Moscatel

Ex-ponta do Juventus, Prudentina e Linense
por Gustavo Grohmann
 
João Vicente Moscatelli, o Moscatelli, ou Moscatel, ponta-direita do Juventus no início dos anos 50, faceleu em 29 de dezembro de 2015 após árdua luta contra um câncer, aos 84 anos.
 
Nascido em 22 de janeiro de 1931, Moscatel morava em São Paulo, onde era aposentado pelo Banespa, após 26 anos de serviços prestados.
 
Ele se orgulhava quando, já veterano, ainda jogava futebol ocasionalmente:

"Hoje estou muito feliz, pois ainda jogo bola com meus amigos. Sou muito elogiado pelos atletas por desempenhar belas jogadas mesmo sendo um veterano com mais de 75 anos", afirmava Moscatelli.

Moscatelli iniciou a carreira em 1950, jogando pelo Estrela da Saúde, bairro da zona sul de São Paulo. Mas seu primeiro contato com o futebol aconteceu anos antes.
 
"Comecei a jogar com uma bola de meia, lá pelos anos 40, e logo a seguir passei a lidar com uma de capotão", dizia

Sobre as antigas bolas de capotão, Moscatelli guardava lembranças não muito felizes.
 
"A bola possuía um ´bingolím´, de mais ou menso cinco centímetros, para enchermos, que era introduzido para dentro do capotão logo após o enchimento. E tinha uma costura com uma tira de couro para cobrir o ´bingolím´. Já pensou o que acontecia quando esse caroço (formado pela cobertura do ´bingolím´) acertava em cheio a cabeça ou o rosto do jogador" Coitado do atleta daquela época", lamentava o ex-ponta-direita.

Em 1952, Moscatelli foi negociado e passou a atuar na ponta-direita do Juventus da Mooca (SP).
 
Após sair do Moleque Travesso o ex-jogador rodou pelo interior de São Paulo. Passou pela Associação Atlética Cambaraense, Prudentina, Marília Atlético Clube (o MAC), Garça EC, Linense (de Lins - cidade onde cresceu o inesquecível narrador Fiori Giglioti) e Tupã.
 
Ele encerrou a carreira no final de 1960, jogando pelo Batatais FC, onde atuou ao lado de nomes como Esnel (ex-São Paulo), Elias (ex-Vasco), Silva (ex-São Paulo e Flamengo), Amorim (ex-Palmeiras), entre outros.
 

Moscatel deixou esposa, Florisa Moscatelli, dois filhos (Kleber e Kátia) e quatro netos: Eduardo Augusto, Rodrigo e Daniela (filhos de Kátia) e Gabriela (filha de Kleber).

A cerimônia de cremação aconteceu no Crematória da Vila Alpina, zona leste de São Paulo, no mesmo dia de seu óbito.

Em 29 de dezembro de 2015, Milton Neves recebeu a seguinte mensagem de Kleber Smaniotto Moscatelli, filho do ex-jogador:
 
Alguns anos atrás foi divulgado erroneamente o falecimento de meu pai (devido algum boato), cujo equívoco foi contornado rapidamente pelo senhor em divulgação através da Televisão. Hoje, às 00h30 de 29/12/2015, infelizmente meu pai e herói veio a falecer. Depois de uma árdua batalha contra o câncer, foi para os braços de Deus jogar uma “pelada” com os anjos. Como foi divulgado o falecimento naquela época, talvez seja oportuno passar essa informação para o senhor e sua produção. Gostaria, se me permite, contar um fato que poucos sabem e muito me orgulha. O Moscatel, em meados de 1977, foi estudar Educação Física em Ribeirão Preto e logo foi convidado a ser Treinador de Categorias de Base no Clube de Regatas Ribeirão Preto. Nessa época, eu, Kleber Moscatelli, atuava no time desse clube e tive o privilégio de tê-lo como excepcional e perfeccionista técnico de Futebol de Campo. Modéstia a parte, sem qualquer “encobrimento” familiar, eu era titular do time desse clube. Tive como companheiro o atleta Vagner Mancini, hoje técnico que ascendeu o Esporte Clube Vitória (Bahia) à Série A do Campeonato Brasileiro em 2016. O histórico do Vagner Mancini é muito conhecido, desde o título de campeão da Copa Libertadores da América em 1995 como jogador, até Campeão da Copa do Brasil pelo Paulista em 2005, atuando como técnico desse time. Enfim, conto tudo isso para passar o sentimento que meu pai, o Moscatel, foi o primeiro técnico de futebol desse jogador de muito sucesso, cuja carreira foi continuada como treinador muito promissor. Acredito que meu pai teve um influência muito positiva na carreira do Vagner Mancini. Infelizmente tentei inúmeras vezes contato com o Vagner enquanto meu pai estava vivo, mas foi impossível. Gostaria de ter ouvido algum relato ou depoimento do Vagner com relação ao início no futebol. Tenho certeza que mencionaria o Moscatel, meu pai, como um técnico que deve ter plantado muitas informações positivas que ajudaram a formar o competente Vagner. Desculpe-me pelo extenso texto, mas precisava passar essas informações preciosas para você, que conhece ABSOLUTAMENTE TUDO sobre o futebol e esportes em geral. Agradeço muito o seu tempo e espero que continue abrilhantando o mundo inteiro com seus comentários fantásticos. Um grande abraço, de um filho que tem muito orgulho do pai.
 
Kleber Smaniotto Moscatelli
 
A seguir, a mensagem enviada em 2011 por  Flávio Araújo, radialista e jornalista.
 
SOBRE MOSCATEL
O maravilhoso trabalho feito por Milton Neves e sua valorosa equipe exibem à sociedade uma das realidades do futebol brasileiro: a grande quantidade e a excelência de valores que sempre se exibiram em nossos gramados. Muitos até desconhecidos do grande público.
 
Se hoje os futebolistas do Brasil ganham os holofotes de todo o Planeta ocupando espaços nos mais diversos países, isso não significa que no passado não tínhamos também uma extensa relação de que poderia fazer sucesso em qualquer parte. E como conhecedor do futebol do interior de São Paulo e do Brasil posso dar esse testemunho.
 
Vi e narrei jogos de muitos valores que não tiveram abertos os caminhos para formar em seleções, porém, qualidade para isso esbanjavam aos olhos de todos. Razão porque continuo defendendo a continuidade dos certames regionais pelo país afora. Bons jogadores sempre existirão e não apenas nos grandes clubes. Assim foi Moscatel, razão destas linhas e cuja carreira a seção "Que fim levou?? deste site mostra tão bem.
 
Um ponteiro velocíssimo, ponta-ponta, daqueles que fintavam para a frente provando que a reta é a menor distância entre dois pontos. Incrível que os ponteiros estejam sendo ressuscitados no futebol lá longe, na Europa e não aqui no Brasil. Coisas das táticas e idiossincrasias dos técnicos. Narrei partidas em que Moscatel atuou em meus anos verdolengos ao microfone das emissoras de Presidente Prudente onde comecei.
Moscatel surgiu vindo de São Paulo e formou na Prudentina, de minha cidade, logo após a chegada do ano de 1954 e dele lembro ainda o estilo. Narrei do mesmo até gol em derby, Prudentina x Corintinha, o que para a cidade era a consagração. Depois o vi novamente na equipe do Garça, para onde foram alguns dos melhores valores da Prudentina de seu tempo, como Paraguaio e Altamiro.
 
Lembram-se do Euler, aquele que foi chamado de "o filho do vento" e que vindo de Minas teve brilhante participação em equipes paulistas? Lembrava muito o Moscatel. Atualmente, para que vocês possam comparar, há um outro jogador também no mesmo estilo, Basílio, que tem tido atuação importante por todo lado onde passa. Este ano foi campeão goiano pelo Itumbiara. Lembra Moscatel até na ausência dos cabelos. Será a velocidade que os arranca?
 
Por Flávio Araújo
 
Flávio Araújo, radialista e jornalista do passado, mas ainda na ativa. Mantém aos domingos a coluna "EM CIMA DA BOLA" na página 2 do caderno de esportes (VENCER) do AGORA/SP além de outras publicações. Viu e narrou partidas de muitos atletas que a seção "QUE FIM LEVOU?" deste site eterniza na memória do imenso público que ama o futebol. Em verdade, também ele faz parte (com orgulho) desta seção.
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