Mundial da F1 - 1978

Domínio da Lotus e a morte de Ronnie Peterson
por Marcos Júnior
A temporada da F1 em 1978 foi marcada pelo amplo domínio da Lotus, dotada de efeito solo, uma ideia genial de Colin Chapman. "Carro-asa", foi assim conhecida a solução criada pelo inglês, que desenhou asas invertidas de avião nas laterais do carro, fazendo o mesmo ficar "grudado" no chão, aumentando consideravelmente sua estabilidade em curvas. A ideia acabou sendo copiada por outras equipes, mas a Lotus já havia disparado com o norte-americano Mario Andretti e o sueco Ronnie Peterson quando a concorrência iniciou a reação. Das 16 provas, a Lotus venceu oito, fazendo quatro "dobradinhas", sempre com Andretti em primeiro e Peterson em segundo.
Favorito de Chapman dentro da equipe, Andretti arrebatou o título com seis vitórias (Argentina, Bélgica, Espanha, França, Alemanha e Holanda) e não teve a concorrência de Peterson nas provas finais, pois o sueco acabou morrendo em consequência do gravíssimo acidente sofrido na largada do GP da Itália, em Monza.
A corrida marcou a estreia do sistema de semáforo para as largadas, antes iniciada com uma simples bandeirada. O sistema era diferente do utilizado hoje em dia, quando as luzes vermelhas são apagadas uma a uma.
Naquele 10 de setembro de 1978, o diretor da prova, pouco familiarizado com o sistema, tinha apenas uma luz verde para iniciar a prova e não esperou para que o último carro parasse no grid após a volta de apresentação.
Assim que a luz verde acendeu, os carros do meio do pelotão para trás estavam em movimento enquanto aqueles das primeiras filas estavam imóveis, provocando grande acidente no final da grande reta.
O italiano Riccardo Patrese (Arrows) fechou o inglês James Hunt (McLaren) que bateu na Lotus de Peterson, que acabou pegando fogo após bater frontalmente contra o guard-rail.
Peterson foi removido com vida, mas sérias lesões nas pernas obrigaram a amputação do seu pé esquerdo, tão logo chegou ao hospital, removido por helicóptero.
Mesmo assim, o prognóstico era de que ele conseguiria sobreviver, mas detritos de sua medula óssea entraram em sua circulação sanguínea, provocando uma embolia que não conseguiu ser revertida.
Além de Peterson, o italiano Vittorio Brambilla (Surtees) também ficou gravemente ferido com uma roda atingindo sua cabeça, que provocou um traumatismo craniano. Mas o "Gorila de Monza", como Brambilla era conhecido, conseguiu se recuperar e voltou a pilotar em 1979 e 1980 pela Alfa Romeo. Brambilla morreu de infarto em 26 de maio de 2001, aos 63 anos.
O acidente na largada no GP de Monza de 1978 provocou uma nova medida de segurança, que foi a sinalização de um fiscal passando com uma bandeira verde atrás do último carro do grid, após verificar que todos estavam parados, solução adotada até hoje na Fórmula 1.
Com duas vitórias (África do Sul e Áustria) e 51 pontos obtidos até a largada para o GP de Monza, Ronnie Peterson acabou sendo vice-campeão de 1978, 13 pontos atrás de Andretti.
O argentino Carlos Reutemann, com um dos carros da Ferrari (Gilles Villeneuve era seu companheiro de equipe), fez um belo campeonato, terminando em terceiro lugar, com quatro vitórias (Brasil, EUA-Oeste, Inglaterra e EUA-Leste), mas  os diversos abandonos o impediram de lutar pelo título, fechando o ano a 16 pontos do campeão Andretti.
O ano de 1978 também marcou a melhor colocação da equipe Fittipaldi na Fórmula 1, exatamente no GP do Brasil, em 29 de janeiro, no extinto traçado carioca de Jacarepaguá, quando Emerson Fittipaldi levou seu F5A a um brilhante segundo lugar, superando grandes equipes, para delírio do público que lotou o autódromo. Carlos Reutemann, com Ferrari, venceu a prova brasileira.
A temporada ainda teve outros três pilotos vencendo. O austríaco Niki Lauda (Brabham-Alfa Romeo) ganhou na Suécia e na Itália. O francês Patrick Depailler foi o primeiro a cumprimentar a família real monegasca, após vencer o GP de Mônaco com a Tyrrell-Cosworth, que retornava a utilizar quatro rodas, após o modelo P34 dos dois anos anteriores.
Por fim, exatamente na corrida derradeira de 1978, diante de sua vibrante torcida, o canadense Gilles Villeneuve, venceu seu primeiro GP na Fórmula 1, em Montreal.
Nelson Piquet estreou na Fórmula 1 no Grande Prêmio da Alemanha, no circuito de Hockenheim, com um carro alugado da Ensign. Ele largou em 21º e não completou a prova, com problemas no motor Ford-Cosworth.

Na sequência, participou de mais três provas, com um modelo antigo da McLaren (o M-23, da equipe BS, enquanto o time oficial da McLaren competia com o modelo M-26).

Na Áustria (Zeltweg) e Holanda (Zandvoort), com problemas mecânicos, não terminou as corridas e na  Itália (Monza), chegou em nono lugar.
Ainda em 1978, Nelson Piquet assinou contrato com a Brabham, chefiada por Bernie Ecclestone para a temporada completa de 1979 para ser companheiro de equipe do austríaco Niki Lauda, na ocasião, bicampeão mundial de Fórmula 1.
Entre os construtores, a Lotus foi soberana, chegando a 116 pontos (um ponto foi conquistado pelo mexicano Hector Rebaque no GP da Alemanha, competindo com um chassi Lotus). A Brabham foi fice campeã, com 69, seguida por Ferrari, Tyrrell, Wolf, Ligier, Fittipaldi, McLaren, Williams, Arrows, Shadow, Renault, Surtees, Ensign, ATS, Martiri, Merzario, Theodore e Hesketh.
Foto: Divulgação
Os vencedores  das provas na temporada de 1978 da Fórmula 1:

GP da Argentina (Buenos Aires) -
Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP do Brasil Jacarepaguá) -
Carlos Reutemann (Ferrari)
GP da África do Sul (Kyalami) -
Ronnie Peterson (Lotus-Ford)
GP dos EUA/Oeste (Long Beach) -
Carlos Reutemann (Ferrari)
GP da Espanha (Jarama) -
Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP de Mônaco (Monte Carlo) - Patrick Depailler (Tyrrell-Ford)
GP da Bélgica (Zolder) - Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP da Espanha (Jarama) -
Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP da Suécia (Anderstop) - Niki Lauda (Brabham-Alfa Romeo)
GP da França (Le Castellet) - Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP da Inglaterra (Brands Hatch) - Carlos Reutemann (Ferrari)
GP da Alemanha (Hochenheim) - Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP da Áustria (
Zeltweg) - Ronnie Peterson (Lotus-Ford)
GP da Holanda (Zandvoort) -
Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP da Itália (Monza) -
Niki Lauda (Brabham-Alfa Romeo)
GP dos Estados Unidos (Watkins Glen) - Carlos Reutemann (Ferrari)
GP do Canadá (Mosport) - Gilles Villeneuve (Ferrari)

Clique aqui e veja a página de Mario Andretti na seção "Que Fim Levou?"
ver mais notícias

Selecione a letra para o filtro

ÚLTIMOS CRAQUES