Mário, goleiro

Ex-goleiro do São Paulo

Mário de Oliveira, o Mário, faleceu em 1998, aos 74 anos, em Porto Alegre. Ele foi goleiro do São Paulo entre 1948 e 1952, sendo bicampeão paulista em 1948 e 1949.

Nascido em Jaguarão-RS, fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai em 10 de abril de 1923, notabilizou-se por sua grande elasticidade e acabou por ser considerado, à época, como o criador da "ponte".

Seu primeiro jogo foi no dia 21 de março de 1948, na derrota por 3 a 1 frente ao Taubaté, no campo do Burro da Central.
 
Foi casado com a senhora Clori, com quem teve duas filhas: Carmen Silvia, residente em Porto Alegre e Carmen Lúcia, que mora em Florianópolis. Também deixou um sobrinho, Alberto Markzack Oliveira, da cidade de Torres-RS.
 
Dona Clori, com quem Mário ? que fora servente de pedreiro em Jaguarão - se casou em Pelotas, lhe ensinou a desenhar o próprio nome ? assim pelo menos dava seus autógrafos ? pois era analfabeto e permaneceu nessa condição até o fim de sua vida, aos 74 anos, em 1998.
 
Assim que Mário aposentou-se no Juventus e como pagava aluguel em São Paulo, Alberto insistiu junto a ele para que viesse residir com seu irmão Joaquim Dionísio.
Sugestão acatada, com a esposa Dona Clori e a filha Carmen Sílvia, logo se mudaram para Porto Alegrel, enquanto a outra filha Carmen Lúcia, casada, permaneceu em São Paulo.

por Marcos Júnior
/ colaboração de José Alberto de Souza e informações do Almanaque do São Paulo, de Alexandre da Costa.


Em 24 de março de 2010, recebemos o e-mail de José Alberto de Souza, sobre o goleiro Mário de Oliveira, com um belo relato do ex-jogador do São Paulo
De: José Alberto de Souza [mailto:joalso37@gmail.com]
Enviada em: quarta-feira, 24 de março de 2010 19:21
Assunto: Goleiro Mário, bicampeão paulista 1948/49 - sugestão para Que Fim Levou?

TRAJETÓRIA DE UM ASTRO

Por José Alberto de Souza
Coloco no Google ? Mário goleiro do São Paulo ? e me aparece um comentário, assinado por Alberto Oliveira, sobre o texto Goleiros de São Paulo, de Luizinho Trocate, inserido na página São Paulo Minha Cidade: "Pois é, tu falaste em quase todos goleiros do são paulo, faltou o mário, início da década de 50! não por que fosse meu tio, foi melhor do que muitos, e o poy era reserva dele... Jogou no time dos grandes da época... e o arrogante do leônidas, virou tecnico e "queimou" o cara... Abraços?. (sic).

Com o endereço eletrônico de Alberto Oliveira, apresento ao mesmo a minha disposição de pesquisar sobre a carreira do conterrâneo Mário Patão, como era conhecido em sua terra natal, que se consagrou defendendo a meta do São Paulo Futebol Clube, da capital paulista. Anteriormente, já tinha ficado sabendo da dificuldade do pesquisador de Jaguarão, José Nunes Orcelli, autor do livro Os 103 Anos do Futebol Jaguarense, em recolher dados acerca desse grande goleiro, de vez que na cidade quase nada se sabia da sua história. Assim, esse sobrinho do Mário vem de nos desvendar a sua trajetória até chegar ao tricolor paulistano. O nosso falado Patão (calçava 44) iniciou a sua carreira aos 16 anos de idade, lá pelos idos de 1940, treinando no Mauá F.C., logo após se integrando no quadro do Jaguarão F.C.. A seguir, transferiu-se para o Esporte Clube Pelotas, da cidade do mesmo nome, onde foram buscá-lo emissários do São Paulo Futebol Clube para assinar contrato.

Dª. Clori, com quem Mário ? que fora servente de pedreiro em Jaguarão - se casou em Pelotas, é que lhe ensinou a desenhar o próprio nome ? assim pelo menos dava seus autógrafos ? pois era analfabeto e permaneceria nessa condição até o fim de sua vida, aos 74 anos, em 1998, quando veio a falecer. Essa senhora foi a companheira fiel e grande motivadora para que Mário superasse os percalços que surgiriam após a sua saída do São Paulo devido a desavenças com Leônidas da Silva, quando este passou a técnico e mais tarde dirigente dessa agremiação.

Assim, o nosso conterrâneo viu-se forçado a peregrinar por vários clubes do interior paulista, entre eles o Comercial de Ribeirão Preto. Logo depois se vê obrigado a parar, quando sofre uma lesão que quase lhe custa a amputação da perna direita, não fosse o empenho e a persistência de salvá-la a qualquer custo da abnegada Dª. Clori.
Em 1970, Alberto Oliveira vai visitá-lo em São Paulo e encontra-o trabalhando de porteiro no Juventus, da Rua Javari, muito benquisto no bairro e sempre lembrado em todas as festas do São Paulo.

Pouco tempo depois falece, aos 93 anos, a mãe de Mário, Dª. Idalina Barbosa de Oliveira, que morava em Porto Alegre junto com seu filho mais velho, Joaquim Dionísio Oliveira, o qual cuidou dela durante toda sua vida.

Joaquim Dionísio, chegou a servir no Exército quando moço, perseguindo a coluna Prestes até a fronteira com a Bolívia, enquanto isso em Jaguarão Dª. Idalina cuidava dos filhos menores, João da Cruz (pai de Alberto) e Mário. Ela sempre buscava o rancho ? direito adquirido como genitora de militar em combate ? que lhe era fornecido pelo Regimento local.

Assim que Mário aposentou-se no Juventus e como pagava aluguel em São Paulo, Alberto insistiu junto a ele para que viesse residir com aquele seu irmão. Sugestão acatada, com a esposa Dª. Clori e a filha Carmen Sílvia, logo se mudam para a nossa Capital, enquanto a outra filha Carmen Lúcia, casada, permanece em São Paulo.



Desta forma foram surgindo as primeiras pistas para a ampliação dessa nossa pesquisa. Alberto Oliveira indica-nos o período entre 1948 e 1953 como a época em que Mário atuou naquele clube paulistano. E assim temos facilitado o nosso trabalho de acesso na Internet, onde descobrimos, através do SPFC pedia ? Equipes Postadas Ano a Ano, fotos de 1948/49 (bicampeão paulista), 1950 e 1952 (vice-campeão paulista), com as diferentes formações da equipe são-paulina nessa época, sendo Mário o titular da meta tricolor. Já em 1951, figura Poy como goleiro e Leônidas da Silva como técnico.
Também contatamos Edu Pucurull, um dos veteranos fundadores do Mauá F.C., de Jaguarão, que se lembrava de Patão treinando nessa equipe como atacante sem grandes brilhos e que num recreativo colocaram-no embaixo das traves, quando então se revelou, apesar de não assumir a titularidade, cujo dono da posição era Oscar Emygdio Garcia.

Entrevistamos ainda Alcides Carlos de Moraes, arqueiro da seleção gaúcha de futebol em 1941, hoje com 93 anos e residindo no Rio de Janeiro. Alcides falou-nos que Mário, recém saído do Jaguarão E.C., foi o seu sucessor na meta do E.C. Pelotas em 1942, quando dependurou as chuteiras para assumir o seu cargo na Mesa de Rendas do Estado.

Em SPFCpedia, encontramos a galeria dos 100 Jogadores Mais Importantes do São Paulo Futebol Clube, dos quais apenas constam oito goleiros, a saber: Gilmar, King, Mário, Poy, Rogério Ceni, Sérgio, Valdir Peres e Zetti. Considerando que poderiam ser formadas nove equipes de 11 jogadores com o total de atletas figurantes dessa mostra histórica, deduzimos que teríamos de improvisar mais um goleiro entre outros não especialistas da posição. Desse modo, demonstra-se cabalmente a importância do nosso conterrâneo Mário Oliveira como baluarte da agremiação são-paulina.

É bem verdade que atualmente Rogério Ceni, sem sombra de dúvida, representa o jogador símbolo do tricolor do Morumbi, sob o peso de mais de 700 jogos disputados em 19 anos de carreira, e ainda permanece fresca, na memória das novas gerações a lembrança de Zetti e Valdir Peres, de inegável experiência internacional. Porém, a poeira do tempo vai jogando no ostracismo do grande público a recordação daqueles que marcaram a sua época.

Permitimo-nos, portanto, percorrer aquela galeria para escolher alguns de seus integrantes que atuaram em outras posições no quadro do São Paulo F.C. e ai desfilam nomes como Bauer, Friaça, Leônidas, Mauro, Noronha, Ponce de Leon, Remo, Rui, Teixeirinha, Alfredo Ramos, Maurinho, Pé-de-Valsa e Poy, quer dizer, todos eles contemporâneos e companheiros do Mário no tempo em que este defendia as cores do tricolor paulistano. Um verdadeiro time dos sonhos que conquistou o bicampeonato paulista em 1949, comandados pelo renomado treinador Vicente Feola que conduziu o Brasil, em 1958, a conquista da sua primeira Copa do Mundo.

Recomendo a todos jaguarenses e simpatizantes da nossa terra para que conheçam e procurem acessar o link http://www.blogdozanquetta.com/?p=4204 a fim de darem uma força a esse injustiçado conterrâneo na votação que ali se processa para apontar o melhor goleiro da história do São Paulo e que se consagre Mário Oliveira com destaque mais expressivo nesse pleito. Afinal, continua sendo um dos nossos mais lídimos orgulhos.

por José Alberto de Souza

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Pelo São Paulo

Atuou em 108 jogos, com 69 vitórias, 17 empates e 22 derrotas.
Fonte: Almanaque do São Paulo, de Alexandre da Costa.

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