Paula Vares Valentim
jornalista responsável

O que para muitos parecia impossível acabou por soar de forma natural para Chico Santo. Como repórter da RSB TV, afiliada da TV Globo nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estabeleceu a primeira grande conquista como jornalista diplomado. "Fechei com a RBS TV enquanto fazia as provas finais da faculdade. Foi um momento muito importante da minha carreira porque, a bem da verdade, consegui deixar a universidade empunhando o microfone daquela que é considerada nos bastidores uma das principais emissoras da Globo, para não dizer a melhor?, relembra o repórter. Uma conseqüência da persistência e determinação traçada, ainda no primeiro ano de jornalismo quando o então estudante de comunicação social planejara o futuro de forma que pudesse deixar as salas de aula como repórter do núcleo Globo de Televisão. Uma tarefa difícil e, para a maior parte do corpo docente, sonhadora. Entretanto, por mais difícil e surpreendente que fosse, o jornalista conquistou o objetivo e em dezembro de 2004, antes de participar da própria cerimônia de juramento e colação, já atuava como repórter internacional na Fronteira do Brasil com a Argentina. "Foi uma oportunidade única. Na época, trabalhava com o jornalista Wanderley Nogueira e lembro-me de ter ido a Jovem Pan, em uma noite de sexta-feira, e comunicado entre uma e outra pincelada do Pique da Pan ? programa que já coordenei - o meu desejo de seguir para a televisão. O Wanderley foi claro. Disse ?que não haveria problemas e nossa relação era eterna, enfatizando, apenas, que gostaria que eu participasse do treinamento de um substituto caso eu fechasse alguma coisa?. Na seqüência fui ao Rio de Janeiro e bati às portas de Telmo Zanini, no Jardim Botânico. Não foi a primeira vez que fiz isso. Acabou não saindo nada, na época, na Globo-RJ, mas em menos de uma semana eu já havia encontrado um substituto para o meu lugar na redação do WN e estava acertado com a RBS TV?.
A oportunidade surgiu através de muitos telefonemas e viagens. Chico Santo percorreu de ônibus praticamente todas as afiliadas do núcleo nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul tão logo recebeu o incentivo moral da publicitária Patrícia Rizzo após a conversa com o jornalista na Jovem Pan. "Foi quando entendi que estava na hora de começar a página 3. Tive a oportunidade de conviver com a família de um dos grandes repórteres do rádio esportivo. Aprendi muitas coisas. Principalmente a anotar, apenas, as coisas boas da vida.?
A vontade de trabalhar e o currículo adquirido em experiências junto aos principais nomes do esporte paulista foi o fator decisivo para a assinatura do contrato: "Em 2004, na realidade, eu não entendia nada de televisão. Tinha feito um estágio na TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiânia e acompanhado o trabalho do Milton Neves no Terceiro Tempo e Debate Bola da Rede Record-SP. Entretanto, eu ainda tinha muito a aprender, afinal de contas, por mais que o rádio, sobretudo o esporte, na minha opinião, seja uma importante base na dinâmica do telejornalismo, teria que me adaptar e aprender as regras do Padrão Globo de Jornalismo, que vão desde os detalhes como cabelo, testa e sobrancelha até a formulação de textos e passagens. Eu não sabia nada disso. Aprendi muita coisa até me especializar em reportagem no Uniglobo que fiz, tempos depois, com o correspondente internacional Ari Peixoto, na época, da Globo Buenos Aires?.
Apesar de ter tido uma coletânea de mestres ao longo dos primeiros anos de sua carreira, Maria Helena Soares, coordenadora de jornalismo da emissora, foi quem lhe deu toda a base de sustentação discernida em telejornalismo: "Tive sorte de ter encontrado a Maria Helena na minha vida. Uma das muitas qualidades dela é exatamente essa, a vontade de ensinar. Ela tem a capacidade de coordenação como poucos. Lembro-me que ao mesmo tempo que ela tinha toda a paciência do mundo para me explicar, me cobrava como se eu fosse um Caco Barcellos, para mostrar a importância e a necessidade do meu trabalho. Isso foi muito importante porque, de fato, aprendi muito, da forma mais pura possível?, conta. 
Uma das lições básicas de tempos de RBS TV se tornou uma das maiores virtudes anos mais tarde na TV Anhanguera: "A Maria me dizia que repórter bom tem que chegar com o texto pronto na redação. Eu fui formado assim. E isso, realmente, me ajudou muito na composição da matéria na rua porque se você não consegue trazer um material bom da externa, com sonoras boas e passagem bem feita, na redação não vai conseguir milagre. E você só consegue extrair um bom material na rua se sabe o que quer da pauta. Isso tudo aprendi com a Maria Helena. O texto acaba sendo uma conseqüência da matéria. Dá para fazer um texto bom e criativo, depois. Mas o básico, que faz parte da estrutura, tem que chegar pronto da rua.?
Chico de Assis desembarcou em Uruguaiana às vésperas do Natal. Durante o tempo que esteve na Fronteira Oeste cobriu, entre outros factuais, o tornado que passou pela região de Barra do Quarai, na divisa com o  Bella Unión no Uruguai, e o Show de Neguinho da Beija-Flor em Paso de los Libres na Argentina. O principal trabalho, no entanto, ficou por conta do incêndio que destruiu 200 hectares da Reserva Ecológica de Itaqui. O material foi veiculado em nota coberta pelo Fantástico da TV Globo e audiotape no Jornal das Dez da Globo News. Foi a primeira vez que o repórter entrou em rede pelo núcleo Globo de televisão. 
"Mais do que entrar na Globo News e mostrar a minha cara em todo o país antes mesmo de participar da minha colação de grau, em São Paulo, tive a oportunidade de assinar algumas matérias internacionais pelo Núcleo Globo de Televisão em coberturas na Argentina e Uruguai. Morar na Fronteira Oeste e cobrir toda a aquela zona naturalmente de tensão migratória foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha carreira. Foi onde, na realidade, me projetei como repórter internacional. Lugar, também, em que tive que aprender na marra a língua espanhola. Hoje, apesar de ter estudado o idioma apenas na escola, não tenho nenhuma dificuldade em fazer tradução simultânea do espanhol para o português. Estive em toda a América do Sul, países da América Central como República Dominicana, México na América do Norte e Espanha. Jamais tive qualquer problema. Devo isso, também, a RBS TV que me ensinou muito mais do que jornalismo."