Mundial da F1 - 1977

A recuperação de Lauda e as tragédias de Pryce e Pace
por Marcos Júnior
A temporada da F1 em 1977 começou com uma grande surpresa: a vitória da equipe estreante Wolf-Ford com o sul-africano Jody Scheckter, que havia deixado a Tyrrell.
Na primeira corrida do ano, Scheckter alinhou na sexta fila, na 11ª colocação, ao lado do suíço Clay Regazzoni (Ensign-Ford) e fez uma bela corrida com o carro número 20 da equipe do canadense Walter Wolf para um improvável triunfo.
Aliás, tendo apenas um único carro inscrito para aquele ano, a Wolf deteve-se a trabalhar exclusivamente com Scheckter, que além de um piloto rápido demonstrou boa capacidade no acerto do WR01, um monoposto relativamente simples mas muito bem construído, com o qual o piloto foi vice-campeão daquele ano.
Porém, Scheckter e sua Wolf, apesar da excepcional temporada de estreia (com vitórias também em Mônaco e no Canadá), não conseguiram fazer frente a Niki Lauda (Ferrari), recuperado do acidente da temporada anterior e da perda do campeonato na última corrida de 1976.
O austríaco não pontuou em apenas cinco das 17 corridas do ano, em uma época em que as quebras eram muito mais comuns, se comparadas aos carros principalmente a partir dos anos 2000.
Com a 312 T2, Lauda arrebatou o mesmo número de vitórias de Jody (África do Sul, Alemanha e Holanda), mas sua regularidade fez com que terminasse concluísse o campeonato com 17 pontos de vantagem.
Se as coisas foram excelentes para Lauda e a Ferrari, e também para a novata Wolf com Scheckter, uma tragédia marcou a terceira etapa do campeonato, com a morte do galês Tom Pryce.
Naquela manhã de 05 de março de 1977, Pryce, uma das maiores promessas de sua geração, então com 27 anos, avançava com sua Shadow número 16 pela reta principal do traçado sul-africano na 13ª colocação, atrás da March do alemão Hans Stuck e da Ligier do francês Jacques Laffite.

À esquerda da pista, parado, estava seu companheiro de equipe, o italiano Renzo Zorzi, desvencilhando-se do cinto de segurança enquanto seu carro tinha um princípio de incêndio. Zorzi saiu sem problemas de sua Shadow, ajudado por um fiscal, que debelou as chamas com um extintor de incêndio.
Mas o outro fiscal, Jansen Van Vuuren, de 19 anos, também com o extintor de incêndio nas mãos, acabou atropelado pelo carro de Tom Pryce, a cerca de 280 km/h, morrendo instantaneamente, e seu extintor atingiu a cabeça do piloto em cheio.
O impacto, tão forte, removeu o capacete de Pryce, que teve seu crânio esmagado, provocando sua morte. Desgovernado, a Shadow ainda atingiu a Ligier de Laffite, que deixou a prova, mas sem ferimentos.
Emerson Fittipaldi em sua segunda temporada pela Fittipaldi-Ford, não decepcionou, levando-se em conta a distância técnica em relação às equipes de maior orçamento, conseguindo três quartos lugares (Argentina, Brasil e Holanda) e um quinto (EUA/Oeste).
O único carro da equipe brasileira, patrocinada pela Copersucar, terminou o campeonato em nono lugar, com 11 pontos.
Fora das pistas, outra tragédia marcou o ano de1977 para a Fórmula 1, com a morte do brasileiro José Carlos Pace, o Moco, em um acidente aéreo.
Cotado como um dos favoritos ao título, com a Brabham BT45 impulsionada pelo V12 da Alfa Romeo, Pace faleceu aos 32 anos,  em 18 de março de 1977, quando seu avião caiu na Serra da Cantareira, na cidade de Mairiporã, vizinha a São Paulo. Ele mesmo pilotava a pequena aeronave. No acidente também morreu seu sócio e ex-piloto, Marivaldo Fernandes.
Resumindo, no saldo negativo, a Fórmula 1 perdeu dois talentosos pilotos, ambos com potencial para se tornarem campeões. Por outro lado, a categoria presenciou a ampla volta por cima de Lauda, acusado de medroso por ter desistido da prova que definiu a temporada anterior.
Curiosamente, o piloto que mais venceu em 1977 não foi campeão. O norte-americano Mario Andretti (Lotus-Ford) ganhou quatro GPs (EUA/Leste, Espanha, França e Itália), mas os inúmeros abandonos (nove) o impossibilitaram de lutar pelo título. Ele acabou na terceira colocação.
A equipe francesa Ligier venceu a primeira de suas nove corridas na F1, com o também francês Jacques Laffite, que também ganhou pela primeira vez. Foi na Suécia, no veloz traçado de Anderstop. O carro 26 da equipe de Guy Ligier utilizava um V12 da Matra.
Aquele ano também marcou a primeira das 12 vitórias do australiano Alan Jones, com Shadow-Ford (primeira e única vitória do time inglês que esteve na F1 entre 1971 e 1980.
O sueco Gunnar Nilsson (Lotus-Ford) venceu sua única prova na Fórmula 1 em 1977, em Zolder, na Bélgica, sob intensa chuva. Nilson, assim  como Pryce e Pace, também era um dos promissores na categoria, mas morreu no ano seguinte, vítima de câncer.
Entre os construtores, contando com o bom desempenho de Carlos Reutemann, e a exuberância de Lauda, a Ferrari venceu com ampla vantagem , chegando aos 95 pontos, 33 pontos mais que a Lotus, vice-campeã.
A estreante Wolf ficou na quarta colocação, uma posição atrás da McLaren.
Fotos: Divulgação
Os vencedores  das provas na temporada de 1977 da Fórmula 1:

GP da Argentina (Buenos Aires) -
Jody Scheckter (Wolf-Ford)
GP do Brasil (Interlagos) -
Carlos Reutemann (Ferrari)
GP da África do Sul (Kyalami) -
Niki Lauda (Ferrari)
GP dos EUA/Oeste (Long Beach) -
Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP da Espanha (Jarama) -
Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP de Mônaco (Monte Carlo) - Jody Scheckter (Wolf-Ford)
GP da Bélgica (Zolder) - Gunnar Nilson (Lotus-Ford)
GP da Suécia (Anderstop) - Jacques Laffite (Ligier-Matra)
GP da França (Dijon-Prenois) - Mario Andretti (Lotus-Ford)
GP da Inglaterra (Silverstone) - James Hunt (McLaren-Ford)
GP da Alemanha (Nurburgring) - Niki Lauda (Ferrari)
GP da Áustria (
Zeltweg) - Alan Jones (Shadow-Ford)
GP da Holanda (Zandvoort) -
Niki Lauda (Ferrari)
GP da Itália (Monza) - Mario Andretti (Lotus-Ford)

GP dos Estados Unidos (Watkins Glen) - James Hunt (McLaren-Ford)
GP do Canadá (Mosport) - Jody Scheckter (Wolf-Ford)
GP do Japão (Monte Fuji) -
James Hunt (McLaren-Ford)

Clique aqui e veja a página de Niki Lauda na seção "Que Fim Levou?"
ver mais notícias

Selecione a letra para o filtro

ÚLTIMOS CRAQUES