundo e confesso nunca vi um país tão vibrante quanto a África do Sul?, revela o mineiro Carlos Gomes da Silveira. No Estádio Soccer City, a vibração é ainda maior. Em meio a multidão de torcedores ansiosos para o início da Copa, uma repórter da TV Azteca do México inova na abertura. Com uma garrafa de tequila na mão, a sensual jornalista distribui o melífluo na boca de quem quer que seja. A farra, na qual os mexicanos levam a melhor pra cima de qualquer um que se oponha ao teste, termina com uma gincana onde o participante, tonto, tem que correr em uma fila de pneus. O resultado disso são tombos e muitos risos. "Isso aqui é muito forte. Ela jogou garganta abaixo e eu só me dei conta que as minhas pernas estavam bambas quando comecei a correr. Já era tarde. Quando percebi estava no chão?, disse, com a cara larga, a estudante Muramel Brondleone.

Do lado de fora do Soccer City, os mexicanos, vestidos a caráter, chamaram a atenção de quem passava pelo local. Irreverentes, como se estivessem em uma Praça de Tourada Pública, diante de seus longos chapéus e suas charmosas botas de couro de cobra, contagiaram o ambiente, tomado pelo barulho das vuvuzelas e pelas caras pintadas: "Estamos em casa. Os sul-africanos são muito acolhedores e para nós o que importa é esse espírito de união. Isso é a Copa do Mundo?, afirmou a mexicana Carla Garcia.
Trinta e duas seleções, brigam, agora, por 16 vagas rumo às oitavas de final. Durante o próximo mês, a bola vai rolar sem parar pela África do Sul. Somente, no próximo dia 11 de julho, quando no mesmo Soccer City a competição terminar, o mundo vai conhecer o seu novo dono. Até lá, a certeza é de que a África do Sul, apesar de toda a dificuldade e sucesso em termos de superação, é a dona da festa.  

 

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