por Marcos Júnior
Em 1975, a Ferrari quebrou um jejum de 11 anos sem conquistar um título de pilotos na Fórmula 1, graças ao casamento perfeito entre o austríaco Niki Lauda e um dos melhores carros construídos pela Ferrari, o 312 T, com motor de 12 cilindros.
Aos 26 anos, Lauda conquistou o primeiro de seus três títulos na categoria vencendo cinco das 14 corridas da temporada, em Mônaco, Bélgica e Suécia (consecutivamente) e também na França e nos Estados Unidos, última etapa do campeonato.
Seu principal adversário ao longo do ano foi justamente aquele que carregava o número um em seu carro, pelo título conquistado no ano anterior: Emerson Fittipaldi, que começou o campeonato na liderança, com a McLaren-Ford, vencendo o GP da Argentina e terminando o GP do Brasil em segundo lugar, fazendo a dobradinha com o compatriota e amigo José Carlos Pace (Brabham-Ford), o Moco, que ganhando sua única corrida na Fórmula 1, em Interlagos.
No final, Lauda terminou o ano de 1975 com 19,5 pontos de vantagem sobre Emerson, e com ampla superioridade sobre seu companheiro na equipe de Maranello, o suíço Clay Regazzoni (Ferrari), apenas o quinto no Mundial, 31,5 pontos atrás.
Outro detalhe sobre Emerson Fittipaldi naquele ano: além do GP da Argentina, ele venceu também a prova inglesa, disputada em Silverstone, sua última vitória na Fórmula 1. Depois, sua melhor posição de chegada na categoria aconteceu em 1978, no GP do Brasil, em Jacarepaguá, ocasião em que terminou na segunda colocação.
A pontuação "quebrada", tem uma explicação: o GP da Áustria, realizado no veloz circuito de Zeltweg, terminou antes do número mínimo de voltas, por isso, cada um dos seis primeiros ficou com metade dos pontos.
E foi justamente na Áustria que outro piloto venceu seu único GP na Fórmula 1, o italiano Vittorio Brambilla, que tão emocionado com o feito, sob intensa chuva, acabou batendo sua March laranja em um guard-rail após receber a bandeira quadriculada.
Além da vitória de Pace e da boa temporada de Emerson, 1975 marcou a estreia da equipe Fittipaldi na elite do automobilismo.
O FD-01, construído no Brasil foi projetado pelo engenheiro Ricardo Divila (a sigla FD é a junção dos nomes Fittipaldi/Divila).
O desenho do carro era bastante moderno, com a parte traseira totalmente carenada, mas a temporada foi difícil para Wilsinho Fittipaldi, que acumulou as funções de piloto e chefe de equipe, a começar pela primeira corrida do carro cinza patrocinado pela Copersucar, que pegou fogo no GP da Argentina, em Buenos Aires.
O alemão Jochen Mass, companheiro de Emerson Fittipaldi na McLaren, também venceu sua única corrida na Fórmula 1 na temporada de 1975, no GP da Espanha, no circuito de Montjuich, quarta etapa do campeonato.
Uma promessa acabou se projetando ainda naquele ano: o inglês James Hunt, com uma ótima performance pela mediana Hesketh-Ford, terminando oito provas na zona de pontuação, e vencendo seu primeiro GP, o da Holanda, em Zandvoort. A temporada de Hunt rendeu o convite da McLaren para pilotor na temporada seguinte, na vaga deixada por Emerson Fittipaldi, que passou a correr por sua própria equipe.
Uma suposição que é bastante comum no meio automobilístico diz respeito a essa troca feita por Emerson. Hunt, na McLaren, acabou sendo o campeão do ano seguinte, feito que poderia, tranquilamente, ter sido alcançado pelo brasileiro, que chegaria, então a seu terceiro Mundial na F1, que o colocaria no mesmo patamar de seus sucessores, Nelson Piquet e Ayrton Senna.

Os vencedores  das provas na temporada de 1975 da Fórmula 1:
GP da Argentina (Buenos Aires) - Emerson Fittipaldi (McLaren-Ford)
GP do Brasil (Interlagos) - José Carlos Pace (Brabham-Ford)
GP da África do Sul (Kyalami) - Jody Schecketer (Tyrrell-Ford)
GP da Espanha (Montjuich) - Jochen Mass (McLaren-Ford)
GP de Mônaco (Monte Carlo) - Niki Lauda (Ferrari)
GP da Bélgica (Nivelles) - Niki Lauda (Ferrari)
GP da Suécia (Anderstop) - Niki Lauda (Ferrari)
GP da Holanda (Zandvoort) - James Hunt (Hesketh-Ford)
GP da França (Le Castellet) - Niki Lauda (Ferrari)
GP da Inglaterra (Silverstone) - Emerson Fittipaldi (McLaren-Ford)
GP da Alemanha (Nurburgring) - Carlos Reutemann (Brabham-Ford)
GP da Áustria (Zeltweg) - Vittorio Brambilla (March-Ford)
GP da Itália (Monza) - Clay Regazzoni (Ferrari)
GP dos Estados Unidos (Watkins Glen) - Niki Lauda (Ferrari)

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