Mundial da F1 - 1979

Grande temporada da Ferrari
por Marcos Júnior
Após o domínio da Lotus em 1978, a temporada de 1979 começou colorida com o azul dos carros franceses de Guy Ligier.
 
A Ligier JS11, projetada por Gerard Ducarouge, um modelo de soluções simples mas com uma boa aerodinâmica e fazendo bom uso do efeito solo, venceu as duas primeiras corridas da temporada, na Argentina (Buenos Aires) e no Brasil (Interlagos), ambas com Jacques Laffite, sendo a etapa paulistana fazendo a dobradinha, com Laffite e Patrick Depailler.
 
Mesmo com os confiáveis propulsores Ford-Cosworth, a Ligier enfrentou muitos problemas ao longo do ano e Laffite não voltou a vencer mais no ano, enquanto Depailler conseguiu ganhar o GP da Espanha, em Jarama.
 
De qualquer forma, a escuderia francesa terminou o Mundial de Construtores na terceira colocação, atrás da Ferrari e da Williams.
 
Se as coisas começaram bem demais para a Ligier, o mesmo não se pode dizer da Ferrari, que não pontuou na etapa de abertura e fez discretos sexto e quinto lugares no Brasil, com Jody Scheckter e Gilles Villeneuve.
 
A equipe italiana, entretanto, começou sua recuperação a partir da terceira corrida, com uma dobradinha (Villeneuve em primeiro e Scheckter em segundo). Gilles voltou a vencer na prova seguinte, nos Estados Unidos (Long Beach), mas daí em diante, foi Scheckter quem deu as cartas, vencendo três etapas (Bélgica, Mônaco e Itália), fechando o campeonato com 60 pontos, sete a mais que Villeneuve, o vice.
 
A Williams reagiu, mas tarde demais naquele ano, com quatro vitórias consecutivas: Clay Regazzoni na Inglaterra e Alan Jones na Alemanha, Áustria e Holanda, e o australiano acabou em terceiro lugar no Mundial.
 
O ano de 1979 marcou a primeira vitória de um motor turbo na história da F1, em um momento especial para a França, pois foi uma vitória da Renault no GP da França, disputado em Dijon-Prenois com o francês Jean-Pierre Jabouille a bordo do RS10.
 
Falando em GP da França, Gilles Villeneuve (Ferrari) e René Arnoux (Renault) protagonizaram um dos momentos mais espetaculares da F1, em um duelo roda a roda pelo segundo lugar. Villeneuve terminou à frente do francês com apenas 0s024 de vantagem.
 
Para Emerson Fittipaldi e sua equipe própria, o ano de 1979 foi terrível. Apostando em um projeto inovador, o F6.
 
O australiano Ralph Bellamy foi contratado a peso de ouro após participar do desenho da Lotus, campeã na temporada anterior entre os construtores e entre os pilotos com Mario Andretti e vice com Ronnie Peterson.
 
De sua mente inventiva nasceu um dos carros mais lindos da história da F1, aproveitando o conceito do efeito-solo, suspensões descobertas, carenagem envolvente e até os espelhos retrovisores eram embutidos no cockpit para otimizar a aerodinâmica.
 
Mas o projetista "esqueceu" de princípios básicos de mecânica e o carro apresentava torções em sua parte dianteira, tornando-o praticamente inguiável em curvas.
Emerson, após algumas voltas em Interlagos (puxa, como eram bons os tempos em que as equipes podiam testar à vontade...) voltou aos boxes e disse para o irmão, Wilsinho, então chefe da equipe: "Estamos fu...."
 
O F6 apresentou tantos problemas durante os testes da pré-temporada, incluindo os freios, que Emerson optou por correr com o modelo do ano anterior, o F5-A, nas duas primeirs provas do ano: Brasil e Argentina. Aliás, foi justamente em Interlagos, prova que teve a dobradinha da Ligier, que Emerson marcou o único ponto para a equipe, terminando em sexto lugar.
 
O F6 foi utilizado na terceira corrida de 1979, o GP da África do Sul, em Kyalami. Emerson largou em 18º e terminou em 13º, quatro voltas atrás de Gilles Villeneuve (Ferrari), o vencedor.
 
O F5-A voltou a ser utilizado nas seis etapas seguintes, enquanto o F6 era "repaginado", voltando com a nomenclarura F6-A no GP da Alemanha. A melhor colocação conseguida com o carro foi o sétimo lugar no GP dos EUA (leste), ocasião em que Emerson terminou em sétimo lugar. O brasileiro Alex Dias Ribeiro disputou as três últimas provas da temporada como companheiro de equipe de Emerson: San Marino, Canadá e EUA (leste), sem conseguir se classificar para largar em nenhuma delas.
 
Se a temporada terminou de forma consagradora para a Ferrari, a equipe italiana acabou amargando um jejum de títulos enorme na sequência, voltando a vencer entre os pilotos apenas em 2000, com Michael Schumacher, mas, em compensação, a equipe italiana reinou absoluta, com cinco títulos consecutivos do alemão.

Fotos : Divulgação

Os vencedores  das provas na temporada de 1979 da Fórmula 1:
GP da Argentina (Buenos Aires) - Jacques Laffite (Ligier-Ford)
GP do Brasil (Interlagos) - Jacques Laffite (Ligier-Ford)
GP da África do Sul (Kyalami) - Gilles Villeneuve (Ferrari)
GP dos EUA/Oeste (Long Beach) - Gilles Villeneuve (Ferrari)
GP da Espanha (Jarama) - Patrick Depailler (Ligier-Ford)
GP da Bélgica (Zolder) - Jody Scheckter (Ferrari)
GP de Mônaco (Monte Carlo) - Jody Scheckter (Ferrari)
GP da França (Dijon-Prenois) - Jean-Pierre Jabouille (Renault)
GP da Inglaterra (Silverstone) - Clay Regazzoni (Williams-Ford)
GP da Alemanha (Hochenheim) - Alan Jones (Williams-Ford)
GP da Áustria (Zeltweg) - Alan Jones (Williams-Ford)
GP da Holanda (Zandvoort) - Alan Jones (Williams-Ford)
GP da Itália (Monza) - Jody Scheckter (Ferrari)
GP do Canadá (Mosport) - Alan Jones (Williams-Ford)
GP dos Estados Unidos (Watkins Glen) - Gilles Villeneuve (Ferrari)

Clique aqui e veja a página de Jody Scheckter na seção "Que Fim Levou?"

A incrível disputa entre Gilles Villeneuve (Ferrari) e René Arnoux (Renault) durante o GP da França de 1979, em Dijon-Prenois

ver mais notícias

Selecione a letra para o filtro

ÚLTIMOS CRAQUES